São Paulo acaba de ganhar uma bandeira hoteleira inovadora no coração de seu centro financeiro. Inaugurado em abril, o Pulso Hotel eleva o patamar da cultura no ambiente da hotelaria contemporânea.
Com projeto de arquitetura e interiores do Studio Arthur Casas, gastronomia do Grupo Charlô, peças de mobiliário de design assinado e diferentes sets de obras de arte em cada suíte, o hotel foi estruturado a partir de uma curadoria de curadores de diferentes áreas culturais, inovação proposta pelo CEO do Pulso Hotel, Otavio Suriani.
O executivo selecionou profissionais de referência em arte e música para criar não só os espaços, mas uma programação que transforma o hotel em um destino atraente tanto para visitantes quanto para os paulistanos. A seguir, Otavio Suriani e Arthur Casas contam um pouco mais sobre o que esperar dessa nova experiência em hotelaria.
OTÁVIO SURIANI
O que o lançamento de um hotel como o PULSO traz de novidade para a cidade de São Paulo?
Décadas atrás, os hotéis eram sinônimo de encontros sociais e culturais. Com o tempo, foram se fechando para o exterior e perdendo esse alcance e sua identidade, tornando-se muitas vezes parecidos entre si. O Pulso tem como objetivo reviver e aprimorar o papel da hospitalidade como parte da vida cultural das cidades, focando na interação entre dinâmicas cosmopolitas e produção artística de alto nível.
Mais do que uma hospedagem, o Pulso nasce como um destino interessante e uma experiência imersiva não apenas para os hóspedes, mas para todos os paulistanos e também turistas brasileiros e estrangeiros que visitam a cidade. Aqui, nosso objetivo é trazer o melhor da cidade para dentro do hotel, colocando em convivência as Artes, o Design, a Música e a Gastronomia, através de uma marca de luxo 5 estrelas – sofisticada, porém jovem e vibrante, com um diálogo único, refletindo a cultura da cidade.
Acredito que o luxo contemporâneo está muito mais relacionado a proporcionar experiências inesquecíveis do que à ostentação.
Sabemos que um dos diferenciais do PULSO é trazer uma curadoria de curadores. Conte um pouco mais sobre isso.
Um dos principais objetivos da marca foi reunir uma equipe de profissionais e curadores para imprimir, tanto nos espaços quanto na programação do hotel, o melhor da produção paulistana em arquitetura e design, gastronomia, coquetelaria, artes plásticas, música e espetáculos. Esta escolha do time de especialistas foi um vislumbre nosso de como conceber, nessa combinação de competências, a oportunidade de fazer o hotel ganhar vida própria.
Tanto a edificação quanto os interiores de todos os espaços do hotel, incluindo as suítes, são de autoria do Studio Arthur Casas, uma das principais referências em design do país. No quesito Gastronomia, escolhemos o restaurateur Charlô Whately – sinônimo de bom gosto e tradição paulistana – para comandar o restaurante principal do hotel, que passa a ser o endereço do Bistrô Charlô. Charlô comanda ainda a segunda unidade do Cha Cha, marca que combina as funções de café, boulangerie, rotisserie e empório, e que em breve será inaugurado.
O acervo de mais de 300 obras de arte – fotografias, gravuras, desenhos e pinturas para figurar tanto nas áreas sociais quanto nas suítes – tem a curadoria de Guilherme Wisnik, arquiteto, ensaísta, crítico e professor livre-docente da FAU-USP. O mais interessante é que cada quarto teve uma seleção especialmente pensada, fazendo com que a experiência dos hóspedes seja diferente a cada visita.
Dentre as obras, a de maior destaque é a site-specific “Mácula” (2023), de Nuno Ramos. Um extenso painel de 30 metros que se configura como o elemento mais marcante ao adentrar o Pulso, e criado exclusivamente para o Hotel. Para completar a vida boêmia e noturna, Gabriel Santana – único bartender a vencer duas etapas do aclamado World Class da Diageo – desenvolveu a carta de drinks do Bar Sarau, local reservado para apreciar boa música, drinks autorais e comidinhas em um ambiente intimista e aconchegante.
Nas noites de terça-feira, o Bar Sarau também recebe o projeto Estúdio Pulso, programação especial de talentos contemporâneos da música brasileira sob curadoria do cantor e compositor paulistano Romulo Fróes. Já às quintas, sextas e sábados, o local se converte em bar de audição a partir da seleção de preciosidades do DJ especialista na cena eletrônica e também paulistano Vitor Kurc.
Quais são os planos futuros para a marca PULSO?
Estamos finalizando todos os contratos para o desenvolvimento e definindo os parceiros para o próximo PULSO em São Paulo. Espera-se que esteja pronto no segundo semestre de 2027, e ele deverá ser localizado do outro lado da Avenida Brigadeiro Faria Lima, não muito longe da primeira unidade.
ARTHUR CASAS
Você já trabalhou no design de muitos hotéis. Como as lições que você aprendeu influenciaram neste projeto para o PULSO?
O que torna este diferente? Cada hotel tem sua característica, seu DNA. No caso do Pulso, tínhamos uma página em branco. Nosso ponto de partida foi entender que o que o hóspede procura e o que o faz retornar é, em primeiro lugar, o serviço, e em segundo, a arquitetura e o design de interiores. Procuramos não criar ambientes impessoais, mas um segundo lar. Não é fácil chegar a esse resultado quando se trata de um hotel, pois envolve questões operacionais… mas acho que atingimos nosso objetivo. Estou curioso para ouvir o feedback dos hóspedes!
O Pulso é uma rara oportunidade de criação – “uma página em branco”, como mencionado. Como você enxerga a oportunidade de projetar um hotel, e, conjuntamente, colaborar na criação da marca?
Acho que criar uma marca de hotel é um trabalho em conjunto que envolve o esforço e talento de muitos, inclusive do proprietário e do arquiteto. Nos dias de hoje, tem muito sentido relacionar hotelaria com Real Estate, pois podem ser complementares; o hotel Pulso valoriza o empreendimento imobiliário do Praça Henrique Monteiro, onde está inserido, e o empreendimento viabiliza o hotel.
A identidade visual que unifica todos os projetos assinados por nós do Studio Arthur Casas – arquitetura, design de interiores, unidades de apartamentos, hotel Pulso, restaurantes – acaba sendo um dos pontos fortes do empreendimento Praça Henrique Monteiro como um todo. Trata-se de um dos únicos destinos de São Paulo inteiramente concebido pelo mesmo escritório, o que confere unidade de linguagem e uma importante otimização dos espaços, articulados com inteligência e garantia de segurança e privacidade.
Sem dúvidas o Pulso vai ter vida própria, e a marca irá chancelar novos empreendimentos.
Conte mais sobre como é projetar um empreendimento em todas as suas escalas, ainda mais considerando que o Praça Henrique Monteiro é o seu próximo lar.
Não estou apenas mudando de casa, mas mudando o estilo de vida. É o imóvel ideal para os próximos 30 anos. É fundamental para o meu trabalho poder projetar o core e o shell. Aprendi a gostar de desenhar tanto o edifício quanto a cadeira, não sei trabalhar de outra forma. Quando consigo concluir um trabalho com satisfação, há ali uma harmonia que certamente é reconhecida por quem usa aquele espaço.
Quais partes do projeto foram mais divertidas para você conceber e projetar?
Eu sempre penso no projeto a partir dos percursos, os caminhos que as pessoas farão para ir de um ponto ao outro. Gosto de provocar sensações, mas confesso que sempre procuro me valer da natureza, do elemento vegetal. Ele traz conforto, harmonia, bem-estar. Talvez a parte mais divertida seja a relação do lobby do hotel com a boulangerie e o restaurante. Imagino que ali possa ser um lugar de encontros, de permanência. Também adorei a ideia de última hora de acrescentar um pequeno bar com música ao vivo no projeto e arte de boa qualidade no jardim interno. Estamos falando de arte, gastronomia, música e encontros no mesmo espaço.
Quais são os maiores destaques no quesito mobiliário e decoração no projeto?
O mobiliário foi especialmente selecionado para compor os ambientes, incluindo o “garimpo” de peças raras e antigas em antiquários e na feira do Bixiga, que emprestam personalidade aos quartos e permitem uma vivência única a cada hospedagem. Temos alguns móveis que eu mesmo desenhei, como as mesas de centro Tiles, Amorfa e Rectangular, a mesa Xamã, o banco Maleiro e as luminárias Grampo e Belly. Dentre nomes clássicos do design, escolhemos as Poltronas Paraty, de Sérgio Rodrigues; Ondine, de Zalszupin; Astúrias, de Carlos Motta; e Reversível, Martin Eisler.