Milton Nascimento se apresenta neste sábado em São Paulo em show único da turnê “Sementes da Terra”, no Espaço das Américas, e Glamurama aquece os motores para o espetáculo com uma papo com o artista. Um dos maiores cantores brasileiros de todos os tempos, “Bituca” compunha há 40 anos “Maria, Maria”, um patrimônio musical brasileiro que chama a atenção por ser ainda tão relevante nos dias de hoje, já que homenageia a força de uma mulher.
Aos 75 anos, Milton continua encontrando prazer nas coisas simples da vida e em estar perto de seus amigos. Depois de parcerias de sucesso com Tiago Iorc e Criolo, está completamente “aberto para tudo o que vier.” Milton Nascimento é pura paz de espírito e suas palavras provam isso. Na entrevista, ele também divide com Glamurama suas aventuras na Amazônia, onde esteve em fevereiro para participar de um projeto do ator Daniel de Olivera chamado “Homem Lama” – performance em que Daniel se cobre de lama e divulga a ação em mídias sociais. Geralmente as aparições possuem críticas sociais ou relacionadas à natureza -, e o cover dos Beatles que gravou recentemente com Emmerson Nogueira. Ao papo!
Glamurama: Se pudesse reviver um momento de sua carreira, qual seria?
Milton Nascimento: “Sou feliz com tudo que me aconteceu até hoje. O que eu quero mesmo é continuar vivendo coisas novas, seguir cantando, viajando por aí, recebendo os amigos…”
Glamurama: Como carioca, qual a sua opinião sobre a situação atual e futuro do Rio?
Milton Nascimento: “Triste.”
Glamurama: Das muitas cidades em que já viveu, com qual tem uma relação mais especial e por quê?
Milton Nascimento: “Hoje em dia eu moro em Juiz de Fora, então é natural que seja a cidade com a qual eu tenha uma relação mais próxima. Mas nada disso muda minha relação com Três Pontas, Rio, São Paulo e BH, lugares onde também já vivi.”
Glamurama: Como você compara a vida boêmia de sua juventude com a de hoje em dia?
Milton Nascimento: “Os tempos mudaram, né? Mas isso é normal, a gente segue fazendo amigos, isso que importa.”
Glamurama: Você gostaria de ter um público jovem maior?
Milton Nascimento: “Sou muito feliz com todas as coisas que me acontecem, não sou muito de ficar pensando em conquistar público e etc e tal. O lance mesmo é ficar tranquilo.”
Glamurama: Você foi muito estimulado a estudar música quando criança. Você acha que talentos são perdidos por falta de estímulo?
Milton Nascimento: “Minha casa, em Três Pontas, era muito musical. Meus pais, Lilia e Zino, ouviam muita música, de todo tipo, clássica, popular… É claro que isso foi fundamental pra mim. Eu tive muita sorte, pois eles realmente eram demais. Com certeza, isso influencia bastante numa criança.”
Glamurama: Em um show recente você homenageou Anderson Gomes e Marielle Franco… O que sente sobre o ocorrido?
Milton Nascimento: “Muito triste o que aconteceu com eles.”
Glamurama: Você recentemente esteve na Amazônia. Como foi a experiência?
Milton Nascimento: “Em 1991 lancei um disco chamado TXAI, fruto de uma expedição de mais de quarenta dias que fizemos na Amazônia. Tudo começou pelo Acre, na tribo Ashaninka, onde passamos todo tempo, aprendendo, pesquisando e coletando coisas pro projeto. Ali começou minha história na Amazônia, da qual nunca mais me separei. E agora teve mais essa volta maravilhosa que aconteceu por conta de um convite do meu amigo Daniel de Oliveira. Ele me chamou pra participar de um projeto dele que teria que ser gravado na Amazônia, e nós fomos! Foi uma viagem inacreditável.”
Glamurama: Vimos pelo Instagram que você gravou Beatles com Emmerson Nogueira. Do que se trata este projeto?
Milton Nascimento: “O Emmerson [Nogueira] tem um estúdio e mora numa cidade muito próxima de Juiz de Fora, e me chamou para participar do novo projeto dele. E a música que gravamos juntos foi “Here Comes the Sun”.
Glamurama: Como andam os planos de fazer nova parceria com Criolo?
Milton Nascimento: “Acho que ainda este ano ainda a gente deve lançar alguma coisa juntos.” (Por Julia Moura)
Milton Nascimento | Semente da Terra – Espaço das Américas
Data: Sábado (7 de abril)
Início do show: 22h
Censura: 14 anos
Local: Espaço das Américas – Rua Tagipuru, 795 – Barra Funda – São Paulo – SP.
Ingressos: De R$ 140 (setores E, F, G e H) a R$ 280 (setor azul premium).