As chances do Brasil ser representado por uma mulher na cerimônia do Oscar do próximo ano está maior do que nunca, isso porque, dos 22 filmes selecionados a concorrer uma vaga entre os cinco indicados ao prêmio de Melhor Filme em Língua Estrangeira, nove são dirigidos por mulheres. Número bem maior que no ano passado, quando apenas cinco eram assinados por mulheres, em um total de 23. O representante brasileiro será escolhido pela Comissão Especial de Seleção, formada por membros indicados pela Academia Brasileira de Cinema. A cerimônia de entrega do Oscar acontece no dia 24 de fevereiro, em Los Angeles.
Jorge Peregrino, presidente da Academia Brasileira de Cinema, destaca a importância da presença feminina entre os finalistas. “Ficamos contentes em constatar que, no painel dos 22 filmes inscritos, nove foram dirigidos por mulheres. Um espelho do que buscamos como uma sociedade mais igualitária em todas as áreas. Agora entramos na segunda etapa, para escolher nessa safra recente e diversa o representante do Brasil na 91ª edição do Oscar.” Este é o segundo ano que a Academia Brasileira de Cinema trabalha em cooperação com o Ministério da Cultura para a escolha da produção brasileira que concorrerá a uma indicação ao Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira.
Para Gabriela Amaral Almeida, que concorre com “O Animal Cordial”, o quadro é o resultado positivo de um processo de inclusão. “O que me deixa muito feliz é saber que essa pré-seleção valoriza os filmes pela excelência deles, e notar que quase a metade têm uma realização feminina. É resultado dos esforços que vêm sendo feitos, tanto institucionais, com políticas de inclusão da mulher na diversão, quanto por parte dos produtores, que estão mais abertos à presença feminina nessa área. Este é o resultado de um movimento que está mudando a percepção da nossa participação na indústria cinematográfica brasileira”, falou a diretora ao Glamurama. A seu lado, foram selecionados trabalhos de Monique Gardenberg, Carolina Jabor, Camila de Moraes, Julia Rezende, Mariana Bastos, Juliana Rojas e Silva Sganzerla, e Tizuka Yamasaki.
Abaixo, a história e trailer dos 22 longas que concorrem a vaga:
“O Caso do Homem Errado”, de Camila de Moraes
O documentário conta a história do jovem operário negro Júlio César de Melo Pinto, que foi executado pela Brigada Militar nos anos 1980, em Porto Alegre. O crime ganhou notoriedade após a imprensa divulgar fotos de Júlio sendo colocado com vida na viatura e chegar, 37 minutos depois, morto a tiros no hospital. Além do caso que dá título ao filme, a produção discute ainda as mortes de pessoas negras provocadas pela polícia no país.
“O Desmonte do Monte”, de Sinai Sganzerla
O documentário aborda a história do Morro do Castelo, seu desmonte e arrastamento. O Morro do Castelo, conhecido como “Colina Sagrada”, foi escolhido pelos colonizadores portugueses para ser o local das primeiras moradias e fundação da cidade do Rio de Janeiro. Apesar de sua importância histórica e arquitetônica, o morro foi destruído por reformas urbanísticas com o intuito de “higienizar” a cidade e também de promover a especulação imobiliária.
“Antes Que Eu Me esqueça”, de Tiago Arakilian
Aos 80 anos, Polidoro decide demolir a estabilidade de sua confortável vida de juiz aposentado e virar sócio de uma boate de striptease. Beatriz, sua filha, resolve interditá-lo judicialmente. Seu filho Paulo se declara incapaz de opinar sobre essa decisão porque não mantém relações com o pai. O juiz, então, determina o encontro forçado entre pai e filho, em uma reaproximação que transformará suas vidas.
“Aos Teus Olhos”, de Carolina Jabor
Rubens é um professor de natação infantil acusado pelos pais de um aluno de beijar o filho deles no vestiário do clube. Quando a acusação viraliza nos grupos de mensagens e redes sociais da escola, começa um julgamento precipitado de Rubens sobre suas ações e intenções.
“Ex-Pajé”, de Luiz Bolognesi
Até o contato do povo Paiter Suruí com os brancos, em 1969, Perpera era um pajé poderoso. Após chegada dos brancos, um pastor evangélico afirma que pajelança é coisa do diabo e Perpera perde seu papel na tribo, passando a viver com medo dos espíritos da floresta. Mas quando a morte ronda a aldeia, o poder de falar com os espíritos pode novamente ser necessário.
“Yonlu”, de Hique Montanari
Yonlu é um filme de ficção baseado na história real de um garoto de 16 anos que, com a ajuda da internet, conquistou o mundo com seu talento para música e arte. Fluente em cinco idiomas, Yonlu tinha uma rede de amigos virtuais em todos os continentes. Ninguém desconfiava, contudo, que também participava de um fórum de potenciais suicidas.
“Não Devore Meu Coração”, de Felipe Bragança
Joca, um menino brasileiro de 13 anos, e Basano La Tatuada, uma menina indígena paraguaia, vivem na fronteira entre os dois países. Joca está apaixonado por Basano e faz de tudo para conquistar seu amor, mesmo que para isso ele tenha que enfrentar as violentas memórias da Guerra do Paraguai e os segredos de seu irmão mais velho, Fernando, um misterioso agroboy envolvido com uma gangue de motociclistas da região.
“Talvez Uma História de Amor”, de Rodrigo Spada Bernardo
Quando chega em casa, depois de mais um dia corriqueiro no trabalho, Virgílio liga a secretária eletrônica e ouve um recado perturbador. É uma mensagem de Clara comunicando o término do relacionamento dos dois. Virgílio, contudo, não faz a menor ideia de quem seja Clara. Quando percebe que todos ao seu redor sabiam do seu relacionamento e ele é o único que não lembra, Virgílio só tem uma escolha: encontrar essa mulher misteriosa.
“Canastra Suja”, de Caio Sóh
Quem vê Batista e Maria andando pela rua com seus três filhos acha que o grande problema deles é a filha caçula que sofre de autismo. Porém, as questões dessa família são bem mais complicadas. Batista é um alcoólatra tentando abandonar o vício por insistência da família. A esposa dedicada vive um caso tórrido com o namorado de sua filha, Emília, que se faz de pudica, mas seduz o patrão. Pedro, o primogênito, está perdido na entrada da vida adulta. O conceito familiar desabará aos poucos.
“Entre Irmãs”, de Breno Silveira
Nos anos 30, duas irmãs separadas pelo destino enfrentam o preconceito e o machismo, uma por parte da alta sociedade na cidade grande, e a outra de um grupo de renegados no interior. Apesar da distância, elas sabem que uma só tem a outra no mundo e cada uma, à sua maneira, vai se afirmar de forma surpreendente.
“O Grande Circo Místico”, de Cacá Diegues
O filme conta a história de cinco gerações de uma mesma família proprietária do circo. Da inauguração do Grande Circo Místico em 1910 até os dias de hoje, o público vai acompanhar, com a ajuda de Celavi, mestre de cerimônias que nunca envelhece, as aventuras e amores da família Kieps, do auge à decadência, até o surpreendente final. Um filme que mescla realidade com fantasia em um universo místico.
“As Boas Maneiras”, de Julia Rojas e Marco Dutra
Clara, enfermeira solitária da periferia de São Paulo, é contratada pela rica e misteriosa Ana como babá de seu futuro filho. Uma noite de lua cheia muda para sempre a vida das duas mulheres.
“Benzinho”, de Gustavo Pizzi
Irene mora com o marido Klaus e seus quatro filhos. Ela está terminando os estudos enquanto se desdobra para complementar a renda da casa e ajudar a irmã Sônia. Mas quando seu primogênito Fernando é convidado para jogar handebol na Alemanha, ela terá poucos dias para superar a ansiedade e ganhar forças antes de mandar seu filho para o mundo.
“Alguma Coisa Assim”, de Mariana Bastos e Esmir Filho
Caio e Mari são dois jovens adultos cuja relação está além de qualquer definição. Ao longo de 10 anos, o enredo transita entre três momentos marcantes em que seus desejos estão em conflito e sua relação é colocada à prova.
“Paraíso Perdido”, de Monique Gardenberg
Dono da boate Paraíso Perdido, o patriarca José faz de tudo para garantir a felicidade de seu clã: os filhos Angelo e Eva, o filho adotivo Teylor e os netos Celeste e Imã. Unida por um amor incondicional, a excêntrica família encontra forças para lidar com seus traumas cantando clássicos da música popular romântica, o que atrai a curiosidade do misterioso Odair, um policial que cuida da mãe surda, ex-cantora.
“Além do Homem”, de Willy Biondani
O antropólogo francês Marcel Lefavre é comido por canibais e desaparece no Brasil, deixando para trás seu diário inacabado. Seu discípulo a contragosto, Alberto Lupo, escritor brasileiro que vive na Europa, retorna ao país de origem para terminar seu trabalho. Na paisagem, na cultura e na figura feminina de Betania, Alberto se depara com tudo aquilo que o fez fugir: o poder da natureza e a essência da vida. É o início de sua transformação.
“Como é Cruel Viver Assim”, de Julia Rezende
Solitários, frustrados e incapazes de realizar qualquer coisa que dê sentido às suas vidas, Vladimir, Clivia, Regina e Primo armam um plano absurdo: seqüestrar um milionário. Mas não têm nenhuma experiência com crimes, nem noção do que essa operação pode envolver. Enquanto tomam as providências práticas, revelam-se seus medos e ambições.
“O Animal Cordial”, de Gabriela Amaral Almeida
Um restaurante de classe média em São Paulo é invadido, no fim do expediente, por dois ladrões armados. O dono do estabelecimento, o cozinheiro, uma garçonete e três clientes são rendidos. Entre a cruz e a espada, Inácio – o homem pacato, o chefe amistoso e cordial – precisa agir para defender seu restaurante e seus clientes dos assaltantes.
“Unicórnio”, de Eduardo Nunes
Maria está sentada em um banco ao lado de seu pai. A conversa que eles tem ali conduz a narrativa do filme: acompanhamos a história na rústica casa de campo, onde ela mora com a mãe, e aguarda a volta deste mesmo pai. A relação entre Maria e sua mãe muda com a chegada de outro homem.
“Ferrugem”, de Aly Muritiba
Tati é uma adolescente cheia de vida, que gosta de compartilhar seus melhores momentos no Instagram e no Facebook. Mas a vida de Tati virará ao avesso quando algo que ela não queria compartilhar com ninguém cai no grupo de Whatsapp do colégio.
“Encantados”, de Tizuka Yamasaki
É uma história de iniciação espiritual, de amor e misticismo sobre o desabrochar da jovem Zeneida até se transformar em importante pajé, assumindo sua herança espiritual cabocla. Os conflitos no convívio com a família, Zeneida enfrenta e resiste para viver plenamente o amor considerado impossível com Antônio, um ser sobrenatural, que vem das profundezas da floresta. Mas terá que escolher, aceitar seu dom e destino de ser pajé, ou viver encantada pelo povo das águas, os Caruanas.
“Dedo na Ferida”, de Silvio Tendler
Dedo na Ferida trata do fim do estado de bem-estar social e da interrupção dos sonhos de uma vida melhor para todos em um cenário em que a lógica homicida do capital financeiro inviabiliza qualquer alternativa de justiça social. Milhões de pessoas peregrinam em busca de melhores condições de vida enquanto a perversão do capital só aspira a concentração da riqueza em poucas mãos.