Alessandro Michele deixa direção criativa da Gucci: ‘Jornada extraordinária acaba para mim’

Divulgação/Gucci

Os rumores no mundo da moda se confirmaram. Alessandro Michele deixou a direção criativa da Gucci. Em um texto no seu perfil no Instagram, o designer agradeceu pela sua passagem pela grife, que chamou de “minha casa, minha família adotada”.

“Há tempos em que os caminhos se dividem por causa de diferentes pontos de vista que cada um de nós tem. Hoje, uma jornada extraordinária acaba para mim, que durou mais que 20 anos, com uma empresa para a qual dediquei incansavelmente todo meu amor e criatividade”, escreveu Michele.

“Durante todo esse período, a Gucci foi minha casa, minha família adotada. A toda essa família estendida, cada um deles que me apoiou, quero deixar meu mais sincero agradecimento. Junto com eles, desejei, sonhei, imaginei. Sem eles, nada do que eu construí teria sido possível”, continuou.

“A eles, meu mais sincero desejo: que vocês continuem a cultivar seus sonhos, a matéria sutil e intangível que faz a vida valer a pena. Que continuem se alimentando de imagens poéticas e inclusivas, se mantendo fiéis aos seus valores. Que vocês vivam sempre de suas paixões, impulsionadas pelo vento da liberdade.”

Os rumores de saída de Michele foram noticiados pelo site americano WWD, que ouviu fontes de que um pronunciamento seria divulgado quarta-feira (23). A Gucci não teria respondido aos pedidos de comentários da publicação.

Uma fonte que falou sob condição de anonimato disse ao WWD que Michele “foi convidado a iniciar uma forte mudança de design, mas não atendeu ao pedido”. Outra fonte disse que François-Henri Pinault, presidente e CEO da Kering, controladora da Gucci, está olhando para uma mudança de ritmo para a marca estrela do grupo.

Esta não seria a primeira vez que a Pinault abalou uma das principais marcas da Kering. Em novembro passado, em uma jogada surpresa, Pinault demitiu Daniel Lee da Bottega Veneta, apesar do grande desempenho do designer e sucesso de crítica.

Pinault pode estar procurando fazer o mesmo na Gucci, embora o desfile mais recente de Michele para a marca em setembro tenha sido um dos destaques da temporada de primavera de 2023. O estilista enviou uma série de modelos em seus looks andróginos característicos, assim como alguns mais contidos com uma injeção de alfaiataria mais clássica.

A reviravolta veio quando uma divisória foi levantada para mostrar que metade do público estava assistindo exatamente ao mesmo programa – os modelos do desfile eram todos gêmeas idênticos, em uma reflexão pessoal de Michele sobre identidade. Ele revelou após o show que sua mãe era gêmea e por isso sempre sentiu que tinha duas mães.

Reinvenção e influência

Michele foi oficialmente nomeado para o principal papel criativo da Gucci em janeiro de 2015, dois dias depois de se curvar pela primeira vez no final do desfile masculino de outono da marca. Com esse show seminal, ele reinventou a Gucci com uma estética completamente nova, peculiar e andrógina que derrubou a imagem de estilo de vida sofisticada de sua antecessora, Frida Giannini.

O presidente e CEO da Gucci, Marco Bizzarri, escolheu Michele para suceder Giannini, que havia saído uma semana antes e há muito tempo é um forte apoiador do designer. No entanto, outra ouvida fonte pelo site americano, acredita que “a lua de mel com Bizzarri acabou e o relacionamento não é tão forte quanto antes”.

O espírito romântico e fluido de gênero de Michele influenciou uma série de outros designers, e seu mandato na Gucci ajudou a marca a atender a um cliente mais jovem e diversificado, além de impulsionar seus negócios. Após sua nomeação, a Gucci registrou um crescimento superior a 35% por cinco trimestres consecutivos até o primeiro trimestre de 2018, levando Bizzarri a estabelecer uma meta de receita de 10 bilhões de euros para a marca em junho daquele ano.

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