Na maioria das produções realizadas sobre Dom Pedro I, o imperador que declarou a Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822 é sempre posto como um herói imponente. No entanto, em “A Viagem de Pedro”, novo filme que estreia nesta quinta-feira (1) nos cinemas brasileiros e tem Cauã Raymond e Isabél Zuaa no elenco, o lado humano e frágil do português é ressaltado. Problemas masculinos como a impotência sexual, por exemplo, viram pautas na trama.
“Falamos da fragilidade dele como um todo e, principalmente, da fragilidade sexual”, revela Cauã Reymond em entrevista ao GLMRM. O ator que vive Dom Pedro I durante uma viagem à Europa, em 1831, conta que a ideia do longa dirigido por Laís Bodanzky foi desconstruir a imagem heroica do primeiro imperador do Brasil e levar às telonas a vulnerabilidade do personagem.
Em uma das cenas, Dom Pedro I, que sofre de impotência sexual, é ensinado por Dira, personagem vivida pela atriz Isabél Zuaa, a realizar sexo oral. Fugitiva que entra no navio inglês que leva o imperador para Portugal, a mulher dá uma lição sobre sexualidade e prazer feminino a um grupo de homens que trabalham na embarcação.
“Esse momento é um marco dentro do filme porque, mesmo humilhado, Dom Pedro I vê uma forma de se reconstruir e reconquistar o passo de sua liberdade”, diz Cauã sobre a cena em que realiza o sexo oral.
Sobre o papel de Dira, que é fundamental para o enredo do longa, Isabél explica: “Ao mesmo tempo em que mostramos as fraquezas de um homem branco que tem poder, temos uma mulher falando sobre orgasmos femininos em outra língua e para outros homens”.
Ensinamentos com os personagens
Como tudo na vida pode ser visto como uma lição, Cauã Reymond olha para esse novo projeto como uma forma de discutir situações que, muitas vezes, acabam não sendo confortáveis enquanto se está fora das telinhas (ou das telonas, no caso).
“Nossos personagens nos ajudam a discutir certas dificuldades e situações que, como pessoa física, às vezes não nos sentimos confortáveis. Então, acaba nos ajudando a dialogar com essas vulnerabilidades”.
Já Isábel analisa como a arte impulsiona na coragem e liberdade das pessoas: “As questões artísticas te impulsionam enquanto humano para falar sobre alguns assuntos que são tabus por questões estruturais ou sociais. É sobre entender que estamos todos à procura do mesmo, que é se sentir seguro, amado e livre para ser o que quiser”.
“A Viagem de Pedro” está entre os seis longas escolhidos pela Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais que tentarão uma vaga na disputa pelo Oscar de melhor filme internacional em 2023.