A mulher mais poderosa do mundo vai deixar daqui a alguns dias o cargo que ocupou por 16 anos: Angela Merkel, chanceler da Alemanha, o país que impulsiona a economia da Europa, confirmou nesse domingo que sairá no próximo dia 26 de setembro do Palácio de Reichstag, onde funciona a sede do governo alemão. Merkel, de 67 anos, durante quase duas décadas teve nas mãos alguns dos maiores problemas da atualidade para resolver – da crise dos refugiados do velho continente, a maior desde a Segunda Guerra Mundial, até as negociações sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, apenas para citar os mais discutidos pela mídia e, claro, sem deixar de lado a pandemia de Covid-19.
Muitos homens tremem só de pensar em tamanha responsabilidade, porém Merkel continua levando sua vida normalmente mesmo está pertinho da aposentadoria política, e encontra tempo até para fazer atividades comuns do dia a dia, como preparar o café da manhã para o marido, o professor de química quântica Joachim Sauer, e assistir a jogos de futebol pela televisão, principalmente quando os alemães estão em campo. Tudo indica que sua rotina pós-poder não deverá mudar muito nesse sentido.
1. O estilo rígido de Merkel é a marca registrada dela e também uma de suas características que mais agradam os alemães, que a chamam pelo apelido “Mutti”, que quer dizer ‘mamãe’ em português.
2. Merkel não costuma tomar decisões facilmente. Aliás, a aversão dela ao risco vem de longa data. Aos nove anos, durante uma aula de natação, ela certa vez ficou parada por mais de 45 minutos sobre um trampolim até finalmente decidir mergulhar, minutos antes do fim da aula.
3. Formada em Física e com doutorado em Química Quântica, Merkel é analítica ao extremo, o que explica a dificuldade em tomar decisões rápidas. Muita gente, no entanto, atribui o sucesso dela na política a essa característica.
4. Foi por pouco que ela quase se tornou uma espiã. No fim dos anos 1970, Merkel se candidatou para uma vaga de assistente de professora em uma escola de engenharia da Alemanha, e durante o processo seletivo acabou sendo convidada para trabalhar na Stasi, a polícia secreta da ex Alemanha Oriental. Ela recusou a oferta, alegando ser muito desajeitada. Se tivesse aceitado, dificilmente teria futuro na política, já que o passado como espiã da polêmica organização seria um grande problema.
5. Merkel também já teve seus momentos de baixo astral. Após se divorciar do primeiro marido, em 1982, ela foi morar em condições precárias em um apartamento ilegal no centro de Berlim. Em seu aniversário de 30 anos, ela recebeu a visita do pai, um pastor luterano, e ouviu dele que não tinha vencido na vida.
6. Extremamente disciplinada, Merkel não se dá ao luxo de abrir exceções em sua rotina mesmo em ocasiões especiais. A prova disso é que na noite em que o muro de Berlim foi derrubado, em novembro de 1989, ela visitou uma sauna, como fazia regularmente, depois deu uma volta no quarteirão, bebeu uma cerveja enquanto olhava o movimento nas ruas e foi para casa, já que precisava trabalhar no dia seguinte. A maioria dos alemães passou a noite em claro, celebrando o momento histórico. O mais perto que ela esteve de um momento de farra noturna foi na época da faculdade, quando trabalhava como bartender nas festas disco organizadas pelos estudantes.
7. Além do talento para a política, Merkel também é cozinheira de mão cheia, e expert em bolo de ameixa. Ela também costuma comprar os próprios alimentos em supermercados de bairro, e sempre paga a conta em dinheiro. Ao ex-presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, ela confidenciou certa vez que prepara o café da manhã para o marido todos os dias.
8. Como ninguém é de ferro, Merkel também tem seus medos. Ou cinofobia, no caso dela, que é o medo irracional de cachorros. Em uma visita de estado ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, em 2007, ela foi apresentada à cadela dele, Koni. Putin fez questão de que o momento fosse registrado pelos fotógrafos, e exibiu certo prazer em ver Merkel sem saber como reagir ao canino.
9. Merkel não perde uma partida de futebol na televisão. Vale lembrar que ela veio ao Brasil, em 2014, especialmente para assistir a final da Copa do Mundo, vencida pelos alemães, ocasião em que também protagonizou uma cena inusitada: quando foi cumprimentar os jogadores da seleção alemã no vestiário, ela encontrou o volante Bastian Schweinsteiger totalmente sem roupa. Sem se intimidar, ela agiu normalmente, e depois até tirou fotos com os integrantes da comissão alemã em um vestiário do Maracanã.