‘Filósofo de Wall Street’, best-seller Ryan Holiday ensina a ter sucesso: ‘Desacelerar é arma secreta dos que avançam’

Foto: Dawson Carroll

Em um mundo acelerado em que as respostas são sempre para ontem, os prazos praticamente impossíveis e é preciso perseguir o sucesso o tempo todo, não é de se admirar que os números de gente com ansiedade, depressão e síndrome de burnout estejam explodindo. É para essas pessoas que Ryan Holiday escreve – e ele sabe do que está falando, já que antes de se tornar um autor best-seller, também pagou seus pecados no mundo corporativo.

Segundo Holiday, um americano de 35 anos, desacelerar é a arma secreta daqueles que avançam. “Grandes líderes evitam distrações, têm insights e alcançam a felicidade por meio da quietude”, diz. E isso, para ele, está muito ligado à autonomia. “Vejo pessoas muito bem-sucedidas, mas que não têm nenhuma liberdade na vida porque o sucesso invade quem elas deveriam ser”, afirma.

“Para mim, sucesso tem a ver com controlar o seu dia, o que requer certa liberdade financeira, claro, mas está relacionado, principalmente, com tomar as próprias decisões, viver a vida do jeito que você quer e estar no controle de sua carreira”.

Holiday sabe bem o que é assumir o comando da trajetória profissional. Largou a faculdade de ciências políticas e escrita criativa na Universidade da Califórnia, aos 19 anos, para trabalhar com seu mentor Robert Greene, autor dos bestsellers “As 48 Leis do Poder” e “As Leis da Natureza Humana”. Depois, foi diretor de marketing da varejista American Apparel e, como tal, sua principal missão era ficar de olho na opinião pública e no que saía na mídia. A intenção era divulgar apenas as mensagens favoráveis à marca. Uma carreira de sucesso, muitos dirão. Pois ele decidiu largar tudo para escrever.

Lançado em 2012, seu primeiro livro, “Acredite, Estou Mentindo”, é baseado em sua experiência na American Apparel e revela algumas das táticas utilizadas por ele para manipular as mídias. O objetivo? Fazer as pessoas abrirem os olhos para não serem manipuladas.

ESCRITO NAS ESTRELAS

Em 2014, Holiday resolveu se debruçar nos ensinamentos dos estoicos, uma das correntes filosóficas mais influentes da antiguidade, cuja principal característica é o pensamento de que o cosmos é regido por uma harmonia que determina todos os acontecimentos. Um dos pilares do estoicismo é conseguir viver bem e ser feliz em um mundo imprevisível, em que parte do que acontece está totalmente fora de nosso controle.

Além disso, Holiday completa seus textos com um pouco de psicologia comportamental e de neurociência, que, de certa forma, remetem ao estoicismo, pois analisam como as pessoas lidam com as paixões e as emoções em busca do bem-estar. Ou seja, questões típicas da vida moderna.

A primeira publicação nessa linha foi “O Obstáculo É o Caminho”, que foi traduzido para 17 idiomas e conquistou donos de startups e o pessoal de Wall Street, e é venerado por técnicos de futebol e celebridades da TV. Nesse livro, o escritor mostra como o estoicismo influenciou a trajetória de líderes políticos e empresariais, como George Washington, Thomas Edison, Barack Obama e Steve Jobs. De acordo com ele, é normal colocar a culpa nos chefes, na economia e nos políticos, nos vendo como fracassados ou considerando nossos objetivos impossíveis de alcançar quando, na verdade, apenas uma coisa está errada: nossas atitudes e abordagens.

Holiday costuma dizer que o estoicismo pode ajudar em diversas fases da vida, principalmente naquelas em que tudo sai do planejado. Um bom exemplo é o que aconteceu na pandemia, que despertou em muitas pessoas um novo olhar para o trabalho, com mais equilíbrio entre carreira e vida pessoal, e mais ênfase ao propósito que deve estar por trás de tudo. A filosofia, explica, fornece ferramentas para enfrentar problemas como esse e enfatiza a importância de ser uma pessoa boa e equilibrada. De maneira prática, se o que você faz está destruindo algo, a recomendação dos estoicos é mudar a rota, já que reclamar ou colocar a culpa nos outros está totalmente fora de cogitação.

Texto por Caroline Marino

A matéria completa está na nova edição da Revista Poder

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