Desde 4 de janeiro, a série documental ‘3 x Ártico – O Alerta do Gelo’, conduzida pelo repórter Ernesto Paglia, está disponível no Globoplay. Pela terceira vez, Paglia viaja à Groenlândia para mostrar os impactos do aquecimento global em uma aldeia Inuit, alertando sobre a importância do uso responsável dos recursos naturais. A série, dividida em três episódios e dirigida por Henrique Picarelli, conta com a reportagem de Paglia e Marco Antônio Gonçalves, roteiro de Picarelli e Caio Cavechini, direção de produção de Clarissa Cavalcanti, produção de Ana Pessoa e trilha sonora de Marion Lemonnier.
Em uma entrevista exclusiva com o Glamurama, Ernesto Paglia discute os efeitos das mudanças climáticas sob a perspectiva dos moradores locais, destacando os impactos globais do aquecimento, inclusive em regiões como as praias do nordeste brasileiro.
O que mais te impactou nesta nova viagem para a Groenlândia?
Em primeiro lugar, o encanto, a força e a beleza da natureza. É sempre aquela sensação de natureza intocada, de lugar tão remoto que pode ser preservado pelo próprio isolamento aparente que enxergamos. E, ao mesmo tempo, a questão de que esse isolamento é um pouco enganoso porque esses lugares tão remotos estão totalmente integrados com o resto do planeta… E é aí que vemos que o nível da água do mar que está erodindo as praias do Recife e de Olinda é impactado pelo derretimento das geleiras da Groenlândia onde nós estivemos, por exemplo. Então vemos que não poderiam ser lugares mais diferentes, mais distantes e mais contrastantes, mas também que tudo está ligado e que a gente mora num planeta que busca um equilíbrio.
Qual a principal mensagem que a série pretende passar para a audiência?
Mostrar que tudo o que fazemos impacta no meio ambiente – e somos muitos, mais de 7 bilhões, estamos por toda parte e as consequências chegam através da nossa influência, através da nossa pegada no planeta. O jeito que a gente se alimenta, se desloca, consome. Não estou dizendo para deixarem de comer carne; eu adoro um bom bife, um bom churrasco. Nem que a gente pare de viajar de avião, de automóvel e comece a viajar a pé. Mas que são atividades que têm um impacto tremendo sobre o meio ambiente e eu só quero que a gente preste atenção e que não ache que o planeta serve de lar e que seja infinito porque ele não é. Não quero que a gente se engane achando que pode fazer o que bem entender em cima dessa Terra e que isso não terá consequências. Terá sim e já está acontecendo; já estamos vivendo essas consequências, já estamos sendo afetados por elas: as ondas de calor que têm atingindo o Brasil. Soube que o inverno europeu teve temperaturas de 23 graus, em Málaga na Espanha – mesmo sendo próximo do continente africano, é muito quente. O Planeta é indestrutível e continuará existindo, mas pode ser que deixe de ser um lugar agradável para a espécie humana viver.
O Ártico está aquecendo mais depressa que o resto do planeta e a série mostra como a população da Groenlândia convive com os efeitos do aquecimento global. E o que acontece atualmente por lá trará consequências para todo planeta. O que podemos aprender com a situação dos moradores da Groenlândia?
Hoje, o povo Inuits vive uma mudança de temperatura média três vezes mais intensa do que o resto do planeta. Então eles são os nossos olhos, enxergam antes o que viveremos em um futuro próximo – atualmente sofrem mais do que o restante da população, mas o resto do mundo será afetado daqui alguns anos com o derretimento das geleiras milenares da Groenlândia. E aí estaremos pagando pelo desequilíbrio, pelo uso irresponsável dos recursos naturais. Então é nisso que precisamos prestar mais atenção e tomar consciência: nossa alimentação e o modo de preparo dos alimentos, nossos deslocamentos e o tipo de combustível que usamos, entre outros fatores vão impactar no ambiente que temos para viver no planeta Terra. E, como não temos um plano B ou, como dizem, um Planeta B, é melhor a gente cuidar melhor da nossa casa, né?
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