Óculos espelhados, personalidade extravagante e caráter multidisciplinar marcam Marta Minujín, um dos grandes fenômenos da arte no mundo. Dona de inúmeras facetas e pioneira do happening e da arte participativa, as obras da argentina chegam pela primeira vez ao Brasil neste sábado, 29 de julho, com a primeira mostra panorâmica na Pinacoteca de São Paulo, intitulada “Marta Minujín: Ao Vivo”, com curadoria de Ana Maria Maia.
A exposição conta mais de 100 obras de 1963 até os dias de hoje, incluindo a instalação El Batacazo, além de trabalhos como Galeria Blanda (1973) e La Caída de los Mitos Universales (1978). Nos primeiros dias da mostra, um inflável de 17 metros de altura, um dos grandes sucessos no Lollapalooza Argentina, recebe o público no estacionamento Pina Luz.
Mesmo aos 80 anos, a artista argentina produz incansavelmente até os dias de hoje. Ela se destaca por transitar entre linguagens, escalas e circuitos artísticos e sociais. Não à toa, é figura importante em capítulos fundamentais da história da arte, passando pelo novo realismo, pop art, conceitualismo, arte pública e multimeios.
A exposição: uma trajetória nada linear retratada em 7 salas
Ainda que não siga uma linha cronológica, a mostra passa por momentos cruciais da sua trajetória, começando pelo famoso conjunto de colchões, que inaugura seu statement criativo dos anos 60 no âmbito do novo realismo. O trabalho com os colchões é focado no interesse de Minujín de aproximar a arte das dinâmicas da vida, se apropriando de materiais cotidianos e industriais, sempre com uma pitada de tons vibrantes.
Seguindo adiante, o público pode visitar a Galeria Blanda, instalação de 1973, feita com 200 colchões e recriada exclusivamente para a mostra da Pinacoteca. Formando um gigante cubo branco, a antigaleria convida os visitantes a descansar ou brincar.
Já na terceira sala de exposição, a instalação histórica da artista, El Batacazo, também recriada para a mostra, a artista mobiliza estratégias participativas para se posicionar perante a indústria cultural.
Ao caminhar para o quarto espaço, documentos sobre o fenômeno social da comunicação e seu potencial disseminador são retratados em obras como Simultaneidad en simultaneidad (1966) e Leyendo las noticias en el Río da Plata (1965). No contexto político daquela época, a proliferação de ditaduras militares pela América Latina levou a práticas artísticas para a conscientização de uma realidade sociopolítica e para um projeto de integração entre os países da região.
Frutas e vegetais compõe a quinta sala. Os alimentos nativos representam recursos definidores de uma identidade nacional, enquanto o obelisco argentino, totalmente reconfigurado, ocupa o sexto ambiente da Pina Luz.
A mostra termina com uma das videoinstalações mais recentes da artista, Implosión! (2021). A nova versão da obra promove a imersão em um cubo musical multicolorido. O projeto nada mais é uma animação de fotografias de detalhes de um colchão histórico que reflete a percepção da contemporaneidade como uma bateria de estímulos sensoriais.
Serviço – “Marta Minujín: Ao Vivo”
Onde: 1º andar da Pinacoteca Luz –
Quando: 29.07.2023 a 28.01.2024
Quanto: De quarta a segunda, das 10h às 18h (entrada até 17h); Gratuitos aos sábados – R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada), ingresso único com acesso aos três edifícios – válido somente para o dia marcado no ingresso; Quintas-feiras com horário estendido B3 na Pina Luz, das 10h às 20h (gratuito a partir das 18h)