As chances de que a Notre Dame seja restaurada com um “olhar contemporâneo”, como torcem alguns entusiastas do retrofit, ficaram ainda menores nessa semana. É que o Senado da França aprovou na última segunda-feira um parecer segundo o qual o trabalho de reconstrução estimado em mais de € 1 bilhão (R$ 4,4 bilhões) da catedral de 850 anos, que foi quase que totalmente destruída por um incêndio que começou em 15 de abril, deve seguir à risca a planta original da última grande reforma feita por lá, no século 19. A medida, apesar de oficial, ainda não é definitiva e pode, eventualmente, ser revista.
A ideia de certos arquitetos franceses, a maioria deles com escritórios na Rive Gauche de Paris, era tentar fazer do limão uma limonada e usar a tragédia para dar uma renovada na silhueta da Notre Dame, a fim inclusive de usá-la como um exemplo da importância das renovações em situações pós-tragédia. Uma estufa de vidro projetada para a cobertura do monumento religioso e cultural chegou a ser apresentada pelo pessoal do renomado escritório Studio NAB e até agradou a muitos mas, pelo visto, causou narizes torcidos entre os senadores franceses…
Entre os que são a favor de uma versão 2.0 da Notre Dame, um dos mais entusiasmados é Édouard Philippe, o ministro da Cultura no governo de Emmanuel Macron. Já a prefeita da capital francesa Anne Hidalgo, que é tida como revolucionária em vários aspectos, acredita que as mudanças são necessárias mas devem ser feitas com cautela ou até mesmo evitadas em certos casos. De qualquer forma, a “nova Notre Dame” deverá estar pronta a tempo de ser parcialmente reaberta um pouco antes das Olimpíadas de Paris, em 2024, e ao que tudo indica do jeitinho que sempre foi. (Por Anderson Antunes)