Q&A com o artista visual e fotógrafo Marcos Cavallaria

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Natural de São Paulo e com residência em Nova Iorque e Paris, Marcos possui formação em atuação e cinema no renomado Studio Fátima Toledo, chegou a atuar em séries, novelas e filmes, à frente e atrás das câmeras. E neste ambiente encontrou uma maneira de unir tudo que mais amava: a arte de desenhar, luz, atuação, fotografia e filmagem. Aos 23 anos, já tinha a Cavallaria Filmes, foi o precursor da arte de produzir fashion films e criou vídeos icônicos e inovadores para diversas marcas. Na mesma época, fechou parceria com a RED Digital Cinema, empresa americana que fabrica câmeras fotográficas e cinematográficas, sendo nomeado pelo CEO da empresa, Jarred Land, o único brasileiro e um dos 4 embaixadores da marca no mundo, ao lado de nomes como Brad Pitt e Michael Bay, premiado diretor e produtor de cinema americano. Essa parceria lhe permite ser o primeiro profissional a testar novas câmeras e construir equipamentos que dão vazão à sua criatividade e paixão pela luz.

Na carreira, já produziu centenas de filmes e campanhas, sendo muitos deles para a área de moda e beleza, para marcas como: Giorgio Armani, Ralph Lauren, Le Lis Blanc, John John, Avon, Loreal, Natura, Ellus, entre outras. Já fotografou nomes como: Gisele Bündchen, Zac Afron, Kendall Jenner, Matthew McConaughey, Isabeli Fontana, Alessandra Ambrósio, Bruna Marquezine, Anitta,  entre outros; dirigiu clipes de grandes nomes da música como: Iza, Claudia Leitte, NX Zero, Vintage Culture.

Marcos sempre busca uma nova maneira de expressar sua paixão pela arte, com obras que misturam física quântica e fotografia. O TimeFrame e Stardust,  consiste em tornar visível o invisível, a relação entre realidade e dimensão se tornam reais sob efeito óptico captado pelas lentes de Marcos, que foram desenvolvidas a partir de estudos e tecnologia fornecida pela RED DIGITAL e seus cientistas, que são os mesmos da Nasa, e que serão exibidas ao vivo para o público da mostra.

O resultado são imagens incríveis projetadas ao vivo de uma maneira na qual é possível enxergar nos dois conceitos (Stardust e TimeFrame) a visualização do tempo e os fragmentos de luz até então invisíveis a olho nu, que mais se parecem com diamantes flutuantes sob o ar. São os mesmos espectros que os cientistas utilizam para os estudos sobre o universo. Ambos os projetos já foram exibidos em exposições mundiais, como o Burning Man e na Art Basel, em Miami, com a participação da top model Isabeli Fontana.

Atualmente está em exibição na Kura Exposição: “Para Falar de Amor”, com suas obras Stardust, TimeFrame, Hellvean, Venom, HuntingLove, OnlyFans2049 e The_Well_Of_Desires.  O  evento sem fins lucrativos é aberto ao público, em São Paulo.

Em um bate-papo exclusivo com o Glamurama, o artista fala sobre a exposição, seus últimos trabalhos na publicidade e como tudo começou.

 

Como começou essa paixão com  física quântica e fotografia? E quando foi que pensou que podia unir as duas coisas?

Minha jornada na arte foi profundamente moldada por um momento marcante da minha infância, quando me isolei devido ao desenvolvimento do vitiligo. Minha mãe, marchand da arte, reconheceu o meu talento e me apresentou ao universo artístico, onde descobri uma compreensão mais profunda do feminino.

A partir desse momento, minha expressão artística começou a florescer de diversas formas – da pintura à música, da atuação à fotografia e direção de cena.  Foi então que encontrei na física quântica um terreno fértil para explorar as questões que me fascinavam. Os princípios complexos da física quântica se entrelaçaram com as profundezas existenciais que permeiam minha arte, proporcionando-me um novo idioma para expressar as nuances da condição humana. Em cada obra, busco capturar a essência da existência e honrar a fonte de inspiração, conectando o tangível ao intangível.

Você é conhecido por produzir e dirigir diversos filmes no mundo da moda. Como começou nesse universo?

Eu aprendi muito com a Fátima Toledo, atuação, com quem me formei como ator e diretor. A fotografia e a direção, pra mim, são a minha forma de pintar com a luz.

Fiz trabalhos lindos com a Fátima e nesse meio tempo, muitos curtas e longas-metragens, foi quando veio o projeto da Red Digital Cinema, e quando eles entregaram a câmera, fui experimentar na moda, algo que ninguém fazia, imagens de moda em filme. A Vogue se interessou e começou a me chamar, o que foi ótimo porque eu tinha uma produção Highstil fashion para mim.

Quando eu apontei pela primeira vez a câmera para uma modelo, foi um “blow my mind”, era a fusão da minha pintura, direção de cena com a luz. Assim eu comecei a desenvolver o movimento de fashion film.

Como surgiu o projeto Stardust e o Time Frame?

A Red começou a me patrocinar há algum tempo, e eu realizava testes com suas câmeras para divulgar o equipamento. Pedi uma câmera que capturasse o espectros invisíveis, do telescópio James Webb, para registrar como a luz viaja por bilhões de anos e como os astros distorcem essa luz. Quando recebi essa câmera, comecei a explorar filmagens com espectros invisíveis, o que me levou a criar o conceito do Stardust.

Essas explorações se conectaram com a Teoria das Cordas, inspirando-me a criar obras que traduzem a visualização desses conceitos em arte. Um dos projetos aborda a Teoria das Cordas, onde o filme é composto por linhas de luz em formas passando pelos volumes dos corpos, dando uma escala da teoria quântica visível para nossa escala

O “TimeFrame” explora o Tempo, na qual “rackiei” uma RED minha para capturar e projetar o frame capturado ao mesmo tempo, e mesmo sendo um processo de luz, conseguimos ver o tempo passando frame a frame, visualizando o tempo se esvaindo pelo túnel deImagem.

“Stardust” mostra o mundo em realidades paralelas iluminadas por luzes invisíveis. Traduzida pro espectro visível. Ao exibir essas imagens, muitos pensaram que eram resultado de pós-produção, então comecei a fazer instalações pelo mundo para que as pessoas pudessem vivenciar essas realidades diretamente. Para que possam experienciar essa realidade paralela ao vivo.

Você chama a atenção pelos seus projetos. Como está sendo a experiência de levar seu trabalho ao público na exposição da Kura?

Estou muito feliz com a recepção do público! Minhas instalações estão sendo um sucesso, com filas nos pavilhões e sentir a fome por arte nos olhares dos espectadores está sendo muito gratificante. Ontem uma menina pediu a outra em casamento sobre a luz do Stardust de tão emocionada que ela ficou, todos choraram em volta.

Combinei arte e ciência nas instalações, numa atmosfera sensorial, convidando todos a refletirem e experimentarem uma expansão das fronteiras da consciência, realidade e expressão artística.

Pretende levar suas obras para expor em outros lugares? 

Sim, com certeza! Recebi um carinho enorme do público em relação às instalações e ao meu trabalho no Kura. Seria incrível poder levar minhas obras para lugares de arte como Inhotim, Bienal, MIS, MASP e outros espaços, para que ainda mais pessoas possam conhecer e apreciar essa expressão artística.

E a publicidade, como ela é presente na sua carreira? E como concilia as duas coisas, a arte e o comercial? 

A publicidade faz parte da minha carreira; já trabalhei em diversos filmes e campanhas para marcas e personalidades da moda e beleza. Tenho um grande reconhecimento dessas empresas, o que me trouxe valiosas experiências e oportunidades criativas.

Essa vivência no mundo comercial me ajuda a entender melhor as necessidades do mercado, ao mesmo tempo em que me permite manter minha identidade artística e explorar novas formas de expressão. Uso essa bagagem para enriquecer minha arte e gosto de conciliar as duas áreas, sabendo que elas se completam de maneira harmônica.

 

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