As peças pixeladas da coleção de verão da Loewe caíram nas graças da Geração Z e alavancaram a marca ao patamar de mais desejada do segundo trimestre do ano, de acordo com o Lyst Index, pesquisa trimestral que considera comportamento de consumidores, buscas online por produtos, vendas e menções em redes sociais.
Elas seguem o sucesso das botas estranhas e enormes com cara de cartum da MSCHF, verdadeiro fenômeno desde o lançamento no início do ano. Nesta temporada, alguns itens de vestuário mergulharam no digital e emergiram para o mundo real, um grande acerto.
A era digital, nossas vidas online e o mundo criado por inteligência artificial ganham tradução no mundo do vestir, em ideias de hiper-realismo e experimentação com a percepção de realidade. Hiper-realismo, de acordo com o sociólogo francês Jean Baudrillard, é a inabilidade de distinguir a realidade de uma simulação de realidade. Com as fronteiras entre online e offline cada vez mais entrelaçadas em todas as esferas da vida, importa que botas pareçam um desenho animado?
Fotos: Divulgação
Para o diretor criativo da MSCHF, as botas exageradíssimas, que parecem criadas para um personagem de jogo de videogame, são uma forma de libertação das amarras da realidade. Escapismo que caiu tão bem para o público que uma parceria nova com a Crocs acaba de ser lançada – e as botas estranhas ficaram mais estranhas ainda. Porém já nasceram hit e estão nos pés de vários famosos, agora em versão amarela com a cara do chinelo que também não é exatamente bonito.
Fotos: Reprodução/Instagram
A reflexão sobre a revolução digital e inteligência artificial é a conversa do momento e criadores de moda querem um lugar à mesa. Alguns desfiles desta temporada procuraram valorizar o corpo humano, a funcionalidade da roupa, e trafegar na mão oposta – robôs são legais, mas nós humanos ainda estamos aqui.
No entanto, é verdade que não nos vestimos mais para os outros ou para as ruas apenas. Nos vestimos também para as fotos e, nelas, parece haver mais espaço para cruzar os limiares entre mundo real e virtual, além de serem terreno fértil e amplo para que designers, influenciadores e trendsetters joguem suas ideias e elas viralizem. Por mais irreais que sejam.
Mais que uma trend, o hiper-realismo é um novo capítulo. Experiências com o mundo online evoluíram de showrooms virtuais, modelos criadas digitalmente, marcas de roupa para usar no Metaverso para peças cuja intenção é embaralhar o mundo humano com o universo imaginado.