Dos € 750 milhões (R$ 3,3 bilhões) que vários bilionários se comprometeram a doar para a reconstrução da Notre-Dame de Paris, que foi atingida por um incêndio sem precedentes em abril, apenas € 38 milhões (R$ 167,2 milhões), ou cerca de 5%, foram depositados na conta da catedral mais famosa da França até agora. A cifra foi confirmada nessa semana pelo arcebispo de Paris, Michel Aupetit, em entrevista para um jornal da capital francesa, e na qual ele também revelou que muitos dos responsáveis por essas doações milionárias têm criado dificuldades para liberar os fundos que prometeram.
Segundo o religioso, o maior problema por trás disso seria o “controle excessivo” que alguns desses ricaços querem exercer sobre os gastos relativos às obras, já que temem que o dinheiro seja usado para outros fins. E há outra questão delicada: muitos deles também desejam ver seus nomes e os de suas empresas gravados em pontos específicos da Notre-Dame, principalmente os mais visitados, a fim de que o mundo fique a par de sua generosidade, e isso tem gerado disputas e atrasos.
De todas as doações prometidas para a reconstrução da Notre-Dame, a maior foi a de Bernard Arnault, o homem mais rico da França e CEO do grupo LVMH, que acenou com € 200 milhões (R$ 880 milhões) para a causa. O bilionário, no entanto, só entregou € 10 milhões (R$ 44 milhões) da bolada até agora. François Pinault, do grupo Kering, e Françoise Bettencourt Meyers, a herdeira da L’Oréal, anunciaram antes mesmo de as chamas do incêndio terem sido totalmente controladas que doariam € 100 milhões (R$ 440 milhões) cada um porém ainda não desembolsaram nenhum centavo, o que coloca em risco o plano inicial de reinaugurar o monumento católico na mesma época das Olimpíadas de Paris, em 2024. (Por Anderson Antunes)