Que ninguém pense que nos pouco mais de seis anos desde o fechamento definitivo da Colette – o templo de moda mais hypado de Paris no século 20 – que Sarah Andelman, cofundadora da boutique junto com a mãe, Colette Roussaux, e mais alguns investidores, não sofreu tanto quanto seus seguidores mais ferrenhos no autoexílio no qual embarcou com o fim de sua maior criação até hoje.
Acontece que, para a sorte dela, a criatividade sempre acaba se destacando mais do que o choro. Creditado por ter sido justamente a pessoa que tornou a Colette algo perto de uma religião, Andelman, de 40 anos, resolveu sair da toca para causar com o lançamento de uma espécie de manifesto que terá entre 300 e 400 cópias publicadas, cada uma recheada com fotos e desenhos curados pela artista, inclusive alguns do japonês Verdy, o maior nome do universo artsy no momento. Também haverá textos provocativos assinados por celebridades como o estilista Marc Newson e o filósofo Emanuele Coccia.
Nesses escritos, Andelman deverá abordar, do seu jeito e sempre discretamente, sua visão de identidade de gênero, um tópico que durante muito tempo preferiu não tocar. Intitulado “Just An Idea” (“Apenas Uma Ideia”, em tradução literal), a obra está sendo vista pelos mais esperançosos como um sinal de Andelman de que está preparada para novas aventuras, e sobretudo para presentear os órfãos da Colette com um novo “must follow”.