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Por Amyr Klink

Fotos: arquivo pessoal

Primeira pessoa a fazer a travessia do Atlântico Sul a remo, em 1984, o velejador Amyr Klink descreve seu reencontro com a Islândia após 30 anos.

Após a invernagem na Antártida em 1990, antes de voltar ao Brasil, resolvi continuar até o Ártico e fazer uma escala na Islândia. Fui às cegas, sem muitos planos, e me encantei com o país. Fiquei um mês lá, vasculhei tudo e percebi que em cada cidade que você entra o lugar de socialização não é o bar, a praça, mas os banhos termais. Você entra na piscina no meio de uma nevasca, um frio do capeta e, de repente, está em uma água quente conversando com as pessoas.

Fotos: arquivo pessoal

Agora, ao retornar a Seydisfjördur, fiquei muito impressionado porque não me lembrava mais do cais onde parei. Lembrava apenas que era um cais de madeira e a gente encontrou o mesmo galpão, com as mesmas redes, as mesmas boias, os mesmos cunhos enferrujados. Por alguma razão, foi o único lugar no qual o tempo parou, não sei dizer por quê. Fiquei muito emocionado de encontrar o cais do mesmo jeito que deixei há 30 anos.

Fotos: arquivo pessoal
Fotos: arquivo pessoal

Gosto muito de estabelecer alguma rotina nas cidades aonde vou e poder dizer, por exemplo: “Ali a gente sempre ia naquele barzinho”. Não sei, tenho essa mania de ser reincidente nos lugares para comer e beber e a gente acabou fazendo isso em Reykjavik, em um restaurante que só serve sopa e um espeto de três tipos de peixe. Era muito farto, saboroso e eu gostava de ir lá só para poder falar depois que a gente sempre ia. Eu coleciono vários lugares no mundo, em Amsterdã, na Suécia, na Antártida, espaços que gosto de visitar mais de uma vez para poder fazer essa brincadeira: “Eu sempre ia lá”. A gente achou vários lugares interessantes na Islândia. Conhecemos um profissional especializado em cutelaria, com uma oficina totalmente caótica e bagunçada, com peças de arte espetaculares. Só fui lá uma vez, mas estou desesperado para voltar à Islândia só para dizer que gosto de visitar o mestre cuteleiro Palli Kristjansson na região de Reykjavik.

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