Só a Lanvin (me) interessa. No Brasil, a D’Arouche desponta


– São Paulo – Dia desses uma amiga me confessou que já foi duas vezes à loja da Balenciaga, em Paris, experimentou tudo e não conseguiu levar nada. Até mesmo a vendedora concordou que nenhuma das roupa ali dispostas caíram bem nela. Ninguém duvida que Nicolas Ghesquière é revolucionário e um dos estilistas mais influentes. Mas é também verdade que ele em suas últimas coleções não propôs uma moda fácil – são peças para mulheres magras, muito magras. No mesmo hall da fama da Balenciaga, estão Miuccia Prada e Marc Jacobs, gênios consagrados acima de tudo e todos.


Ao escolher um vestido de festa menos óbvio que as três grifes acima, considere Lanvin, por Alber Elbaz. Vai ser uma opção menos lugar comum e mais inteligente. Se comparado com as grandes estrelas, Elbaz não é tão conhecido do grande público, apesar de desfilar em Paris desde 1991. Alber Elbaz, um gordinho que usa gravata borboleta e anda com os pés em V como os palhaços, tem a mão suave e não cria para atrair manchetes nem para revolucionar o mundo. Ele veste mulheres de estilo e personalidade, com roupas que unem o relax às técnicas francesas. Elbaz faz uma moda fácil, chique e precisa. Nesta estação, mais uma vez, o desfile Lanvin foi ovacionado. Elbaz usa as tendências a favor das mulheres e nada em suas roupas é datado. Para o inverno 09 – a temporada de desfiles internacionais acabou no domingo em Paris – ele mostrou vestidos feitos de tiras de tecidos e de fitas, formando plissados horizontais, saias com jaquetas e paletós com barra balonê. No final, recuperando a tradição de Jeanne Lanvin, colocou vestidos na passarela todos rebordados e preciosos. Nada é exagerado: nem o retorno ao passado nem a ansiedade do futuro. A crítica internacional em peso concorda: são roupas para hoje. E são brilhantes.


A moda da recessão (a do momento) é séria. Elbaz não foge disto. Mulheres de olhos pretos, roupas escuras e severas, coque banana (como nos anos 40 e 80). Os looks de um ombro só (como o que Tilda Swinton usou no Oscar) são presença forte no seu inverno 09. Roupas usadas com estolas de pele e acessórios pesados: os grandes colares estão aí, não só na Lanvin como também na Louis Vuitton, que fez uma linda e arquitetônica coleção para o inverno 09. Vejas as fotos da Lanvin aqui e da Vuitton aqui.


Aulinha de Lanvin e de Elbaz


Jeanne Lanvin (1867 – 1946) começou a costurar para a filha, mas logo as mães aristocratas das coleguinhas passaram a encomendar roupas não só para as filhas mas também para elas. Assim, Jeanne expandiu o business e foi a primeira a ter na Maison looks para toda a família: além da infantil, coleções masculinas e femininas. Lanvin é a grife de moda mais antiga ainda em atividade. Jeanne, considerada uma das primeiras minimalistas da história, era apaixonada por azul e por bordados. Depois de sua morte, a grife continuou com a família. Atualmente é de propriedade do magnata do Taiwan Shaw-Lan Wang. Vários estilistas já desenharam para a casa, entre eles Ocimar Versolato, entre 96 e 98.


Alber Elbaz, nasceu em 1961, em Casablanca, Marrocos, mas é cidadão de Israel. Mudou para Nova York para estudar, foi trabalhar numa confecção de vestidos de noiva e depois com Geoffrey Beenne, com quem ele aprendeu tudo. Inclusive a nunca pronunciar a palavra “comercial” e sim “desejável” para qualificar uma peça ou uma coleção. Em 1991, foi para Paris como estilista da Guy Laroche. Em 1998, aceitou o convite para desenhar o prêt-à-porter da Yves St Laurent. A partir de então, YSL passou a cuidar apenas da coleção de alta-costura. Quando Tom Ford assumiu a YSL, apesar do ótimo trabalho de Elbaz, ele foi demitido. Em 2002, entrou na Lanvin.


E no Brasil…


Também no clima moda sem pretensão, agora em versão relax tropical, onde a malharia encontra a seda… a marca D’Arouche, da estilista Carol Gannon e do stylist David Pollack, vai abrir oficialmente uma loja na quinta-feira, 6, na alameda Franca, 1349, esquina com a Bela Cintra. A personalidade da marca ainda está em formação, a coleção de inverno é apenas a segunda, mas já há um estilo. “A gente gosta de cores tranquilas, sóbrias, muito preto”, conta Pollack. Ele diz que quando meninas vestem as peças de seda elas se sentem chiques. “Já as mulheres mais adultas se sentem jovens e roqueiras”. 

Carol trabalhou anos como braço direito de Patricia Field, em Nova York. A estilista é conhecida mundialmente por seu trabalho como figurinista da série Sex and the City. Ela também cuidou do guarda-roupa do filme, que estréia aqui no Brasil em junho. Entre os looks montadíssimos de Sarah Jessica Parker, um vestido de malha preto da D’Arouche, debaixo de um casaco Burberry. O vestido custa R$ 246. “A gente não quer ser estilista e nem revolucionar a moda. Só completar o look e facilitar a vida das mulheres”. Para Jessica Parker já rolou!


Beijos, Ale
Alexandra@filmefashion.com.br

Sair da versão mobile