Dentro e fora das pistas: a carreira de sucesso de Felipe Giaffone no automobilismo 

Existem muitas figuras de suma importância no mundo do automobilismo, dentre elas as que desempenham diversas funções que fazem esse esporte acontecer e são essenciais para que esse mundo gire, desde o piloto até o marshall que fica na pista. 

foto Reprodução IG cbmm_oficial e felipegiaffone

Felipe Giaffone é um deles. Multifunções e multitarefas, sempre aceitando novos desafios e enriquecendo a todos ao seu redor, com seu vasto conhecimento no mundo do esporte a motor, sendo desde piloto até comentarista.    

Durante a entrevista, uma das perguntas realizadas foi: de que maneira é possível conciliar todas as atividades no dia a dia, de piloto, comentarista, comissário, pai, entre tantas outras?

“O que eu mais gosto, que eu estou sempre fazendo no meu dia a dia, é estar sempre envolvido com corrida. Passando por tudo que você comentou, eu acho que tenho bastante sorte de sempre trabalhar com aquilo que eu gosto. Mas tem o lado que também não é fácil, de estar sempre ausente, apesar que durante a semana eu tento sempre ficar com a família, finais de semana quando dá também, mas normalmente eu estou viajando ou trabalhando, ocupado”, contou Felipe.

Época da Indy

Giaffone correu na IndyCar por nove temporadas e fez uma carreira brilhante na categoria, com muitas conquistas e marcos, mas o caminho não foi fácil até chegar lá. Só os pilotos sabem verdadeiramente por quais dificuldades e desafios tiveram de passar, antes de chegar ao tão almejado destino final. 

Em 1996 começou a correr na Indy Light, voltou em 1998 com uma nova equipe, na qual correu até os anos 2000, onde ganhou uma corrida e se classificou em quarto lugar no campeonato. 

Na minha época na Indy, tive uma carreira de altos e baixos, aí, até chegar na Indy foi muito complicado porque eu fiz três anos de Indy Light ganhando muito pouco. Isso porque eu tinha um patrocínio na época que era a Hollywood, mas as equipes boas (na época eram Tasman e Dorricott) eles não podiam levar a Hollywood, uma era  Marlboro e outra não aceitava cigarro. Então sempre, na melhor das hipóteses, eu tinha terceira ou quarta equipe, mas a Hollywood sabia disso“.

Altos e baixos

O surgimento de uma nova oportunidade com a proposta da IRL (Indy Racing League), onde o piloto brasileiro teve bons feitos e dois anos foram muito bem aproveitados. Com uma sexta colocação no campeonato logo no seu primeiro ano, depois como quarto colocado e uma vitória. Em 2003, aconteceu o acidente, um momento delicado que acabou balançando bastante a carreira“, como o próprio Felipe definiu.  

 

Naquele mesmo ano os cigarros não podiam mais patrocinar automobilismo então eu perdi a Hollywood, e aí fiz mais alguns anos em equipes pequenas e cometi alguns erros, como decisões de aceitar a primeira proposta de uma equipe não tão boa, mas enfim… Acho que olhando pra trás foi muito bacana. Consegui ficar 10 anos lá fora vivendo disso, que era o meu sonho. Por mim poderia ter ficado mais uns 3 ou 4 anos pelo menos.  Mas, realmente, no finalzinho o carro era ruim e eu já não tinha mais prazer em guiar o carro e acabei desistindo, voltando mesmo e nem pensando em voltar mais pros Estados Unidos“.  

 

Tal pai tal filho 

Em uma família que respira automobilismo, não seria diferente com o filho mais velho. 

Acompanhando o Nicolas, eu vou te falar que eu não imaginava, não sei, mas por algum motivo, achei que ele ia ficar pelo Brasil, tentar correr por aqui e depois da F4 a gente decidiu ir pros Estados Unidos.disse o pai de Nicolas, Felipe Giaffone. 

 Grande passo que tornou um sonho possível

Nicolas Giaffone iniciou na F4 brasileira em 2022, ano de estreia da categoria e a partir de então colecionou pódios. Era um ano de aprendizado, de entender o carro, um equipamento completamente novo e de buscar aprendizado, deu certo. Muito humildemente ele entendeu o seu objetivo nesse primeiro momento e seguiu para o próximo passo, sua primeira temporada nos Estados Unidos na USF2000 pela DEForce Racing. O resultado disso foi o melhor possível, campeão, já em seu primeiro ano.  

Mas Felipe contou que o papo foi sem rodeios antes disso: Assunto bem direto: se você for campeão, você ganha o dinheiro pra correr o segundo ano, senão a gente volta pro Brasil. Vamos tentar correr aqui, faculdade, trabalho e tudo bem. De repente ele foi lá, foi campeão e ganhou essa chance, ele entrou na faculdade e de 500 vagas ele entrou em terceiro e agora vai ter que trancar por seis meses, porque vai morar nos Estados Unidos a partir de fevereiro“.  

 

Ao longo dessa temporada foram seis vitórias, 11 pódios e cinco pole positions em 16 corridas. Com isso, o piloto de apenas 19 anos conseguiu um prêmio, mais que merecido, de US$ 241.890. Seguindo os passos do pai, seu objetivo é continuar trabalhando para chegar no seu destino final, o sonho de qualquer piloto, a Indy, o campeonato de monoposto mais importante e conhecido da América. 

Os dois lados 

O lado de um pai, que se orgulha e sempre busca apoiar seu filho, não importa o que aconteça, mas existe também a outra vertente, de quem sabe muito bem quais são os perrengues que um piloto passa e tudo o que ele tem que sacrificar para conseguir ao menos uma chance de mostrar o talento que tem.

Por um lado é muito gratificante e por outro eu sei que a vida vai ser cada ano mais difícil, ganhar não é sempre que vai acontecer, e o que mais pega é conseguir apoio, patrocinador. É sempre uma luta conseguir dinheiro para continuar correndo“.    

 

Sobre a temporada de F1 de 2023 

Após todo Grande Prêmio de Fórmula 1, já é praxe ver no perfil das redes sociais de Felipe um vídeo com uma análise da corrida. Então ele contou um pouco, de uma forma mais breve, a sua análise da temporada de 2023 de F1. 

 

Primeiro a gente teve um campeonato em que o Verstappen dominou de cabo a rabo, a Red Bull obviamente estava na frente, mas eu acho que foi um conjunto de acertos da Red Bull, entender o que ele precisava e ele conseguir uma vantagem muito grande em cima do companheiro de equipe e sobrar realmente. Acho que casou tudo, um bom carro, muita sorte também, quando choveu deu tudo certo pra ele, estratégias de box sempre certas, perdeu posições no grid quando dava pra ultrapassar, foi o ano dele“.

Mercedes, McLaren e Ferrari 

Não tem como falar dessa temporada de 2023 e não citar essas equipes, que fizeram parte dessa trajetória e entregaram muito entretenimento durante o ano. 

Mas o que me chamou mais atenção foi a briga pela segunda equipe (no campeonato de construtores), a gente teve uma Mercedes como vice campeã, que no final das contas estava muito ruim. Um carro que eles mesmos já falaram que vai ficar pra história, como um dos piores, e mesmo assim eles ficaram em segundo no campeonato“.

 

E teve a surpresa da McLaren, que foi muito legal. Eles que começaram com uma das piores equipes e de repente teve uma reviravolta com Norris e Piastri. Aliás, o Piastri andando muito bem. Fazendo frente ali, às vezes, com o Norris. A Ferrari nessa briga e com a saída do Binotto, parou de fazer aquelas trapalhadas que fizeram antes. Ainda um carro melhor de classificação do que de corridas, mas achei que tiveram boas provas. E o Sainz, que foi o único piloto não Red Bull, que chegou a vencer uma prova no ano“.

 

Não podemos nos esquecer do Alonso

O espanhol que roubou os holofotes nesta temporada, entregou muito mais do que todos esperavam dele. Muito além, ele ainda conquistou a marca de 100 pódios na categoria.  

Foi logo de cara, e pudemos ver o quão competitiva estava essa briga pela segunda colocação no campeonato de construtores. Começou o ano com um pódio super inesperado e terminou o ano muito ruim, a Aston Martin de repente teve uma reviravolta, ele casou muito bem com o carro e voltou a ser aquele Alonso de antigamente

Como não se lembrar do Alonso de antigamente? Aquele que não levava desaforo pra casa e muito menos engolia sapo, de ninguém. 

Apesar de não ter uma corrida específica como a sua favorita no ano, Felipe relembrou momentos históricos, que realmente mostram o quão complicado e complexo é ajustar um carro de F1, em uma condição perfeita. “Então tem que tirar o chapéu esse ano pra Red Bull com o Max Verstappen“, completou ele.    

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