Com o surgimento de novas grifes nos últimos cinco anos, a joalheria de Paris passa por incrível renovação. Rouvenant, marca do século 19 que foi revitalizada pelo grupo Luximpact, e grifes jovens como Viltier, Mazarin, Emmanuel Tarpin e Vever estão reinventando a indústria de joias, concentrada na famosa Place Vendôme – antiga casa de marcas tradicionais como Cartier, Bulgari e Chanel.
Essas novas marcas trazem uma abordagem moderna para um mercado que sempre trabalhou sob preceitos muito tradicionais. Alguns usam pedras reutilizadas, considerando o fato de que materiais preciosos são um recurso limitado. Outros utilizam diamantes criados em laboratórios.
A pandemia possibilitou que tais marcas encontrassem um novo espaço junto aos consumidores, uma vez que ampliou as vendas de e-commerce e através de redes sociais. Instagram e afins, no entanto, são ambientes de concorrência acirradíssima.
Por enquanto, grifes com identidades verdadeiramente artísticas têm levado a melhor. É o caso da Messika, que, além de ser especialista e diamantes, tem foco no design inovador. Em alguns de seus materiais de publicidade, anuncia seus “diamantes disruptivos”. Para se ter uma ideia, a marca passou de R$ 1 bilhão em vendas em 2022, segundo estimativas do banco de investimentos Morgan Stanley.
A renovação do setor na França se deve também a um momento bastante dinâmico no mercado de joias. Estudo da consultoria BCG prevê crescimento de 5 a 7%, observando que os acessórios com pedras preciosas têm grande apelo entre as gerações mais novas, além de serem consideradas bons investimentos por elas.
Ao que tudo indica, as novas grifes preferem manter-se em escala menor, coexistindo com as grandes e clássicas. O designer Emmanuel Tarpin, por exemplo, não pretende aumentar sua operação, e prefere manter seu trabalho como está, em formato boutique com jeito de slow fashion. Sua estrutura menor permite que ele próprio vá a minas de opalas e esmeraldas no México e na Colômbia, a fim de compreender melhor as condições de trabalho, aspectos ambientais e todos os passos do processo a partir da extração da pedra.
Assim, suas peças tornam-se uber exclusivas porque ele produz em torno de 20 joias por ano. O designer considera suas peças obras de arte e acredita que este é um nicho novo dentro da indústria das joias.
A abordagem atual também busca desbancar o preconceito com pedras feitas em laboratório – mostrando-se em sintonia com as ideias de sustentabilidade e ética de consumo das gerações mais novas. Para os fundadores da Mazarin, por exemplo, é preciso espalhar a ideia dos diamantes de laboratório. E estão conseguindo: as vendas de sua linha para noivas com pedras éticas supera a de pedras tradicionais.