Sofia Coppola – filha de um dos homens mais importantes da história do cinema, Francis Ford Coppola -, escolheu seguir a profissão do pai, mas abriu o jogo sobre seu processo criativo e pouca representatividade feminina em papo online durante o Iguatemi Talks, nesta quarta-feira. Aos 50 anos, a cineasta afirmou que sempre sentiu falta do olhar feminino no cinema, e por isso passou a retratar o universo das mulheres no audiovisual. “Estou interessada no ponto de vista feminino porque me conecto com isso. Sempre existiu mais ponto de vista masculino nesta área. Não vi muitas obras em que me identifiquei com personagens mulheres”, disse ela.
Sofia disse que costuma seguir sua intuição na hora de criar um roteiro: “Eu sempre quis fazer coisas que pudessem me conectar emocionalmente e com sorte colocar algo no mundo que tenha beleza e que as pessoas possam se conectar. Assim espero”, afirmou. Mesmo confiante com seu trabalho, ela revelou que também escuta a opinião do pai, mas que a palavra dele não é a final. “Aprendi muito com ele, mas às vezes não concordo com suas orientações. Me lembro quando estava começando e ele me disse para fazer mais barulho. Eu não sou barulhenta, não é meu jeito. Eu mostro meus filmes para o meu pai antes de terminar porque sei que terei ótimos conselhos sobre a edição. Nem sempre eu concordo, mas é bom ter uma outra opinião.”
Apaixonada por moda, Sofia comentou sobre sua conexão com o estético. Segundo ela, essa preocupação com o belo faz com que ela se envolva até nos figurinos de seus filmes.
“Eu realmente penso sobre o visual de alguns dos meus projetos e o que os personagens estão usando. Isso realmente vem apenas dos meus interesses. Sempre, sempre amei a moda. Eu adoro trabalhar com atores e arrumar tudo. É o que me agrada”
Sofia Coppola
Ao revisitar a carreira, a cineasta exaltou os 20 anos do filme “As Virgens Suicidas”: “Acho que essa obra realmente me tornou uma cineasta”, confessou. Sobre sua parceria com Kirsten Dunst, que em 2006 interpretou a rainha francesa no filme “Maria Antonieta”, a produtora disse que conheceu a atriz quando ela tinha 16 anos e sabia que ela daria tudo de si no longa: “Kristen tem descendência alemã e o papel era de uma austríaca. Senti que ela tinha um ‘quê’ a mais. Eu sempre adorei trabalhar com ela”, exaltou Sofia, que afirmou que o filme sobre a rainha foi o mais difícil de realizar por ser uma produção grande.
Outro artista exaltado pela cineasta foi Bill Murray. “Quando estava escrevendo “Encontros e Desencontros”, pensei: “Eu não vou fazer esse filme sem Bill Murray. Passei um ano tentando contato com ele, até que aconteceu e foi incrível. Ele chegou em Tóquio e nos ajudou tanto. Sou muito feliz de ter ele em minha vida como amigo”, contou Sofia.
A notícia é boa para os fãs da cineasta é que ela está se unindo à Apple TV para desenvolver uma série baseada na obra “The Custom of the Country, de Edith Wharton. A trama é de uma jovem mulher do centro-oeste chamada Undine Spragg que tem a ambição de fazer parte da alta sociedade de Nova York. “Estou trabalhando na adaptação deste livro que amo. Estávamos desenvolvendo o roteiro no ano passado e agora vou começar a gravar com o elenco”, confessou ela, que ficou reclusa durante a pandemia em um dos hotéis do pai em Belize, na América Central. O projeto ainda não tem data de estreia, mas já estamos ansiosos.