Ainda tem dúvidas sobre o dress code corporativo no pós-pandemia? Gloria Kalil dá a letra

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Muito se especulou sobre de que forma a pandemia, que paralisou o planeta por mais de um ano, impactaria o comportamento do ser humano. O isolamento forçado, o medo da doença, as mortes incontáveis… um evento como esse haveria de promover fortes mudanças no dia a dia de todos, inclusive, no universo corporativo. Só que, na prática, não foi isso o que aconteceu.

Adaptações, como o tão falado home office e o esquema híbrido de trabalho, foram feitas por algumas empresas que encontraram benefícios nesses formatos. Outras decidiram flexibilizar o dress code, com foco no conforto de seus funcionários que estavam voltando ao trabalho presencial.

“Foram mudanças mínimas”, diz Gloria Kalil. A consultora de moda, que entende do traçado já que mergulhou nas grandes corporações para escrever seu livro “Chic Profissional”, em que pontua questões como dress code e comportamento, chama a atenção para isso: no período pós-pandêmico as coisas voltaram a ser como eram na pré-pandemia.

“A gente sempre acha que depois de grandes crises as pessoas vão mudar, os comportamentos serão afetados. Na prática não é bem assim. A verdade é que não aconteceram mudanças muito relevantes no pós-pandemia. Durante, sim, mas foram obrigatórias. O mundo inteiro teve que se adequar àquela realidade premente, se adaptando como podia para dar continuidade à vida das pessoas e também às atividades econômicas. Hoje, as coisas voltaram ao que eram antes da pandemia”, explica a consultora, que aproveita para contar uma história que presenciou.

“Lembro de uma advogada com quem conversei quando fiz o ‘Chic Profissional’. Ela trabalha em um grande escritório de seguros, com regras rígidas de vestimenta. As funcionárias eram obrigadas a trabalhar maquiadas, de preferência de saia e de salto alto. Falei com ela recentemente e perguntei se algo havia mudado depois da pandemia. Ela me disse que sim, que agora elas podiam trabalhar de salto baixo. Precisou de dois anos de pandemia para conseguir essa pequena mudança.”

Ou seja, segundo Gloria, os códigos corporativos permaneceram basicamente os mesmos, especialmente em áreas mais formais, como mercado financeiro e escritórios de advocacia. A máxima de que o que vestimos afeta não apenas como as outras pessoas nos veem, mas também como nos vemos, ainda impera. E, existe um motivo para isso.

“Mais do que nunca, as empresas precisam ter clareza absoluta do que são, qual o core, o propósito e o perfil do cliente. Os mercados estão extremamente nichados. Com quem você está falando? Isso tem que ser definido antes do dress code e de outros códigos. O vestuário, assim como o discurso da empresa, deve estar em sintonia com seu propósito e com o público que pretende atingir.”

Gloria ressalta que as empresas ligadas à internet ou que lidam com o público de maneira informal, mantêm códigos mais relaxados, e não é de hoje.

“Já nasceram assim, são mais moderninhas e não têm esse protocolo”, e emenda: “Advogados, universo financeiro, todos têm que seguir um dress code definido. E se você pensar faz sentido, faz com que empresa e cliente estejam em sintonia e se sintam à vontade. Por exemplo, se você vai ao médico e, quando chega ao consultório, ele o atende de bermuda e regata. Pode ser um ótimo médico, mas vai causar uma estranheza que dificultará a confiança que você tem nele. Esses são os códigos e cada nicho tem que encontrar o que melhor funciona para seus propósitos”.

*A reportagem completa está na edição de setembro da revista PODER, em breve nas bancas.

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