Revelação baiana, Rachel Reis leva seu suingue cheio de referências ao palco do Coala e lança disco

Foto: Divulgação/Juliana Pavin

Os últimos meses têm sido corridos na vida de Rachel Reis, cantora de 25 anos que viu as faixas do seu EP “Encosta”, gravado durante a pandemia, ganharem os tocadores musicais e conquistarem cada vez mais fãs. Apontada como uma das artistas Revelação do Ano do Prêmio Multishow 2022, ela sobe neste sábado (17) ao palco do Coala Festival, após cumprir uma agenda de festivais pelo país.

“Eu entendi agora que cantar e estar no palco é um detalhe muito pequeno comparado a todo o processo que tem por trás”, diz a baiana, rindo, na conversa com GLMRM. “É cansativo, mas é uma loucura que eu gosto. Era o que eu queria estar vivendo. Quando me perguntavam o que eu queria fazer, eu dizia: ‘quero cantar em festivais.’”

Foto: Divulgação/Juliana Pavin

Além da agenda concorrida de shows e os preparativos para o lançamento do primeiro álbum, que chega às plataformas dia 27, Rachel está no último período da faculdade de Publicidade, feita à distância e, graças ao home office, mantém o emprego de redatora em uma agência.

Tanta agitação contrasta com a voz macia e a cadência lenta e suingada das canções que a tornaram conhecida. “Maresia”, a primeira a estourar, coloca brega funk e arrocha para dançar coladinhos no caldo de referências da cantora, cujo estilo desafia os rótulos que comumente são associados a novos artistas, sobretudo baianos.

A faixa quase ficou de fora do EP porque apesar da batida gostosa e refrão chiclete, Rachel achava que destoava um pouco das demais. “Eu tinha um pouco dessa cautela por ser uma música muito fácil de comunicar”, diz. “Mas depois de um tempo parada, ouvi de novo e disse: ‘galera, isso aqui tá muito bom!’” Acabou entrando como faixa-bônus de “Encosta” e já acumula mais de 5 milhões de reproduções só no Spotify.

Dos bailes aos barzinhos

A fusão de ritmos, que já fez a cantora ser classificada em estilos tão genéricos quanto “brasilidades”, pop ou MPB (“Acho chic”, ela brinca), vem de casa. A mãe, Maura Reis, era cantora de seresta em Feira de Santana, enquanto a irmã mais velha, Sara, canta piseiro.

Mesmo incentivada pela família, Rachel achava que cantar não era a sua. Mas em 2016, após um primo chamar para soltar a voz em um evento, tomou gosto pelo palco. Começou se apresentando em barzinhos, onde o repertório que juntava Caetano, Peninha e Fagner acabou desagradando alguns. “Tinha bar que não me chamava mais porque diziam que meu repertório era muito triste, mas eu segui firme com meu Peninha”, lembra.

“A gente está vivendo a época do streaming, de todo mundo escutar de tudo. Não existe mais só pagodeiro, nem só a pessoa da bossa nova”

Em 2018, cansada da noite, pensou em desistir da música e chegou a cursar um semestre de Direito. Mas foi só no ano seguinte, após deixar o curso, que resolveu “botar e mente pra jogo” e tentar transformar em música os versos que já vinha rabiscando há algum tempo. Em 2020, o medo de avião a fez tomar um ônibus até Recife onde gravou as primeiras faixas avulsas, acompanhada dos sons caribenhos do guitarrista Cuper e do eletrônico do produtor Zamba, o mesmo do Àttoxxá.

Pouco mais de um ano depois, teve de enfrentar o pânico de voar para realizar o desejo de entrar no circuito de festivais pelo Brasil. “Tá muito louco! Eu estava no line-up do Mita com um monte de banda que eu sempre fui fã na adolescência, The Kookies, Gorillaz… Como assim?”, diz, ainda admirada.

No palco do Coala, além das faixas de “Encosta”, Rachel deve mostrar algumas inéditas do novo álbum, como uma parceria com Céu, além de covers que resumem um pouco do seu ecletismo musical: de Mutantes a Alcione e Yan Cloud, outra revelação recente da Bahia. “A gente está vivendo a época do streaming, de todo mundo escutar de tudo. Não existe mais só pagodeiro, nem só a pessoa da bossa nova”, diz ela, com autoridade no assunto.

Coala Festival
Quando: neste sábado (17), a partir das 13h, e domingo (18), 12h30
Onde: Memorial da América Latina – entrada pelo portão 12 (Av. Mário de Andrade, 664 – Barra Funda)
Ingressos: a partir de R$ 270 (meia) à venda no site do evento

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