“Eu sou o último romântico. Não fui eu que me autointitulei assim. Essa canção de 1983 que não posso deixar de cantar é uma parceria minha com o Antonio Cícero, que hoje é um imortal da Academia Brasileira de Letras. De uma certa forma, virou um epíteto pra mim, na carreira e na vida. Se eu for olhar direito, a minha obra, o que ficou, as que todo mundo canta junto, que fazem parte da memória coletiva e afetiva de quem presta atenção e gosta da minha música, e não é pouca gente, são as que tem um conteúdo romântico. No meu cânone, o que caracteriza é a voltagem romântica. Não dá pra ser fake. Não sou tão bom ator”, disse o cantor ao Glamurama.
“Uma canção muito quente”
Pois bem: tudo que Lulu tem feito é provar o que diz. Vai lançar um álbum chamado ‘Lux’, apelido do compositor e cantor. Assumiu seu relacionamento com Clebson Teixeira nas redes sociais antes da data oficial de lançamento do single “Orgulho e Preconceito”, feito em homenagem a ele, faixa descrita por Lulu como “uma revelação, uma canção muito quente, com conteúdo emocional forte” que ele mal terminou de gravar. Parece que tudo foi feito de forma meio arrebatada. Gravou a música no começo desde mês, revelou para o mundo essa paixão 20 dias depois e já a incluiu em um show que fez no Rio – quase um mês antes da data prevista para o lançamento oficial, programado para ser feito no “The Voice” [programa da Globo em que ele é um dos técnicos/ jurados] em meados de agosto, como nos contou o próprio Lulu.
“Quebrou a internet, viralizou geral”
E esse sentimento continua fervilhando e dando frutos. Acaba de sair do forno outra música sobre esse amor – e sobre o fato do casal ter “quebrado a internet” com a revelação. Que julho foi esse, hein, Lulu? Sobre a repercussão de ter assumido o rapaz, o astro pop diz na letra: “O nosso amor virou notícia. Ganhou a capa do jornal. Depois quebrou a internet, viralizou geral. A gente ficou assistindo, sem conseguir acreditar que interessa a tantas vidas a nossa particular. A maior parte só deu força. Chegou pra se regozijar numa torrente de amor exemplar. A outra parte, você sabe, é bem mais rudimentar. Inveja é mesmo uma merda. Não conseguimos lidar”. Para escutar, play aqui embaixo:
“Vocês não sabem o que está por vir”
Sobre o álbum: “Vocês não sabem o que está por vir. Estou fazendo o disco aos poucos porque hoje o álbum é a última coisa que você faz. Mudou a forma de se consumir e oferecer música. Hoje a gente pensa primeiro em faixas”. E por falar no assunto, ele não tem ressentimentos sobre os novos rumos da indústria fonográfica, não. “Acho que tem um oferecimento de música como nunca teve antes. Podemos pensar em deflação porque tem uma oferta de produto muito grande e música ficou muito barata. Antes para comprar um álbum era bem mais caro. Cultura popular é sociologia, é ditada pela forma que as pessoas estão vivendo, se relacionando com a vida e com a tecnologia. Todo mundo tem streaming. Eu tenho. Pago um dinheiro por mês e posso baixar tudo que eu quiser. Já estou completamente adaptado a isso e mesmo à ideia do playlist. Sou uma cria do álbum, mas à essa altura do campeonato estou achando playlist bem mais divertido. Você pode conhecer uma porção de coisas que se fosse só de álbum em álbum… Ouço playlists, faço playlists e agora, para engrossar o playlist alheio, vou lançar esse single”.
“É muito difícil competir com meu próprio passado”
Tudo bem que “Orgulho e Preconceito” vem com uma força gigante depois do público conhecer a história por trás da letra, mas é difícil fazer o mesmo sucesso de mega hits como “O Último Romântico”? “É muito difícil competir com meu próprio passado. Mas faço meus espetáculos todo ano. Ano passado fiz com a obra de Rita Lee e agora o ‘Canta Lulu’, com meu próprio repertório, mas oxigeno ele. Claro que é difícil competir com as músicas antigas, mas eu não sou bobo de fazer isso”, explicou Lulu, confessando que tem várias que ele não pode deixar de tocar num show.
“Pega você ou pela cabeça ou pela bunda”
E mais: nos respondendo sobre carreira e sucesso… “Megahit tem um quê de loteria. É uma roleta. De repente seu número cai ali. É importante ficar esperando também. Uma carreira pode decolar imediatamente ou ter um tempo de desenvolvimento. O meu primeiro disco não foi um grande sucesso de vendas, só que se chamava ‘Tempos Modernos’ [canção dessas tipo tem que ter até hoje nas apresentações]. Ela acabou de ser remixada pelo DJ Memê para o Make U Sweat. E é de 1982”. Ah, e sobre o que o faz “virar a cadeira” para um competidor do “The Voice”: “Música é uma coisa que desafia a lógica. Pega você ou pela cabeça ou pela bunda. É o conjunto que desarticula o conteúdo crítico. Você vira plateia”.
Ah, vem escutar “Orgulho e Preconceito”, cantada ao vivo no show do Rio, aqui embaixo! (por Michelle Licory)