Em uma conversa exclusiva, mergulhamos no universo das DNVBs (Digital Native Vertical Brands), marcas que nascem diretamente no meio digital, com Felipe Siqueira, CEO e Cofundador da The Growth Brands.
Nascido em Cataguases, Minas Gerais, Felipe fundou a The Growth Brands, um grupo que investe e impulsiona marcas voltadas ao consumo, como moda, tecnologia e bem-estar. Com um histórico impressionante, ele liderou a Oficina Reserva, uma marca do Grupo Reserva incorporada recentemente pelo Grupo Arezzo, antes de fundar sua segunda DNVB, a The Growth Brands.
Hoje, a Growth colabora com cinco marcas, sendo elas: Camys, de roupas femininas que unem conforto, matérias-primas nobres e moda; iQ, DNVB de roupas de ciclismo com design, sofisticação e matérias-primas com alta tecnologia; Undo for Tomorrow, de tênis sustentáveis e ultraconfortáveis, fundada no Brasil e sediada na Europa; Rabbit, fábrica de produtos Phygital, fundada por Thiago Freire; e Wave, de bem-estar sexual feminino, fundada por Joanna Gazinelli.
Ele compartilhou um pouquinho da sua trajetória profissional com o GLMRM, falou sobre a Oficina Reserva, a fundação da Growth, processos com as marcas, entre outras dicas que todos os empreendedores precisam saber. Confira!
Como foi estar à frente da Oficina Reserva e o que você traz consigo até hoje de aprendizado dessa fase? Como a Oficina Reserva influenciou ou o que agregou na fundação da The Growth Brands?
Fundar uma marca do zero exige um grande esforço e aprendizado. Focamos sempre no cliente, criando algo que ele realmente desejava e não tinha acesso. Inicialmente, eu e o Gabriel Zandomênico criamos uma marca de roupas básicas e sofisticadas no Brasil, que depois se tornou um movimento global. Com a parceria da Reserva e seus sócios, ganhamos aliados no crescimento da marca.
Aprendi muito com todos na Reserva, especialmente com Rony Meisler, que foi um grande amigo e mentor. A experiência digital desde 2015 foi crucial, e durante a pandemia, apesar de todo momento difícil, por sermos nativos digitais, vimos um crescimento nas vendas online. Em 2020, a Reserva foi adquirida pelo Grupo Arezzo, o Gabriel permaneceu como CEO e cofundador e eu saí em janeiro de 2021 com uma grande bagagem.
Posteriormente, novas oportunidades surgiram com duas marcas incríveis: iQ, fundada por Igor Quintela e Sandro Lucas, uma marca sofisticada de roupas de ciclismo, e CAMYS, fundada por Luísa Morato, sendo uma marca de conforto fashion feminina incrível. Ajudamos essas marcas com nosso conhecimento e capital, possibilitando um crescimento acima da média do mercado.
Fundamos a The Growth Brands em 2022, junto com Augusto Caldas, expert em M&A e advogado, e Tulio Landin, que foi CEO da Tracking Field e hoje é co-CEO da Dengo Chocolates, levantando sete milhões e meio de investimento com Friends and Family. Compramos participação na Undo for Tomorrow, uma marca de tênis com 70% das vendas na Europa, fundada por Patrick Dohmann, brasileiro que vive por lá, e que hoje tem o Gabriel Medina como um dos sócios, e desenvolvemos outras duas marcas: Wave, fundada por Joanna Gazinelli, de bem-estar sexual feminino, e Rabbit, fundada por Thiago Freire, de tecnologia com produtos físicos e digitais. Criamos também um laboratório de tecnologia com a ION para desenvolver soluções tecnológicas para o varejo.
O que te faz acreditar nas marcas que hoje compõem o portfólio da The Growth Brands? Quais os critérios básicos para uma marca entrar no time?
Resumindo, como é que a gente ajuda uma marca? Focamos em algumas frentes principais: branding awareness e performance, que envolvem tanto a construção da marca quanto a performance de vendas em todos os canais distribuidores. Analisamos o marketing como uma ferramenta de performance, não apenas de marca.
Também enfatizamos o customer-centric e customer experience, cuidando da experiência do cliente em toda a sua jornada com a marca, desde o primeiro contato por um influenciador até a compra no site ou na loja física. Além disso, prestamos muita atenção às operações e finanças, abrangendo logística, distribuição, entrega, aspectos legais e uso eficiente dos recursos. O objetivo é aplicar o dinheiro no melhor lugar para promover o crescimento, sempre com uma abordagem omnichannel, observando todos os canais de distribuição, sejam lojas físicas próprias, franquias ou plataformas digitais.
Compartilhamos muito conhecimento entre os empreendedores, aproveitando as diferentes experiências e estágios de cada um para promover uma troca enriquecedora.
O principal critério para escolher uma marca é que ela tenha sócios incríveis, pessoas que fazem as coisas pelos motivos certos e com autenticidade. Buscamos marcas com um propósito forte e verdadeiro, que promovam um ambiente familiar e respeitoso. Além disso, olhamos para o potencial de crescimento no mercado endereçável e a competência do produto. A análise envolve a autenticidade da marca, o mercado potencial, a qualidade do produto e a força do time para sustentar o crescimento.
Qual é o seu conselho para quem está começando a empreender? Existem riscos que valem a pena correr?
Como mencionei no início, tirar um negócio do zero é um grande desafio. Antes da Oficina existir, ela simplesmente não fazia parte do mundo. Esse é o principal risco: investir tempo, dinheiro, esforço e até sacrificar momentos com amigos para criar algo do zero. Empreender exige correr esse tipo de risco. Para nós, isso já faz parte da nossa vida, já criamos outros negócios, mas é uma realidade que todo empreendedor deve enfrentar.
É essencial ter coragem para abandonar outras coisas e tomar decisões difíceis. Muitas vezes, é preciso dizer muitos “nãos” para poder dar um “sim” a um empreendimento em crescimento.
Existe um segredo para o crescimento dessas marcas?
O segredo para o crescimento, na minha opinião, é entender que ele envolve a alocação de recursos ao longo do tempo. Como o Bruno Nardon, fundador do G4 e um dos maiores entendidos de Growth no país, diz: “Growth é alocação de recursos no tempo”. Isso significa saber onde e como investir, e entender os resultados que esses investimentos podem trazer.
Não adianta ter dinheiro se você não sabe onde e como investir. Por isso, medimos tudo e mantemos os KPIs à mão para tomar as melhores decisões de crescimento. Crescer de forma sustentável é possível, tanto com recursos próprios quanto com a ajuda de pessoas experientes. O segredo é a correta alocação de recursos, baseada em dados e métricas claras.
O que você diria para o Felipe de 10 anos atrás?
Eu já fiz muita coisa ao longo da minha vida, já fui DJ, já montei minha própria marca, já fiz de tudo. Mas eu não me arrependo de nada, então eu acho que o caminho foi o caminho que tinha que ter sido, então eu tenho muita paz com isso, muita tranquilidade com isso.
Hoje, qual é o seu maior objetivo pessoal?
Meu maior objetivo pessoal é a criação de algo grandioso, mas, muito mais do que tamanho, é sobre grandiosidade, sobre de fato impactar o ecossistema que a gente vive, impactar a sociedade que a gente vive de forma positiva, gerar conhecimento e educação para as pessoas, para que a gente tenha um país melhor e mostrar isso para o mundo também.
É bom mostrar que a gente é foda e exportar coisas que não são só minério de ferro, que não são apenas commodities produzidas no país, exportar a nossa arte, a nossa cultura, a nossa roupa é um valor muito grandioso aqui para nós e criar algo grandioso, que as pessoas se orgulhem de trabalhar na Growth. Este ano também será de muitas novidades incríveis, de proporção nacionais e internacionais!