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André Ramiro em Tropa de Elite e Malhação / Créditos: Divulgação
André Ramiro em Tropa de Elite e Malhação / Créditos: Divulgação

Ele ganhou o Brasil ao interpretar o Capitão Mathias, nos filmes “Tropa de Elite”, e atualmente está ar em “Malhação: Toda Forma de Amar”, como o professor de história, Celso. André Ramiro fala com orgulho do seu personagem na novela, que busca conscientizar os alunos com base nas diretrizes dos Direitos Humanos. “Sabendo de todo esse movimento de representatividade é muito bom quando um ator negro dá vida ao papel de um educador”. E enquanto “Malhação” não retorna devido a pandemia da COVID-19, André parte para um novo projeto musical com a gravação de seu segundo disco. Sobre a novidade, ele comenta: “Estou começando a planejar as gravações, mas adianto que esse trabalho falará bastante sobre conflitos humanos, a partir de uma ótica espiritual. Quero fazer algo como um filme sonoro, vai ser uma experiência interessante”, diz.

Aos 39 anos, ele também comenta o assunto do momento, a quarentena imposta pelo coronavírus, e como a arte tem ajudado a população neste momento de isolamento: “A arte sempre fez a sua parte, que é entreter, informar e questionar. E quando isso não acontece na televisão, acontece nas ruas, e também na internet. Pobre do país que faz da arte a sua inimiga”, desabafa o artista, que preferiu não responder sobre uma possível “romantização” do BOPE – Batalhão de Operações Policiais Especiais do Rio de Janeiro – por parte da população brasileira depois dos longas que retrataram a rotina destes policiais.

A seguir, confira o bate-papo completo com André Ramiro. (por Jaqueline Cornachioni)

G: O assunto do momento é a COVID-19, como tem visto o trabalho dos governantes em relação ao combate ao coronavírus?
AR: Não concordo. O mundo todo está tomando um caminho, e o nosso governo quer ir contra. Os políticos estão colocando a economia na frente, mas estamos falando de seres humanos, que merecem ser preservados. Não acredito que o Brasil esteja em uma crise tão grande que não consiga garantir dignidade nesse momento em que a sociedade está doente. Se o governo não preservar a própria população, que economia é essa? A questão é essa. A política foi feita para sanar a necessidade do seu povo, nós pagamos impostos, e não é isso que está acontecendo.

G: O que tem feito nesta quarentena? 
AR: Estou cuidando mais da minha saúde, buscando me alimentar melhor, tentando ler, fazer exercícios, trabalhar. E, claro, monitorando bastante a família, mesmo que à distância.

G: O que você acha que vai mudar nos brasileiros depois disso? E em você, como tem refletido sobre esse momento?
AR: Não vai acontecer uma mudança só no Brasil, mas no mundo. Energeticamente falando, essa é a chance de termos mais noção de coletivo e união. Parece que o vírus não veio à toa. Nós não respeitamos nada, nem a nós mesmos, nem a natureza. Uma hora teríamos uma resposta. Somos muito frágeis e pequenos diante do universo.

G: Os artistas têm se mobilizado para entreter a população que está em casa. Acredita que isso aproxima e diminui a resistência em relação à cultura, que vimos nos últimos tempos?
AR: A arte sempre fez a sua parte, que é entreter, informar e questionar. E quando isso não acontece na televisão, acontece nas ruas, e também na internet. Pobre do país que faz da arte a sua inimiga. Infelizmente, quem acha que nunca precisou de um artista é quem mais tem acesso à arte, e escolhe fechar os olhos. É triste, mas faz parte de falta de informação que vivemos e que é apoiada pelo governo.

G: Em “Malhação”, você interpreta o professor de História Celso. Quais são os desafios de interpretar um professor, já que é uma profissão tão injustiçada?
AR: Não é um desafio, mas um prazer interpretar um professor, uma conquista. Sabendo de todo esse movimento de representatividade, é muito bom quando um ator negro dá vida ao papel de um educador. Na TV, a comunidade negra tem conquistado o seu espaço, então talvez o grande desafio seja que isso aconteça na vida real.

Glamurama: O que apareceu primeiro na sua vida: a música ou a atuação?
André Ramiro: A música apareceu primeiro. Desde pequeno eu me inseri no movimento hip hop do Rio de Janeiro, então comecei a ir em batalhas de rimas e tudo foi fluindo naturalmente. É um amor que carrego desde sempre. Tenho muitos ídolos nesse estilo musical, mas me inspiro muito no americano KRS-One. Ele é um cara muito esclarecido no meio musical e nos seus movimentos. E aqui no Brasil existem uma infinidade deles: Racionais MC’s, Planet Hemp, MV Bill. A minha inspiração vem da cultura de rua.

G: O que podemos esperar desse trabalho musical de 2020?
AR: Estou começando a planejar as gravações, mas adianto que ele falará bastante sobre conflitos humanos, a partir de uma ótica espiritual. Quero fazer algo como um filme sonoro, vai ser uma experiência interessante.

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G: E a arte da atuação, como chegou até você?
AR: Eu sempre fui autodidata e as inclinações artísticas começaram quando eu ainda era criança. Não só na música, mas poderia passar horas desenhando. Então a atuação também apareceu em algum momento de maneira natural. Quando surgiu a oportunidade de fazer um filme, que foi “Tropa de Elite”, como o Capitão Mathias, percebi que tinha talento e me encontrei.

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