Por que o sucesso feminino ainda é tão questionado?

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Ao alcançar o sucesso, as mulheres ainda são colocadas no tribunal do juri em pelo século XXI. Anitta, Ludmilla, Gabriela Prioli, Juliette, Duda Beat, Manu Gavassi e Kim Kardashian são alguns dos exemplos de mulheres multifacetadas que alcançaram a fama e tiveram de enfrentar os críticos, situação a que normalmente homens não são expostos.

“É raro esse tipo de questionamento surgir quando é um homem sendo premiado ou em posição de destaque. Porque o sucesso do homem é normalizado, já a mulher precisa ser excepcional pra não ouvir um “ela nem é tudo isso”. E, mesmo assim, ainda vai ouvir!”, afirma a comunicóloga Clara Fagundes.

Além do “ela nem é tudo isso”, o “só porque é bonita” e “ela simplesmente não pode ser uma coisa só” são algumas das frases ditas que reforçam a fetichização da insegurança feminina e a raiva do seu sucesso.

“Nós amamos mulheres inseguras. Nós, que compomos a sociedade patriarcal, consumimos a fetichização feminina em músicas, livros, filmes. Mulheres seguras são arrogantes, más, metidas. As inseguras são delicadas, humildes e boazinhas”

Clara Fagundes

O caso mais recente foi da cantora Marina Sena, que teve um dos álbuns brasileiros mais aclamados do ano e foi vencedora do prêmio Multishow. A mineira teve o Instagram hackeado semanas depois de ter um vídeo viralizado em que sua voz foi questionada. Depois do ocorrido, a cantora disse que pessoas próximas tentam mostrar que essa negatividade é uma consequência de seu sucesso. “Eu não posso achar isso normal, nem ninguém deveria. Isso mostra a decadência em que se encontra a sociedade e quantos artistas incríveis a gente deve perder para a maldade”. Em conversa recente com o GLMRM, Marina deu um show de autoconfiança ao demonstrar dar conta do recado sobre ser a revelação do pop brasileiro. “Pode jogar nos peitos da mãe que ela administra (risos). Não tem problema não!”, disse ela na época.

Clara ainda relembra alguns outros casos. “Outro exemplo foi quando Anitta assumiu o conselho da Nubank, e quando Juliette cantou ao vivo pela primeira vez. Elas sofreram esse mesmo tipo de julgamento, como basicamente qualquer mulher em posição de destaque”, afirma ela que ressalta as críticas ferrenhas para cima das duas celebridades.

Para romper esse costume, a comunicóloga indica refletir e repassar: “Não reforce o coro de ‘ela não é tudo isso’ toda vez que uma mulher brilhar e não exija que uma mulher seja extraordinária para que possa ser merecedoras do sucesso.”

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