Cinema, palcos e agenda cheia: essa é Mariana Xavier além de Marcelina. “As pessoas vão me ver fora da comédia”

Mariana Xavier está com tudo e cheia de novidades || Reprodução Instagram

Muito além de Marcelina, Mariana Xavier está cheia de projetos. Após o fim das filmagens de ‘Minha Mãe é uma Peça 3’, a agenda de Mari está uma loucura. Ela participa de projeto social, se prepara para estrear em peça solo, continua com seu canal no Youtube e vai aparecer nas telonas em outros trabalhos, um deles dirigido por ninguém menos que Lázaro Ramos. “As pessoas vão me ver em outro registro de atuação, completamente fora da comédia”. Em papo com o Glamurama, Mariana entrega um pouco mais do que podemos esperar da terceira parte do filme de Paulo Gustavo, um dos maiores sucessos de bilheteria tão queridinho do Brasil. “Em ‘Minha Mãe é uma Peça 3’ mais uma vez a gente vai usar a comédia pra falar de assuntos que precisam ser falados”.

Glamurama: Vocês acabaram de rodar ‘Minha Mãe é Uma Peça 3’. Pode adiantar um pouquinho do que vem por aí?
Mariana: Finalizamos agora no começo de agosto. O filme estréia em 26 de dezembro, cheio de novidades. Marcelina e Juliano constituíram suas próprias famílias, Juliano casa, a Marcelina está grávida e vai morar com o namorado. Foi uma experiência muito interessante até porque nunca tive uma personagem que engravidou, então foi legal me ver de barrigão e foi divertido fazer cena de parto. Fiquei imaginando o que deve ser um parto de verdade porque só aquela brincadeirinha ali foi tão cansativa que passei dias com o corpo doendo de ficar fazendo força (risos). É um trabalho muito especial pra gente. O público tem muito carinho por ‘Minha Mãe uma Peça’ e mais uma vez a gente vai usar a comédia pra falar de assuntos que precisam ser falados. Estamos vivendo um momento de muita intolerância, de muito preconceito e a arte tem esse papel de questionar, de gerar incômodo. No filme abordamos o casamento gay, as questões de gênero, as convenções sociais que na verdade acabam fazendo a gente sofrer à toa. Mesmo assim, continua sendo uma comédia mega engraçada! A comédia é uma ferramenta muito importante porque você desarma o espectador através do riso e faz o público absorver uma mensagem que talvez em um ”textão’ no Facebook ele não ia querer ler.

Glamurama: Como é trabalhar com o Paulo Gustavo? Vocês se divertem muito no set?
Mariana: É muito divertido! O Paulo tem humor até no mau humor (risos). Quem viu os vídeos de bastidores consegue perceber isso. É palhaçada o tempo inteiro. Eu sofro porque em vários momentos não consigo parar de rir e às vezes não é a personagem, é a Mariana rindo da situação. A gente se escuta muito, ele é muito generoso com minhas observações, dá muita abertura para o improviso e para a gente contribuir artisticamente pra obra.

Glamurama: Dona Hermínia tem coisas parecidas com sua mãe? Conta pra gente.
Mariana: Acho que a Dona Hermínia tem um pouco de qualquer mãe, umas mais outras menos. A minha mãe tem essa coisa de tratar os filhos como bebês até hoje, superprotetora. Mas ela não é tão invasiva quanto a Dona Hermínia. Ela é muito minha amiga e é muito jovem, me teve com 18 anos, geralmente eu que conto as coisas pra ela.

Glamurama: O que te inspira para fazer seus vídeos no Youtube? Como escolhe os temas?
Mariana: Observação do cotidiano, basicamente. Faço terapia há muitos anos e eu acho que quando você faz terapia fica ligado no seu próprio comportamento e no comportamento dos outros. Vejo situações e penso “isso dá um tema”, como minhas relações com meu amigos, as questões que eles dividem comigo, coisas que vejo acontecer na internet… É muito livre. Meu canal é bem abrangente. Tudo o que acontece na minha vida ou que eu observo do mundo pode virar assunto e é um trabalho que me deixa muito feliz. Não dá dinheiro, na verdade, custa dinheiro, mas me dá muita satisfação e da muito sentido pra minha vida. Ele é a minha ONG. É muito gratificante quando as pessoas me encontram na rua para me pedir um abraço, me dizer que eu ajudei em alguma questão pessoal. Nossa visibilidade como artista só vale de verdade se for pra gente falar do que importa, do que transforma a vida das pessoas. O canal do Youtube veio dessa necessidade, de sair desse lugar onde normalmente colocam os famosos de alguém inatingível com uma vida perfeita e me mostrar como pessoa física, como ser humano, minhas fragilidades, as dificuldades que enfrentei na minha vida… No fundo a gente é muito parecido, eu só tenho menos privacidade, mas as questões humanas são as mesmas. Estamos em um momento de país e de mundo em que precisamos desarmar o espírito e olhar menos pro que nos separa e mais pro que nos une.

Glamurama: Depois de rodar o filme, algum projeto para TV ou cinema?
Mariana: ‘Minha Mãe é uma Peça’ chega aos cinemas em 26 de dezembro e além disso fiz outro longa-metragem esse ano chamado ‘Medida Provisória’, primeiro filme dirigido pelo Lázaro Ramos, um trabalho que fiquei honradíssima de fazer… incrível, emocionante, no qual as pessoas vão me ver em outro registro de atuação, completamente fora da comédia. Outro longa que vem aí é ‘Rir para Não Chorar’, rodado no ano passado em Brasília, que também mostra uma Mariana que as pessoas ainda veem pouco, com uma pegada de drama. Além disso, faço um trabalho muito legal de voluntariado em um projeto da Policia Civil do Rio de Janeiro chamado “Papo de Responsa”, em que vou às escolas publicas e particulares falar sobre bulliyng, cyberbulliynng, saúde mental, violência contra mulher, carreira e sonhos. Também vou começar a ensaiar minha peça que tem o título provisório de ‘Antes do Ano que Vem’, que acho que vai ser o projeto mais desafiador da minha vida porque será um monólogo dirigido pelo Lázaro (Ramos). Estou muito feliz, apavorada mas muito bem acompanhada!

Glamurama: Você sente a falta de incentivo nas artes?
Mariana: Infelizmente cada vez mais. Já não era fácil e agora está terrível. A gente tem um governo que é um desserviço à cultura e à educação, não há outra palavra. Enquanto o governo tratar a educação como gasto e não como investimento, é complicado a gente mudar como país. Sem educação e arte não há salvação. É com acesso à cultura que as pessoas desenvolvem sensibilidade para se tornarem seres humanos melhores e o que a gente está vendo é hostilidade e ódio de pessoas incapazes de se conectar com as outras. Quanto mais arte na rua, menos violência. Minha parte como resistência vou continuar fazendo. (por Luzara Pinho)

Sair da versão mobile