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Memória Iris Von Furstenberg || Créditos: Getty Images

 

As muitas fases de Ira von Fürstenberg || Créditos: Reprodução / Getty Images

Aventuras de uma Princesa

Nascida princesa, muito bonita, dois filhos e dois casamentos: Ira von Fürstenberg foi do jet set aos estúdios da Cinecittà e à TV Tupi. Na vida, sua maior dor foi a perda de um filho, morto na cadeia

Por Renato Fernandes para a Revista Joyce Pascowitch de Dezembro

O nome é enorme: Virginia Carolina Theresa Pancrazia Galdina von FÜrstenberg. A altura também: mais de 1,80 metro de mulher. A tradição, então, é infinita: filha do príncipe Tassilo von Fürstenberg, da nobreza alemã, e de Clara Agnelli – leia-se poderosos da Fiat. Aos 14 anos, adolescente ainda, ela já era prometida ao príncipe Alfonso de Hohenlohe, herdeiro de propriedades na Espanha e no México. Casaram-se em 1955, em Veneza, e a festa foi um verdadeiro conto de fadas e durou três dias, com direito a muitos presentes e joias também: diamante de 8 quilates, colar de pérolas, esmeraldas e casacos de pele – época quando se usava e quando se podia gostar. Na noite de núpcias, perdeu a virgindade: Alfonso foi carinhoso e cuidadoso, o mínimo que se podia esperar de um homem muito mais velho.

Com o casamento veio uma vida social intensa e dois filhos. Muitas fotos e poses, mas pouca intimidade a dois. Até que, em uma das férias com os filhos pequenos, em uma estação de esqui, conheceu o maior de todos os nossos playboys: o industrial Baby Pignatari. A paixão foi avassaladora e o então marido príncipe não acreditou. Sim, ele foi traído e não a deixaria em paz por isso. O divórcio foi consumado e Ira e Baby se casaram em 1961, em Nevada, nos Estados Unidos. O fim dessa história foi tensa: o ex, tanto que fez que conseguiu e Ira perdeu a guarda de seus dois bambinos.

Memória Iris Von Furstenberg || Créditos: Getty Images

Para o Brasil se mudou e foi morar em São Paulo com Baby, que, em 1962, construiu com ele a famosa mansão das tochas. Enquanto Baby dava duro nas indústrias, ela rodava os antiquários da capital atrás de uma decoração em estilo colonial para a residência. O novo casal fez tanto barulho que ganhou as colunas sociais do mundo todo. Por aqui, em fevereiro de 1961, por exemplo, Ira estrelou a capa de O Cruzeiro, como a madrinha de uma tela de Gauguin, então recém-incorporada ao acervo do Masp. Na matéria de quatro páginas, era chamada de princesa Ira Pignatari. Mas o sobrenome durou pouco: apenas três anos. A separação foi em Las Vegas e Ira, aos 25 anos, era uma mulher com duas separações e dois filhos.

A volta por cima

No fim dos anos 1960, Ira deixa a tiara e o laquê e abandona de vez a aura de mulher protegida por marido. Linda, assume um cabelão com ares de pantera e estrela três filmes, todos em 1967. Em Matchless, sob direção de Alberto Lattuada, é escolhida a protagonista. “Ira é uma extraordinária companheira de trabalho, tem sentido natural de disciplina e um constante bom humor”, disse o cineasta na época.

E muitos outros filmes viriam. As comédias eróticas italianas não a deixaram escapar. Em 1971, é uma das estrelas de O Super Macho, com Lando Buzzanca e as belas Rossana Podestà, Femi Benussi e Sylva Koscina. A beleza e as curvas de Ira ficariam cada vez mais exploradas, não só no cinema como nas poses sensuais de ensaios. Sob a lente de Willy Rizzo e o mestre Angelo Frontoni, teve seus dias de sex symbol. Seus seios voluptuosos e perfeitos sempre foram uma marca, assim como seu sorriso e os grandes olhos.

Em 1972, uma surpresa: a participação na novela Na Idade do Lobo, na TV Tupi, com cenas rodadas no Guarujá, no litoral paulista. Ira contracena com o galã Carlos Alberto, que vive um playboy na história. Na trama, os personagens têm um affair e o romance acaba extrapolando as telas. Nada foi confirmado, mas uma coisa era certa: Carlos Alberto, que foi casado com Yoná Magalhães e Maysa, ficou impressionado com a beleza e o carisma de Ira.

No cinema, também atuou em filmes no estilo bangue-bangue italianos, como Rápidos, Brutos e Mortais, ao lado Anthony Quinn e Franco Nero. E, depois de participar de Os Barões, na Itália, Ira declarou à revista Fatos & Fotos: “O cinema me agrada imensamente. Estou decidida a empregar todas as minhas energias para me tornar uma grande atriz. Não posso dar um passo em falso. Encontrei no cinema a chance que a vida me recusou, a de me realizar como pessoa”.

O Rei e a Princesa

Foi em 1978 que a princesa conheceu o rei da pornochanchada, David Cardoso. Ambos contratados para o filme O Amante de Minha Mulher, ao lado de Milton Moraes e Berta Loran. Cardoso foi convocado pelo diretor Alberto Pieralisi para ir com ele ao aeroporto do Galeão, no Rio, recepcionar a atriz. O clique entre os dois foi imediato, um match ao vivo. Ira ficou encantada com seu galã, que usava sapato com salto carrapeta para não ficar tão baixo ao lado dela. Hospedados no Hotel Nacional, Cardoso não ficou surpreso ao receber uma chamada dela para ajudá-la a decorar o texto. Durante as filmagens se conheceram mais intimamente e o romance explodiu. A tal ponto que chegou a trocar a atriz de sua próxima produção, Desejo Selvagem, que seria rodado no Pantanal. Agora, queria Ira custe o que custasse, e estava disposto a pagar por isso.

Desejo Selvagem

Para sua mais cara produção cinematográfica, o produtor e ator David Cardoso foi para Londres especialmente para assinar o contrato com Ira. Na época, 1979, ela fechou um cachê de US$ 10 mil por 25 dias de filmagens, mais as passagens aéreas de primeira classe e um maquiador full time – Ira nunca abriu mão disso.

Depois de dez dias no Pantanal, uma confusão nos bastidores: Ira pediu para Cardoso alguns dias de folga, porque precisava participar de um desfile de Valentino. Ele não concordou, pois havia toda uma equipe esperando. Mas não teve jeito e ela se foi. Ele até deu folga de dois dias para toda a produção, mas outra starlet do filme acabou ganhando mais cenas, a atriz Sonia Saeg. “Ela realmente viajou e Sonia ganhou mais destaque. Ira não era uma grande atriz, mas, sim, uma socialite de grande beleza e sensualidade”, diz Cardoso com exclusividade para a J.P. “Quando voltou, perguntou por algumas cenas, que acabei rodando sem ela. Ficou furiosa! Então, quando pedi para ela mostrar os seios em uma cena importante, se recusou. Como era combinado, acabou acontecendo, mas com muito custo. O que era para ser meu maior filme, não foi, muito pelas cenas que ela não fez. Sua personagem não ficou muito definida e ela era a protagonista”, relembra ele.

Se o filme não foi um enorme sucesso, o romance também não: os dois terminariam no Pantanal mesmo, onde ficaram juntos apenas duas ou três vezes. “Tentei ser um latin lover, com puxões no cabelo e tudo o mais, e ela reclamava que eu não mandava flores”, conta, hoje rindo.

Já em 1985, distante das telas, Ira volta a viver dias de monarquia quando é fotografada ao lado do príncipe Rainier durante o Baile da Cruz Vermelha, em Mônaco. Para muitos, ela iria ser sua segunda esposa, mas não aconteceu. Discreta, nunca falou sobre o suposto caso e, nesse período, teve seu nome também relacionado com o multimilionário alemão Gunter Sachs, ex de Brigitte Bardot.

Ira von Fuerstenberg || Créditos: Getty Images

A perda

Em 2006, já afastada do cinema e trabalhando como designer de joias, Ira tem sua maior dor. Seu filho Christoph, morre, aos 49 anos, dentro de uma cadeia em Bangcoc depois de ser preso por falsificar seu visto de permanência na Tailândia. Ira fez de tudo, usou todas as suas articulações e influência, mas nada conseguiu. Ele faleceu em uma cela imunda junto a bandidos e traficantes.

Hoje, aos 77 anos, Ira mora em Roma e vive lutando contra a balança: “Sou gulosa”, declarou certa vez, e não se deixa fotografar sem estar muito bem maquiada por um profissional. Coisas de diva. Diva Ira.

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