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Ele tem apenas 26 anos, mas é um dos veteranos da televisão brasileira. Ao longo desses 16 anos, Miguel Rômulo já interpretou de caipira até personagem em novela de época. Mas a Sabrina, Drag Queen de “Verão 90”, é sem dúvida o seu maior desafio: “Qualquer ator se sentiria muito honrado em fazer um personagem forte como esse. A Sabrina me tirou completamente da zona de conforto”, conta Miguel. Entre uma caracterização e outra, ele conversou com Glamurama sobre o despertar do seu lado feminino para dar vida à personagem e revelou: “Agora sei tudo sobre contorno”. (por Jaquelini Cornachioni)

Glamurama: Em “Verão 90” você interpreta uma Drag Queen. Como tem sido essa experiência?
Miguel Rômulo: Incrível. Qualquer ator se sentiria muito honrado em fazer um personagem forte como esse. A Sabrina me tirou completamente da zona de conforto. Para interpretar ela, eu precisei libertar o meu lado feminino. Para mim, isso nunca foi problema. Tenho a cabeça bem aberta.

Glamurama: Como você se preparou para esse papel? Se inspirou em alguém em particular?
Miguel Rômulo: A Sabrina é um personagem muito forte. Se ser gay nos dias de hoje é difícil, imagina ser gay nos anos 1990. A homofobia existe e hoje o ódio e o preconceito vêm de todos os lados, inclusive na internet. É uma luta diária ser gay nesse país. Eu me sinto realizado em poder mostrar na televisão um pouco dessa realidade. A Sabrina se assume e, apesar de tudo, é muito livre. E, quando se monta, é uma diva. É maravilhoso dar vida a ela. Não me inspirei em ninguém em especial. Tento ao máximo me conectar com o meu lado feminino e me soltar: acredito que ser Drag Queen é isso.

Glamurama: Já havia feito algum personagem que te conectasse com esse seu lado feminino?
Miguel Rômulo: Grande como a Sabrina, não. Foi a primeira vez que realmente precisei me concentrar para libertar esse meu lado. É algo muito intenso.

Glamurama: Quais são os cuidados que tem para representar essa personagem?
Miguel Rômulo: Apenas me libertei, sem amarras, sem pressão alguma. Claro que tomo cuidado para representar as drags com muito respeito, mas me soltei.

Glamurama: E como foi se ver como uma Drag Queen no espelho pela primeira vez?
Miguel Rômulo: Para mim, foi mágico. Poucos homens têm esse privilégio, principalmente porque o machismo não abre a cabeça das pessoas para esse universo. É tão legal se ver de uma outra maneira, completamente diferente do que você está acostumado. Explorar figurino, maquiagem. E perceber que ser Drag Queen é arte.

Glamurama: Aprendeu alguma coisa sobre o mundo da beleza?
Miguel Rômulo: Eu sei tudo sobre contorno, mas nunca tentei fazer de fato. Ainda preciso de muito treino para fazer algo realmente bom. Outra coisa difícil é andar de salto. Precisei treinar muito e ainda treino diariamente para fazer isso cada vez melhor. É um processo de evolução.

Glamurama: Por conta da Sabrina, você vem compartilhando várias fotos com maquiagem. Já sofreu algum preconceito por isso?
Miguel Rômulo: Gosto de compartilhar esse tipo de foto para mostrar como é o processo de criação. Até o momento, só recebi comentários positivos e pessoas apoiando. Faço parto de um círculo social muito bom e, até o momento, nada preconceituoso chegou até mim. Mas sei como as coisas são. O preconceito existe.

Glamurama: Você é engajado em algum tipo de militância de apoio ao público LGBT? Com o papel passou a entender ou se interessar mais pelo tema?
Miguel Rômulo: Defendo bastante essa luta. Não posso dizer que sou militante, mas sempre que posso me manifesto a favor. Claro que a Sabrina me fez enxergar essa realidade de outra forma por me colocar mais próximo dela, mas, apesar disso, sempre defendi e vou seguir defendendo.

Glamurama: Qual tipo de personagem você ainda sonha em interpretar?
Miguel Rômulo: Eu já fiz vários personagens na televisão. Desde nordestino e caipira, até novela de época. Na verdade, o importante é eu estar em cena, sempre trabalhando. Não quero fazer um personagem em específico, mas sim ter mais um personagem depois de outro.

Glamurama: Você apareceu pela primeira vez na TV aos 10 anos em “Coração de Estudante”. Tanto tempo depois, qual balanço faz da sua carreira?
Miguel Rômulo: Eu amo pensar nessas coisas porque percebo o quanto sou realizado. Antes de qualquer coisa, sou muito feliz. Quando comecei, eu era um garoto e não tinha tanta noção da responsabilidade dessa profissão, mas sou muito grato pelo caminho que trilhei até aqui e quero continuar.

Glamurama: Desde essa idade você já pensava em ser ator?
Miguel Rômulo: É difícil dizer que eu comecei a trabalhar com essa idade. Nessa época eu levava tudo na brincadeira. Estava ali atuando da forma mais feliz possível e acabei mantendo o interesse nessa área e me apaixonando. Mas eu não tinha muita ideia do que aconteceria aos 10 anos. Só comecei a entender e me aprofundar realmente nisso aos 15. Foi nesse momento que decidi que eu seguiria essa profissão louca, mas muito feliz.

Glamurama: E como você consegue manter a sua vida pessoal tão discreta, mesmo com anos na televisão?
Miguel Rômulo: Eu sempre fui de ficar na minha e acho que esse é o segredo. Tenho as minhas convicções e evito me expor. Por isso, sempre sou aberto para responder tudo o que me perguntam, mas sem ficar falando demais. Nas redes sociais, compartilho o que amo e também tomo muito cuidado. Eu sei que o meu trabalho faz de mim uma figura pública, e eu amo o que faço, mas aprendi a lidar com tudo da maneira mais quieta possível.

Glamurama: Quais são os seus planos profissionais para este ano, além da novela?
Miguel Rômulo: Eu estou focado apenas nisso no momento. A Sabrina é uma personagem muito densa e preciso me concentrar. Depois penso em outros projetos.

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