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Silva
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Silva resolveu revisitar seu passado para comemorar 10 anos de carreira. Ao invés de lançar músicas novas, o cantor aproveitou o momento para regravar alguns de seus sucessos no disco “De Lá até Aqui”. Em conversa com GLMRM, o capixaba reflete sobre essa viagem no tempo, pandemia, sua relação musical e pessoal com Marisa Monte, como manter a saúde mental em momentos difíceis e educação musical no Brasil.

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  • Como foi regravar seus sucessos para o novo disco, “De Lá até Aqui”?

  • Fazer esse álbum foi uma delícia porque foi como pegar um álbum de fotos antigas com a sua família e ver suas fotos. Revisitei meu passado musical. Tem coisa que você admira, outras que você pensa: ‘que bom que o tempo passou (risos), e outras que não fazem tanto sentido. A obra musical muda de acordo com o tempo, o que ela significa para mim, como vai bater no ouvido das pessoas.

  • Qual é o sentimento de comemorar 10 anos de carreira?

  • Parece que foi ontem, a fase mais clichê possível. A música é a minha vida, é um privilégio muito grande trabalhar com o que ama. Sou grato.

  • No momento em que os artistas lançam músicas quase que semanalmente, como foi retornar ao passado?

  • Eu procuro ser um cara sincero comigo mesmo. Tem uma coisa que o mercado se impõe e de vez em quando você vai procurar entendê-lo. Penso no que me encaixo ao que for imposto. Reflito sobre qual ingrediente posso colocar na música para fazer ela chegar nas pessoas, que tenha um sentido. É um grande trabalho sobre como comunicar. Para mim, esse é um quesito importante do processo criativo de fazer música. Penso muito nisso, não em um modo mercadológico, tão metódico, mas gosto que minha música tenha uma letra, em que as pessoas consigam entender, compreender o que estou falando. Nunca gostei de coisas difíceis demais para serem entendidas. Apesar de já ter feito músicas não tão fáceis de compreender de primeira, mas nem todo trabalho é assim. Esse equilíbrio na carreira é tudo, assim você não é só uma coisa.

  • Sentiu algum arrependimento nesta viagem ao passado?

  • Não cheguei, graças ao bom Deus, a sentir uma vergonha alheia, sabe? Isso acontece muito comigo quando pego fotos antigas, penso em roupas que não usaria mais, meias listradas nada a ver com o resto do look. Em relação à música, não senti isso, algumas coisas não faria hoje, como colocar vários instrumentos, era violino, metalofone, guitarra, teclado, piano, e a música tinha não sei quantos canais para finalizar no estúdio. Era um trabalho do caramba. Hoje em dia faria de um modo bem mais simples. Na época, queria mostrar serviço.

  • Em 2016, você regravou canções de Marisa Monte. Podemos esperar mais referências da cantora em sua carreira?

  • Eu sou apaixonado por ela, todo mundo sabe disso. Ela é apaixonante e só melhora. Temos uma música guardada e sempre falamos sobre trazer uma ideia, sentamos no piano e temos um momento legal de conexão. Foi um presente que a vida musical me trouxe.

  • Temos previsão de lançamento desta música?

  • Sem previsão, está no caderno de Marisa.

  • Como foi o seu período de pandemia?

  • Foi difícil. Sou grato a Deus, ao SUS, a vacinação que está rolando. A pandemia foi trabalhosa na minha cabeça, difícil lidar. Antes do isolamento estava viajando muito, peguei o ritmo e tive que desacelerar. Então, comecei a produzir música e foi o que salvou, pensei em projetos que estavam parados. Lancei o “Ao Vivo em Lisboa”, depois o single no final do ano e agora esse de disco de regravação de 10 anos. Estava namorando, terminei o relacionamento, voltei e depois terminei de novo, então imagina a cabeça fora do trilho. A gente tem que se cuidar, pelo menos das pessoas que estão próximas, fazer o nosso melhor, ver se está todo mundo bem, dar uma checada mesmo. É a hora que eu acho que é de perdão. Se acha que errou vá resolver para deixar a vida mais leve. Já estamos com muitas notícias ruins, temos que cuidar da cabeça.

  • Como cuidar da mente neste Brasil de 2021?

  • Eu tenho muito orgulho de ser brasileiro, como cultura, apesar dos pesares. É um país que quero contribuir com a minha arte, dar um retorno bom. Eu tive uma educação musical muito boa em uma cidade como Vitória, no Espírito Santo, não foi São Paulo, nem Rio de Janeiro. Isso quem me deu foi esse país. Fiz uma carreira e quero poder contribuir também, não quero viver só no meu castelo, não vou ficar satisfeito se não tiver educação musical aqui. Meu sonho é ver música nas escolas, sou um romântico.

  • Como manter essa positividade?

  • Cada pessoa tem um jeitinho de não pirar, comecei a organizar melhor os horários. Por exemplo, ler notícia toda hora me deixa ansioso. Cada um tem que saber filtrar as coisas, temos que nutrir o coração com coisas boas, ler um livro bom, colocar uma música boa, relaxar, fazer caminhada, senão ferrou.

  • Você começou uma nova atividade durante a pandemia?

  • Comecei a estudar um instrumento novo. Não posso falar qual é, estou guardando como um segredo. Eu vou aprender bonitinho, estudar, e depois posso mostrar para as pessoas.

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