“Uncoupled” é a segunda série do produtor Darren Star, de “And Just Like That…”, na Netflix e traz toda a eloquência e a vitalidade de Nova York novamente agora sob uma nova perspectiva, talvez mais próxima de seu público LGBTQIA+.
Darren é um showrunner e produtor conhecido por dar vida e leveza em suas produções, contrastando bon-vivants a cidades que complementam a narrativa de seus personagens, quase sempre focados nos dilemas das vidas pessoais, como é o caso de seu maior sucesso “Sex and the City”. Além da vida de Carrie e suas amigas, ele é responsável pelo sucesso de “Barrados no Baile” e “Melrose Place”, duas séries grandiosas do início dos anos 90. Desde então atuando como diretor e produtor, ele se estabeleceu em Hollywood como um verdadeiro criador de sucessos até chegar na sua primeira colaboração com a Netflix: “Emily in Paris”.
Bons personagens LGBTQIA+ sempre estiveram rondando as séries do produtor, mas nunca tiveram o holofote de protagonistas, o que acontece em “Uncoupled”. Com o toque de midas de Darren, a parceria do roteiro de Jeffrey Richman, de “Modern Familly”, e a sensibilidade de Neil Patrick Harris, que encabeça o elenco principal e também produz a série, a receita para mais um sucesso está pronta.
Desde que finalizou “How i Mett Your Mother”, Neil vem se aventurando no campo da produção, trabalhando em projetos voltados a esse público, que sempre serviu como elenco de apoio, e agora traz ao estrelato essa série retratando uma realidade em que todos podem se identificar com algum personagem ou algum drama.
Michael Lawson (Harris) vive com seu namorado Colin (Tuk Watkins) em um dos bairros mais charmosos de Nova York, é rodeado de amigos, uma carreira bem sucedida no ramo imobiliário ao lado de sua melhor amiga, Suzanne (Tisha Campbell) e tudo parece perfeito até a festa surpresa de seu amado, que termina o relacionamento sem dar nenhuma explicação, deixando o apartamento e dúvidas para trás.
A jornada de um término é um assunto recorrente nas produções de hoje em dia, mas os pontos que são apresentados aqui diferenciam uma produção caprichosa no roteiro com a sensibilidade. Um dos momentos mais emocionantes da temporada é o diálogo de Michael com uma de suas clientes mais ricas, Claire (Marcia Gay Haiden), uma mulher recém separada que está aos pedaços assim como o corretor.
“Ele foi viver outra vida, e eu estou presa na vida que ele deixou”.
A frase contextualiza toda a série tanto para os personagens quanto para todos que já passaram um dia por isso. A serie não só traz esse viés do término, mas evidencia que nem tudo na vida precisa de uma resposta, que as relações têm um fim e que, para aceitar, o único caminho é seguir em frente. Além das relações, a produção ainda discute o etarismo em todas as esferas, tanto para os gays como para a mulheres, a sexualização dos corpos, a maternidade solo e principalmente o quanto amizades são importantes para nosso desenvolvimento como indivíduos — que apesar de parecer precisar sempre ter alguém, precisamos estar bem com nós mesmos.