Se você ainda não se deparou com o nome de Gabrielle Gambine por aí, deve ouvir falar dela cada vez com mais frequência. A modelo e atriz trans de apenas 23 anos vem despontando no cenário da moda e já realizou trabalhos para marcas como Farm, Havaianas e MAC, editoriais para publicações como Vogue e Glamour e integrou o elenco de “Verdades Secretas 2”.
A carioca é sobrinha de Roberta Close, modelo e atriz que foi uma das primeiras mulheres trans a ganhar destaque no meio artístico nos anos 1980, mas apesar do orgulho da raiz familiar, afirma que a tia não influenciou em suas decisões de carreira.
“É e sempre será um privilégio imenso ser sobrinha dessa rainha e lenda que é a Roberta, mas ela não teve participação nesse processo específico”, diz.
O processo, no caso, é a vocação para a moda e a desenvoltura na frente das câmeras, que começou a aparecer quando Gabrielle tinha só 18 anos, incentivada por amigos. “Eu me divertia durante o processo criativo e, com o passar do tempo, vi a possibilidade de fazer desta a minha profissão”, lembra.
Gabrielle acaba de lançar sua primeira coleção de moda, intitulada “Not for Casual Babes”, na qual desenvolveu peças “confortáveis, glamurosas e sem gênero, que fossem fáceis de vestir e de combinar”, em parceria com a grife Makai Bikini.
Com isso, espera avançar um pouco mais na representatividade de pessoas trans e travestis no cenário da moda. “Sinto que estamos avançando. Mas ainda existe uma urgência em relação à inclusão de pessoas trans, travestis, negras, indígenas, gordas, com deficiência, entre outras, para naturalizar esses corpos e construir outro imagético acerca do espaço que ocupamos no imaginário da sociedade.”
Para a artista, quando a moda cumpre seu papel, as portas vão se abrindo para que outros possam ter oportunidades. “Espero que futuramente, enfim, nos sintamos realmente introduzidas em todos os espaços que nos foram negados ou usurpados.”
Gabrielle considera fundamental que a intersecção entre arte e a moda mostrem que pessoas trans podem ocupar outros lugares, além de vítimas da violências nas manchetes de jornal. “Quando nós temos apenas um único retrato acerca da nossa história, fica difícil desconstruirmos o imaginário da população.”