Aos 33 anos, Erika Januza é puro poder! A mineira, que começou a sua carreira no mundo da moda e pouco tempo depois despontou como atriz, está entre as atuais estrelas da Globo, e se prepara para mais um desafio, a novela “Amor de Mãe”, que estreia no final de 2019. Mas, enquanto se planeja para o novo trabalho, a atriz ainda colhe os bons frutos de sua última personagem, a Raquel, de “O Outro Lado do Paraíso” (2018), uma mulher negra e pobre que se torna juíza, algo ainda infelizmente raro de ver na vida real e na ficção: “Fiquei muito feliz em poder interpretar uma juíza negra na televisão. Nós estamos acostumados a ver negros sempre no papel de motoristas ou empregados. E não tem problema algum nessas profissões, elas são muito nobres, mas nós temos que mudar essa visão: não é só isso que somos capazes de fazer”, comenta.
Com talento e personagens fortes, Erika sabe que é inspiração para as mulheres em temas que vão da beleza até o posicionamento em relação aos problemas do dia a dia. Depois de muitos questionamentos e dificuldade com a autoestima, hoje ela é uma mulher livre, que não faz questão de suprir os padrões impostos pela sociedade. E é exatamente isso que tenta passar, principalmente para outras meninas negras: a importância de aceitar e amar a sua genética. “Tudo mudou quando entendi que beleza não é o que a sociedade impõe. A nossa genética é importante. As meninas precisam ser o seu próprio padrão”, reflete. (Por Jaquelini Cornachioni)
Glamurama: Você revelou que já teve problemas de autoestima. Como foi o seu processo de autoaceitação?
Antigamente, alisava o meu cabelo e parecia que me protegia atrás dele, como se fosse sofrer menos preconceito por isso. Quando era criança e adolescente, não tinha produtos específicos para cabelo ondulado, cacheado e crespo. Então, para facilitar, eu só andava com ele liso. Tudo mudou quando entendi que beleza não é o que a sociedade impõe. A nossa genética é importante. As meninas precisam ser o seu próprio padrão.
Glamurama: A sua última personagem – a Raquel de “O Outro Lado do Paraíso” – enfrentou muito preconceito. Como você avalia o espaço que o negro possui na TV hoje?
A Raquel era uma personagem incrível, empoderada. Fiquei muito feliz em poder interpretar uma juíza negra na televisão. Nós estamos acostumados a ver negros sempre no papel de motoristas ou empregados. E não tem problema algum nessas profissões, elas são muito nobres, mas não temos que mudar essa visão: não é só isso que somos capazes de fazer. Acredito que hoje o negro está buscando e conquistando mais o seu espaço, sempre com muito trabalho e competência. Quando eu interpreto uma personagem forte, mostro a todos que nós podemos.
Glamurama: E como você vê a discussão racial dentro das produções artísticas?
Fico feliz porque as portas estão se abrindo. A questão do empoderamento está mostrando aos negros que é possível, que temos voz. Somos a maioria da população brasileira e temos que estar na TV também. Eu, por exemplo, nunca tinha visto uma juíza negra em uma novela antes. Mas nós temos que estar em todos os lugares, não somente na televisão. O negro precisa se ver representado.
Glamurama: Qual seria o mundo ideal?
O mundo ideal é aquele em que todos encarem o negro em posição de destaque com naturalidade. Ele está ali por ser um bom profissional, por ter capacidade. Sem todo esse problema com a cor de pele.
Glamurama: Qual o seu conselho para quem ainda tem dificuldade com autoaceitação e preconceito?
A vida do negro não é fácil. Passamos por coisas todos os dias. O fato de eu ser atriz e reconhecida, talvez me blinde um pouco. Mas a minha dica é nunca abaixar a cabeça e encarar de frente essas situações, do melhor jeito possível. Quando você vê outra pessoa te olhando torto, não se sinta envergonhado. Racismo é crime. Denuncie, nunca se cale. Não podemos ter vergonha da nossa genética, mas orgulho.
Glamurama: Quem são as suas inspirações?
Quando eu era menor, não tinha tanto negro na televisão. Mas eu lembro bastante de me inspirar na Isabel Fillardis. Amava ver ela nas novelas com aquele cabelo cheio de cachinhos, ma não me via daquele jeito, só admirava. E é claro que Taís Araújo. Ela é incrível.
Glamurama: Você foi escalada para a próxima novela das 21h, “Amor de Mãe”. O que pode adiantar sobre esse novo trabalho?
Só que estou muito feliz… (risos). Não posso adiantar muita coisa, porque não estou autorizada, mas vai ser algo muito bonito.
Glamurama: Fala um pouco sobre a sua relação com a moda?
Não tenho nenhum estilo definido, mas sou ligada nas tendências: quais são as cores do momento, texturas, mas não uso algo só porque está na moda. Não sou dependente. Uso as peças que me favorecem independente de estarem em alta ou não. Acho que, além da beleza, o conforto importa muito. Acredito que a moda é uma maneira de expressão, e me ajuda a mostrar quem eu sou. E esse ano faço minha estreia como modelo no Minas Trend.