Documentário repassa a história de Brian Wilson, o gênio atormentado dos Beach Boys

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Quando se fala em Brian Wilson, líder dos Beach Boys e criador de um dos maiores álbuns da história da música, Pet Sounds (1966), gênio e louco costumam aparecer na mesma proporção. Talvez por isso o documentário Brian Wilson: Long Promised Road, que estreia mundialmente nesta sexta-feira (19) nos cinemas e plataformas de streaming, carregue uma boa dose de expectativa. Porque, diferentemente de inúmeras obras sobre o grupo – e o cara – que ousou rivalizar com os Beatles, esta conseguiu o que poucas conseguiram: ouvir o protagonista avesso às entrevistas.   

No filme, o autor de hits como “Good Vibrations” e “God Only Knows” repassa a sua trajetória e a dos Beach Boys durante um papo com o amigo e editor da revista norte-americana Rolling Stones, Jason Fine, durante uma viagem de carro pelo sul da Califórnia. Recortes e outros depoimentos colorem as histórias da banda.

A dupla percorre alguns locais emblemáticos, como a rua no subúrbio de Los Angeles onde cresceram os irmãos Wilson (Brian, Carl e Dennis, todos membros dos Beach Boys). No local onde era a casa, demolida nos anos 1980, um monumento foi erguido em homenagem aos filhos pródigos. Eles visitam também o pico de Paradise Cove, na praia de Malibu, onde foram feitas as fotos do LP de estreia dos Beach Boys, Surfin’ Safari (de 1962).   

“Para que o filme fosse pessoal, com conversas íntimas, as perguntas partem de um amigo, revelando assim um lado de Brian que poucos conhecem”, disse o diretor Brent Wilson, que não tem parentesco com o músico, apesar do sobrenome.  

Além de conversas entre Wilson e Fine, o documentário traz depoimentos de grandes nomes da música, como Bruce Springsteen, Linda Perry, Taylor Hawkins, Elton John e Al Jardine, membro dos Beach Boys. “Ele não merece elogios sobre sua música”, diz Sir John. “Ele merece os elogios sobre sua vida pessoal”.  

Diagnosticado há mais de 50 anos com problemas mentais (incluindo transtorno esquizoafetivo e distúrbio bipolar) que até hoje o fazem “ouvir vozes”, Brian Wilson precisou lidar com um pai abusador na infância, o vício pesado nas drogas (sobretudo maconha e LSD), a perda precoce dos irmãos mais novos, além de um terapeuta charlatão, o psiquiatra Eugene Landy, que praticamente o manteve prisioneiro por uma década. Todos estes desafios estão em Brian Wilson: Long Promised Road, uma boa forma de compreender um pouco mais sobre gênio musical e o sujeito atormentado como duas faces de uma mesma moeda.  

Em tempo: a chegada do documentário coincide com o lançamento do novo álbum solo do artista, At My Piano, composto por clássicos dos Beach Boys tocados ao piano. Entre elas, “Wouldn’t It Be Nice”, “In My Room”, “Don’t Worry Baby”, “California Girls”, “Don’t Worry Baby”, “Surf’s Up”, “Good Vibrations” e “God Only Knows”.  

Sempre bom lembrar: o produtor dos Beatles, George Martin, conhecido como o “quinto beatle”, chegou a afirmar certa vez que “sem Pet Sounds, o disco Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (1967) não teria acontecido”. Segundo ele, Sgt. Pepper’s foi uma tentativa de se igualar Pet Sounds

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