Como ressuscitar um dos maiores clássicos que mudou a trajetória da história dos efeitos visuais do cinema moderno? Esta é a resposta que Lana Watchwoki, diretora de “Matrix Ressurections”, que desta vez não conta com a parceria da irmã Lilly Watchwoki, tenta responder nas mais de duas horas do novo longa.
O primeiro “Matrix” (1999) é um marco da sétima arte, considerado um dos filmes mais inovadores em efeitos visuais. Suas sequências de ação inspiraram outras produções cinematográficas, o que fez dele um filme cult, diferente de suas sequências, “Matrix Reloaded” e “Matrix Revolutions”, ambos de 2003, que não tiveram o mesmo êxito.
Retornar 20 anos depois a esse universo é um risco, mas Holywood ainda surfa na onda das sequências e reboots, e mexer com uma franquia que tem um potencial gigantesco era só questão de tempo. E ainda bem que foi nas mãos de uma das criadoras do material original, Lana Wachowski. Depois de um tempo arriscando e trabalhando em outros universos, ela retornou para dar a Neo (Keanu Reeves) e Trinity (Carrie-Anne Moss) uma nova aventura.
Após os acontecimentos de “Matrix Revolutions”, Neo agora é um famoso designer de games, no qual ele incluí sua história pessoal no enredo desses jogos atingindo o ápice de sua vida profissional, porém até que ponto ele é capaz de sacrificar sua vida pessoal para ter sucesso e esquecer os fatos do passado? A história é repleta de metalinguagem, a trilogia original, aos estúdios Warner Bross – dono da franquia- e sobra até easter eggs da vida pessoal de Keanu Reeves e elenco.
Mas a “paz” que Neo busca é passageira, ao rever sua amada Trinity, vilões do passado começam a ser recorrentes no seu dia a dia, o que fulmina num encontro com Bugg (Jessica Henwick), a novata no elenco que atua como uma figura substituta a Morpheus (Yahya Abdul-Mateen II), que apesar de estar no filme não aparece nos principais momentos da trama. Bugg é uma das principais e melhores adições nesta nova versão de Matrix com presença e postura de líder que chamam a atenção em vários momentos.
Carrie-Anne Moss também tem seu brilho como Trinty e fica evidente o quanto a atriz está ligada à personagem que a consolidou nas telonas. Agora, seu papel tem até um peso maior do que nos filmes anteriores, em que sempre serviu como suporte, para que o protagonista chegasse ao seu propósito. Desta vez, ela é a mocinha que precisa ser salva, mas fica o questionamento: até que ponto ela necessita dessa ajuda?
Destaque para o elenco inclusivo e recheado de atores de todas as nacionalidades, raças e sexualidades. A diretora, Lana Watchwoki, que é uma mulher trans, faz bem essa ponte trazendo um elenco diverso, assim como fez na série “Sense8” – que ela trouxe muitos atores para esse filme- fazendo um filme rico em diversidade. Jonathan Groff e Neil Patrick Harris são mais que exemplos que bons atores não dependem de gênero para caberem em grandes papéis em um filme dessa magnitude.
Ao longo de seus 148 minutos, acontece de tudo em tela e alguns erros são notados como o excessivo uso de flashbacks. O público não precisa a todo momento relembrar quem é quem, onde é onde… bastava citar. Mas no geral, o é filme agregador ao universo com final surpreendente que, com certeza, nos liga a novas aventuras desse universo que voltou com tudo.
Nota: 4/5 – Por Helton Filipe