A revista francesa “Les Inrocks” elegeu os 100 filmes franceses mais belos de todos os tempos. A classificação foi feita a partir de 18 rankings individuais de especialistas que escrevem atualmente ou que já escreveram sobre cinema na revista. Aqui, Glamurama mostra o crème de la crème dessa seleção: os 10 melhores de todos os tempos.
1. “La Maman et la Putain”, de Jean Eustache (1973) com Jean-Pierre Léaud, Françoise Lebrun e Bernadette Lafont
Este filme é considerado a obra-prima de Jean Eustache. Autobiográfico, o longa conta a história de um triângulo amoroso que apresenta cenas e mais cenas de ménage à trois -o filme é longo, são 220 minutos- entre os personagens Alexandre, Marie e Veronika. O cenário é uma Paris sedutora do fim dos anos 60: velhos apartamentos, bulevares e cafés onde os personagens travam vastos diálogos. E o que significa o título, “A mãe e a puta”? Só assistindo para entender. Uma palinha:
2. “Le Mépris”, de Jean-Luc Godard (1963) com Brigitte Bardot, Michel Piccoli, Jack Palance, Fritz Lang e Giorgia Moll
Baseado no romance italiano “Il disprezzo”, que mistura o casamento dos personagens Camille, atriz, e Paul, roteirista, com a realidade do cinema em si. Intitulado “O desprezo”, em português, o longa é recheado de referências a Chaplin, Griffith, Hawks, Ray, Minnelli e outros ídolos do cinema.
Le Mepris – Jean-Luc Godard (1963) por ESTETTE
3. “La Règle du jeu”, de Jean Renoir (1939) com Marcel Dalio, Nora Gregor, Paulette Dubost, Gaston Modot, Mila Parély e Julien Carette
Em grande parte, “A regra do jogo” é uma adaptação de uma comédia de costumes popular no século XIX chamada “Les caprices de Marienne” e, por isso, é um verdadeiro retrato da alta sociedade francesa dos anos 30. Um retrato um tanto quanto crítico. É um filme que não emplacou de primeira, mas que, ao longo da década de 50, passou a ser reconhecido como um dos precursores do cinema moderno.
4. “Madame de…”, de Max Ophuls (1953) com Danielle Darrieux, Charles Boyer, Vittorio de Sica, Jean Debucourt, Mireille Perrey, Jean Galland, Paul Azaïs
A circulação de dinheiro, as dívidas, os criados sempre a postos, a vaidade, a colocação na sociedade, tudo isso é tratado no filme “Desejos proibidos”. O grande símbolo de luxo, poder, costumes e valores dos bem-nascidos é um par de brincos, que também representa o relacionamento entre os personagens Louise e Donati.
5. “Les Nuits de la pleine lune”, d’Eric Rohmer (1984) com Pascale Ogier, Fabrice Luchini e Tcheky Karyo
Louise vive com Remi, seu namorado, no subúrbio de Paris. Ele quer casar, mas a moça teme abrir mão de sua liberdade. Em uma tentativa vã de se aproximar de Remi, ela passa a ficar mais dentro de casa, mas acaba passando mais tempo com Octave, seu amigo escritor, e começa a se envolver com Bastien, um jovem músico. “Noites de lua cheia” narra todos os tipos de amores, do começo ao fim.
Les nuits de la pleine lune por dersouo
6. “Belle de jour”, de Luis Buñuel (1967) com Catherine Deneuve, Michel Piccoli, Pierre Clémenti e Jean Sorel
Luis Buñuel classificava “A bela da tarde” como “pornográfico” sem pestanejar. De fato, o filme é considerado o último grande longa erótico dos anos 60, mas não há sexo explícito, apenas sugerido, muitas vezes de forma perversa. A personagem Séverine leva uma vida infeliz com o marido, sexualmente falando. Por isso, assume uma vida dupla como prostituta, para libertar seus fetiches, mas acaba se apaixonando por um gângster.
Belle de Jour por Leucit
7. “Les Demoiselles de Rochefort”, de Jacques Demy (1967) com Catherine Deneuve, Françoise Dorléac, Danielle Darrieux, Jacques Perrin e Georges Chakiris
“Duas garotas românticas” é um filme genuinamente feliz, ideal para quando bate aquela tristeza e vem a vontade de distrair a cabeça. O diretor Demy cria um mundo quase mágico, com claras referências aos musicais da MGM dos anos 50. Delphine e Solange são irmãs, moram em Rochefort, na França, e vivem de música -uma é professora de dança e a outra, de piano. As duas sonham em encontrar um grande amor e de fato encontram. Só alegria!
8. “Les Parapluies de Cherbourg”, de Jacques Demy (1964) com Catherine Deneuve, Nino Castelnuovo, Anne Vernon, Marc Michel, Ellen Farner, Mireille Perrey e Rosalie Varda
“Os guarda-chuvas do amor” segue na mesma linha de “Duas garotas românticas”: um musical onde não há espaço para tristeza. Na história, Geneviève e Guy se apaixonam perdidamente, fazem juras de amor eterno, mas o rapaz é enviado para a guerra. Em seguida, a moça descobre que está grávida e acaba se casando com um rico joalheiro que lhe promete mundos e fundos. Apesar do roteiro clichê para os dias de hoje e da musicalidade de todos os diálogos, nada é excessivamente sentimental. Belo na medida.
9. “La Jetée”, de Chris Marker (1962) com Davos Hanich, Hélène Châtelain, Jean Négroni, William Klein e Jacques Ledoux
Este é um filme experimental disfarçado de ficção científica. Com apenas 28 minutos de duração, é montado majoritariamente com fotos em preto e branco, mas que ganham fluidez, narrativa e complexidade ao longo das passagens. O roteiro é no estilo “Back to the future” e mostra um homem que foi mandado para o passado para impedir uma guerra nuclear que causou um apocalipse. Uma obra bem pouco convencional, ideal para cinéfilos de verdade.
La Jetée por zachariah-rush
10. “Les Yeux sans visage”, de Georges Franju (1960) com Pierre Brasseur, Edith Scob, Alida Valli, Juliette Mayniel, Claude Brasseur
O longa “Os olhos sem rosto” é a única viagem pelo gênero terror feita por Franju, co-fundador da Cinemateca de Paris. O filme traz os estereótipos do cientista louco e sua criatura monstruosa, mas não se limita a isso. Na história, o monstro é a desfigurada Christiane, que invariavelmente conquista a simpatia dos espectadores, desde o começo do filme, e nos faz crer que, na verdade, nós é que somos os monstros.
Les yeux sans visage por kebekmac
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