Esta semana completo um ano em Paris. Parece que foi ontem que eu vim aqui, na minha coluna, contar que estava de mudança e de onde surgiu esse sonho. Em um dos primeiros textos que publiquei quando cheguei, compartilhei um episódio muito particular que vivi pouco antes da minha vinda.
Vocês já devem ter percebido que sou daquelas pessoas — talvez bobas — que acredita nas pequenas magias da vida, nos pequenos milagres. E, sem dúvida, esse acontecimento foi um deles. Para quem não leu o texto em questão, depois de ter decidido me mudar para Paris, ainda muito emotiva e de certa forma insegura, abri um dos meus livros favoritos, que não lia há anos, e encontrei, sem querer, uma foto minha, ainda criança, em Paris, guardada dentro dele. Aquela foto foi a confirmação que eu precisava de que tinha feito a escolha certa, não só por mim, mas pela mini Julia da foto.
Uma das frases do livro, que me guiou, também se comprovou verdadeira nesse um ano aqui: “Nenhum coração jamais sofreu quando foi em busca de seus sonhos.”
Morar em Paris é o sonho que sonhei com meu pai desde que eu era aquela mini Julia. O sonho que eu sonhei antes de conhecer os medos, as inseguranças e as incertezas que vamos adquirindo ao longo da vida. O sonho que pensei ter deixado de lado quando perdi meu pai. Mas também o sonho que passei a sonhar junto com tantas pessoas que amo e que se fizeram presentes todos os dias desde então.
Um ano atrás, quando estava prestes a embarcar no avião para o capítulo mais lindo da minha vida, minhas melhores amigas me enviaram um documento com mensagens de algumas das pessoas mais importantes para mim, me trazendo mais uma certeza. Dessa vez, não necessariamente a certeza de que eu estava certa em ir, mas a certeza de que eu tinha exatamente para onde — e para quem — voltar.
Olhar para tudo que vivi nesse ano é sentir um orgulho imenso do que fiz por mim mesma. É olhar para esse ano e saber que ele foi meu. É ter a certeza de que fiz tudo que estava ao meu alcance para fazer esse sonho valer a pena.
É ter a certeza de que a vida pode ser muito bonita depois da dor, de que nada é tão bonito quanto realizar um sonho, e de que nada é mais incrível do que saber que construímos nossa história exatamente como queríamos até aqui. Fiel a quem sou, e mais importante ainda, fiel a tudo que minha família me ensinou para que eu pudesse seguir os caminhos que desejava.
Esses dias, minha mãe me mandou a foto de um texto que minha avó escreveu, onde ela dizia que o maior ensinamento que minha bisavó deixou para ela era: “Amar, ter paciência e fazer o bem para todos.” Acho que essas são realmente algumas das virtudes que sempre tive dentro de casa. Amar MUITO: nossa vida, nossa casa, nossas oportunidades e, principalmente, quem compartilha a caminhada conosco. Ter paciência: também com a vida, com o tempo das coisas, com o trabalho e com quem pensa diferente de nós. Acho que fazer o bem para todos é consequência de quem ama e tem paciência.
Estou longe de saber o que me aguarda nos próximos capítulos, mas queria contar para a Julia de um ano atrás que o capítulo parisiense, em especial, seria um milhão de vezes mais incrível do que tudo que ela já havia imaginado.
Paris definitivamente me mudou para sempre.
Fotos: Arquivo pessoal