Morto em 2016, vítima de problemas cardíacos e de um fígado gorduroso, George Michael passou seus últimos anos abusando de álcool, maconha e de uma das drogas ilícitas favoritas dos gays em todo o mundo e, inclusive, em franca expansão no Brasil: o GHB, sigla em inglês para “Gamma-hydroxybutyrate”, ou Ácido gama-hidroxibutírico.
Conhecido também como “ecstasy líquido” ou “droga do estupro”, uma vez que é usado por criminosos sexuais para deixar suas vítimas inconscientes rapidamente, o GHB é comercializado em forma líquida, geralmente em frascos de tamanho parecido com os de acetona, e é misturado preferencialmente com bebidas não alcoólicas e em pequenas quantidades por seus usuários, a fim de se atingir uma sensação fora do comum de euforia quase que imediata e aumentar o desejo sexual de forma intensa.
Por essa última reação, aliás, que o intérprete de “Careless Whisper” o usava nas orgias que frequentava na região de Hampstead Heath, em Londres, um famoso point de encontros ao ar livre nem sempre frequentável mais ao norte da capital da Inglaterra, chamado simplesmente de Heath.
E tudo isso de acordo com James Gavin, autor de uma nova biografia sobre o músico britânico que chegará às livrarias do hemisfério norte no próximo dia 28, publicada pela editora americana Abrams Press, do gigante de mídia francês La Martinière Groupe. Intitulada “George Michael: A Life” (“George Michael: Uma Vida”, em tradução livre), a obra deverá tratar desde os primórdios do ex-integrante da dupla pop Wham!, que formou entre 1981 e 1986 com Andrew Ridgeley, ao seu fim trágico, aos 53 anos, em decorrência de doenças potencialmente causadas por suas adicções.
Segundo o que apurou Gavin, o músico britânico costumava acordar todos os dias no meio da tarde, logo acendia um baseado atrás do outro e pouco se alimentava, e nas noites partia para o Heath em busca de drogas e à procura de alguma festa de “chemsex”, a palavra inglesa formada a partir da soma de “chemical” (“químico”) e “sex” (“sexo”) para definir os encontros sexuais de duas ou mais pessoas nos quais a única proibição é ficar sóbrio (“sexo químico”, numa tradução literal).
Era nessas ocasiões que Michael mais usava o perigosíssimo GHB, chamado pelos brasileiros de “Gi”, conforme a pronúncia em inglês da letra G de sua sigla, ou “Gisele”. Gavin dedica um capítulo inteiro do livro à substância, cuja diferença entre a dose recreacional e a fatal pode ser mínima e varia de pessoa pra pessoa.
Ainda conforme Gavin, que em parte pretende usar seus escritos para alertar a todos sobre os danos causados pelo GHB, apesar de seu enorme sucesso e inúmeros marcos de carreira, como os 120 milhões de discos que vendeu, Michael sofria de uma insegurança que em nada combinava com suas conquistas e tinha uma dificuldade particular de lidar com a rejeição.
Isso piorou ainda mais depois que o lendário popstar foi encontrado, em 1998, “encharcado de suor e com as pupilas dilatadas feito um gato no escuro”, como escreveu o autor do desde já aguardado “George Michael: A Life”, fazendo sexo com outro homem em um banheiro público de Beverly Hills, na Califórnia, o que o levou à prisão e o obrigou a revelar sua homossexualidade.