Destaque em Cannes, Adanilo se reconheceu como indígena só aos 25 anos: ‘Estamos em todos os contextos do país’

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Muito além dos filmes, o Festival de Cannes abriu portas para que novos rostos ficassem na mira dos críticos e adoradores do cinema. É o caso de Adanilo Reis da Costa, descendente de povos das regiões do Baixo Solimões e do Baixo Tapajós, que esteve presente na premiação com o filme Eureka, do diretor argentino Lisandro Alonso. O ator de 32 anos foi um dos protagonistas da trama, que se passa na década de 1870 e retrata a fundo o mundo indígena utilizando nuances da importância da preservação das tradições ancestrais.

Em papo com o GLMRM, o ator revela que a entrada do longa no principal festival cinematográfico da Europa foi um mix de emoções, tendo em vista que a obra é protagonizada por pessoas indígenas em diversos contextos e Américas. Ela ainda destaca que o modo como o filme se desdobrou em regiões, tempos e culturas diferentes, deixou o trabalho mais bonito e prazeroso de assistir.

“O trabalho está muito forte e potente. Foi muito bem recebido pela crítica e pelo público. A sessão em Cannes foi emocionante.”

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História e objetivo

Adanilo saiu da periferia de Manaus e começou a conquistar seu espaço no mundo do cinema em 2011 ao iniciar um curso de teatro na capital amazonense. Na época, não sabia que a cena artística era tão importante na cidade. Já apaixonado pelo mundo da arte, no ano seguinte, foi co-fundador da Artrupe Produções, onde desenvolveu filmes, peças de teatro e eventos culturais diversos, participando de editais e festivais locais e nacionais.

O ator, que passou a se entender como uma pessoa indígena e a entender a sua história apenas quando tinha 25 anos, segundo ele mesmo conta, enfatiza qual é um de seus objetivos na carreira:

“Comecei a trabalhar com teatro e cinema em 2011 e uma das questões mais importantes da minha carreira tem sido fazer com que as pessoas entendam que nós, pessoas indígenas, estamos, estivemos e sempre estaremos em todos os contextos do país”.

Adanilo também afirma que atores e atrizes indígenas podem ocupar o lugar que quiserem. “Não precisamos representar uma comunidade, mas que existam ‘dos nossos’ em todos os cantos. E que o racismo e a xenofobia não atrapalhem o nosso desenvolvimento intelectual, espiritual e a nossa relação com o que a gente quiser ser”, completa.

E, por mais que Eureka tenha sido seu primeiro filme com produção estrangeira, o currículo do ator manauara é longo. Ele esteve presente no Festival de Berlim com Marighella, filme com direção de Wagner Moura onde interpretou o papel de Danilo, além de participar de obras conhecidas do público como Cidade Invisível e Ricos de Amor 2, da Netflix, Dom, da Prime Vídeo e Segunda Chamada, da Globo.

Adanilo e Giovanna Lancelloti em Ricos de Amor 2 Foto: Diego Formiga/Netflix © 2022

Para os próximos passos, Adanilo segue exercitando suas facetas como ator, diretor e produtor. Ele vai começar a filmar o novo filme de Gabriel Mascaro intitulado de O Outro Lado do Céu, está terminando de desenvolver o roteiro de um longa-metragem e começando ver a melhor maneira para estrear o seu novo curta-metragem, Castanho.

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