Voltei! E sei que muitos de vocês estão se perguntando como anda a retomada da vida aqui na Europa enquanto a crise gerada pela pandemia da Covid-19 persiste. Assim como vocês, também estou aguardando e observando o que rola à minha volta. Já durante a minha mega e disciplinada quarentena no Brasil e agora aqui na Espanha, uma das coisas que mais tem chamado a minha atenção é a forma com a qual as pessoas tem se relacionado com suas roupas e a importância que tem dado para a moda.
Comprar roupa não é exatamente algo essencial neste momento. Ressignificar e reciclar se tornaram grandes passatempos, assim como cozinhar, em tempos tão incertos. E cada vez mais tenho visto, especialmente microempresas do ramo da moda, se reinventando ou até mesmo começando do zero. Um exemplo do que estou falando é a mania do tie-dye, técnica de descolorir – ou tingir – roupas que virou uma verdadeira febre durante a quarentena. Inspirada no estilo hippie dos anos 1970, a tendência voltou com tudo. Com foco no conforto, mas sem perder o estilo – o famoso ‘comfy chic’ -, a estampa aparece em peças desde marcas como Prada, até os novos negócios ‘instagramáveis’. Aliás, a onda de tutoriais de como fazer um tie-dye também tem desempenhado importante papel nessa nova consciência de moda. Sabe aquele moletom velho ou camiseta esquecida no fundo do armário? Então, é deles mesmo que estamos falando… são o perfeito exemplo do que provavelmente não será somente mais uma tendência e sim um hábito – reciclar nossas roupas, sem medo de errar.
Outra coisa que anda chamando minha atenção é a importância das cores neste momento um tanto cinzento. Mesmo em pleno inverno, a necessidade de usar, cada vez mais, cores vibrantes, refletem nosso ‘mood’ e como buscamos nos sentir no meio de tanta coisa que nos deixa para baixo. Aqui na Europa, onde estou, as peças de cores mais ‘basics’ tem sido as que mais uso, como os moletons da ‘The Pangaia’, lisos, mas em tons mega vibrantes – recomendo usar todas as cores juntas, tudo junto e misturado. Um neon vai bem, dois então…. nem se fala (risos).
Acredito que as tendências do tie-dye e do bordado nos ‘slip dresses’ – aquele vestido que é praticamente uma camisola longa, regata ou de manguinhas… meus favoritos são os da Dannijo- vão bater ponto no verão brasileiro.
Fato é que as cores voltaram com tudo, do calçado aos acessórios. E os tênis não ficaram de fora. Dos sneakers neon da Chanel ou o Air Force 1 da Nike, até os sensacionais e alternativos Converse Chuck Taylor All Star, super confortáveis, a mistura de cores impera. Usar com uma meia temática ou uma corrente no tornozelo faz a diferença. Pode de metal, como visto no Insta @theblondesalad, da Chiara Ferragni, ou até um fio de búzios.
O que fica claro para mim é que, com essa loucura pela qual estamos passando, as marcas não vieram com coleções sazonais e definidas, e esse será um novo padrão de lançamento. Com isso, nós, consumidores, estamos mais livres para ditar moda e materiais que estão sendo usados. Fico tão feliz em ver que, pelo menos nesse aspecto, estamos ficando um pouco mais conscientes e coloridos. Menos regras estéticas, mais espaço para usar o vintage e misturar peças de coleções passadas com algum item novo, aquele que dá o famoso ‘toque final’, seja uma bolsa “messenger”, como essa de estampa étnica maravilhosa da Dior (coleção passada) ou como as de couro vegano parecendo um saco com alça ou na versão clutch. A regra é ousar.
Com a falta de sazonalidade, e nossa necessidade de dar um ‘up’, vale apostar nas cores, bem como em peças vintage ou mais sustentáveis de ‘slow fashion’. Algumas das novas marcas que adotam esse conceito aqui na Europa – e que me inspiram demais – são Mira Mikati e Celia B, que inclusive tem usado os “restos” de seus lindos tecidos estampados e coloridos de coleções passadas para criar novas peças e… até as necessárias máscaras reutilizáveis!! Se temos que andar de máscara, vamos fazê-lo com estilo, cor e um pouco de humor – A-MEI! (Cesca Civita é integrante da Geração Z, criadora de conteúdo digital, formada em Global Marketing Management pela Regents University de Londres, cidadã do mundo e apreciadora do inédito)