Djavan 2.0: de Melim a Criolo, nova geração revisita repertório do artista com novas interpretações

Reprodução/Globo/Leo Lemos

Aos 72 anos, Djavan é sinônimo de referência. Músicas como “Lilás”, “Flor de Lis” e “Eu Te Devoro” seguem como hits da MPB e regravadas por diversas gerações de artistas pela qualidade e a certeza de sucesso. Tanto que durante a pandemia, vários deles usaram essa “fórmula mágica” para emplacar nas plataformas de streaming e nas rádios. Entre 2020 e 2021, por exemplo, Melim, Terno Rei, Vitão e Criolo interpretaram algumas das 303 composições registradas do cantor alagoano.

Segundo a Deezer, 36,09% de admiradores do cantor está na faixa entre 26 a 35 anos, o que é considerado um público novo, visto que o artista possui 45 anos de carreira. Curiosamente, é o mesmo púbico dos ouvintes dos artistas que o regravaram.

Nova roupagem

Reprodução/Instagram

Terno Rei escolheu “Lilás”, hit de 1984, para dar a sua cara. A canção foi definida a partir de um convite da Deezer, que convidou a banda para participar de um projeto envolvendo músicas dos anos 1980. “Queríamos fazer algo brasileiro e pensar em Djavan foi instantâneo. Escolhemos “Lilás”, pois é uma música que fez parte da nossa vida. Ele é um artista incrível e queríamos fazer uma versão com a nossa cara, meio que como uma homenagem, mas imprimindo características próprias”, comentou Luís Cardoso, baterista do grupo.

“As músicas dele são feitas com muita verdade e tem bastante emoção ali. A interpretação do Djavan nas canções é algo ímpar. São atemporais e vão ser lembradas por anos e anos. Ele é maravilhoso”

Luis Cardoso

O músico confessa que houve um certo receio em regravar a música. “Sabemos que a comparação é inevitável. Mas ficamos felizes em poder apresenta-lo ao nosso público e se aprofundar um pouco mais na música brasileira”.

Uma só não basta!

Foto: Sérgio Blazer

Melim, trio musical formado pelos irmãos Rodrigo, Gabriela e Diogo Melim resolveu celebrar o cantor com 13 músicas em um álbum chamado “Deixa Vir do Coração“, em referência ao clássico “Se“. De acordo com Rodrigo, não foi fácil escolher as faixas, mas todas já faziam parte do repertório do coração e da memória afetiva da família. “Escolhemos as músicas de forma que tivessem equilíbrio entre os segmentos, levada, pegamos algumas coisas dos trabalhos mais recentes, outras mais antigas e depois decidimos a ordem do álbum, os tons e tudo mais”, comenta o músico. Com produção musical do guitarrista Max Viana, filho de Djavan, o disco possui até uma participação com o próprio homenageado na faixa “Outono”, originalmente gravada em 1992.

“Durante a gravação, ele [Djavan] falou que prefere gravar álbuns ao invés de singles e nós nos identificamos com isso. Hoje o mercado está acelerado e se você olha só para a performance de streaming acaba deixando de lado sua essência, deixa do fazer boas “canções”. Ele sempre muito simpático deixou o clima leve, gravou sem pressa até termos o “ok” do diretor Riccardo Melchiades”

Rodrigo Melim

Homenagem

Foto: Gil Inoue

Criolo é um dos cantores que homenageou Djavan, vencedor do Prêmio União Brasileira de Compositores 2021. Durante o evento, transmitido pelo canal da UBC no YouTube, o rapper cantou “Oceano”, sucesso de 1989. “Fui convidado pelo Zé Ricardo, junto com a União Brasileira de Compositores, para fazer parte dessa linda, singela e especial homenagem. Fiquei bem feliz mesmo”, disse o artista. A canção também faz parte da memória afetiva do paulista. “A primeira música que ouvi do Djavan foi justamente Oceano, era tema de novela Top Model, em 1989, foi bem legal. Eu tinha 14 anos”, relembra. Além dele, Diogo Nogueira, Anavitória, Mart’nália, Liniker, Geraldo Azevedo, Giulia Be, Agnes Nunes, Zé Ricardo e Jonathan Ferr interpretaram versões inéditas de sucessos do cantor e compositor durante o prêmio.

Essa não é a primeira vez que Criolo canta uma canção do Djavan. Em 2018, ele interpretou “Cigano” dando uma nova roupagem ao hit de 1989. “Eu pude cantar Cigano em um convite maravilhoso do BiD. Ele fez um disco tão lindo chamado “Jah-Van”, em que as músicas dele foram homenageadas com artistas tão maravilhosos. Foi criado uma áurea tão linda. Aliás, tinha que ter show deste projeto, né?”, revela Criolo.

“O Rael canta bastante Djavan. Lá na pracinha do Iporanga, antes de muitas coisas acontecerem em nossas vidas, o Rael, de vez em quando, tocava músicas dele. Era bom demais!”

Criolo

Voz e violão

Reprodução/Globo

Vitão, durante a pandemia, também pegou o violão e gravou um “Vitão Sessions”, no qual fez uma versão acústica de “Samurai”, canção do álbum “Luz”, gravado em 1982 nos Estados Unidos.

Segundo o jovem cantor de 22 anos, seria impossível tirar a canção do seu repertório por dois motivos. “Quando fiquei sabendo da gaita tocada pelo Stevie Wonder fiquei impressionado com esse respeito que o Djavan tem mundialmente e o quão incrível foi o Stevie fazer essa parceria só no instrumental. Ele nem cantou, só seguiu a melodia de voz do Djavan. Muito incrível ver um artista tão respeitado, percursor de tanta coisa fazendo essa parceria com o Djavan”, disse Vitão.

Para ele, Djavan é eterno por conseguir se manter relevante mesmo depois de tantos anos de estrada. “Ele conseguiu sobreviver musicalmente com shows, discos, composições, colaborações com artistas novos e fiquei muito feliz quando vi Djavan cantando com o pessoal do Melim, que são amigos meus. Quero ter essa oportunidade também de cantar e escrever junto com ele”.

“Artistas que conseguem se renovar e possuem muita verdade conseguem permanecer a vida toda fazendo música, sendo notado e tendo relevância. O respeito dele vem de toda essa história, de tudo o que fez pela música brasileira, ou melhor, pela música mundial.”

Vitão

Para você também “djavanear o que há de bom”, Glamurama preparou uma playlist com as versões citadas acima e outras que valem a pena o play.

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