Olá, caro leitor! Hoje vamos mergulhar em um dos fenômenos mais recentes do universo das séries da Netflix: “Bridgerton”, produzido por Shonda Rhymes. Mais especificamente, o fascínio gerado pela personagem da Rainha Charlotte no spin off “Queen Charlotte: A Bridgerton Story”, que estreou este mês e quebrou tudo. Adaptação dos livros de Julia Quinn, conta a história do casamento da Rainha Charlotte e do Rei George III da Inglaterra, uma união que desencadeou uma história de amor tão intensa que transformou a alta sociedade inglesa do final do século XVIII.
A história surpreendente e o elenco afinado fez com que a série cravasse o primeiro lugar entre as produções da Netflix em língua inglesa na semana de sua estreia, atingindo 158,68 milhões de horas de visualização. De lá para cá, acumulou um número impressionante de 307 milhões de horas de visualização, caminhando para destronar a quarta temporada “Stranger Things”, que obteve 352 milhões de horas de visualização nos primeiros 28 dias. Se mantiver esse ritmo, até o fim do mês a saga da rainha Charlotte pode se unir às duas temporadas de “Bridgerton” como as mais assistidas de todos os tempos na plataforma de streaming.
Em seus seis episódios, o show mostra como Charlotte (interpretada por India Amarteifio, em sua versão mais jovem, e por Golda Rosheuvel) passou de princesa alemã à rainha britânica, incluindo o complicado relacionamento com seu marido, rei George III (Corey Mylchreest), e sua turbulenta trajetória como o primeiro membro negro da família real. Nem todo mundo sabe, mas os personagens foram inspirados na Rainha Charlotte e Rei George III da vida real, mas o que da trama é fato e o que é licença poética?
Como o Rei George III e a Rainha Charlotte se conheceram?
No episódio de estreia da série “Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton”, uma voluntariosa princesa alemã de 17 anos é enviada para a Inglaterra para se tornar a rainha britânica após se casar com George, que nunca viu na vida. Com medo de que seu noivo fosse homem asqueroso, Charlotte tenta escapar escalando o muro do palácio no dia do casamento e, por obra do destino, acaba ficando cara a cara com o futuro marido, supreendentemente lindo. Pois na vida real não foi tão romântico assim: Charlotte, que ainda não falava inglês, conheceu George, de 22 anos, quando foi recebida pelo rei e sua família no portão do palácio ao chegar à Inglaterra, apenas seis horas antes do casamento real.
Ela realmente foi a primeira rainha negra?
Um enredo importante ao longo da construção do personagem da rainha Charlotte é a intersecção de raça e política dentro da monarquia, já que Charlotte é apresentada como a primeira pessoa negra a se casar com um membro da família real. Até hoje, os especialistas ainda debatem as origens raciais de Charlotte.
Independente das dúvidas em torno da etnia da Charlotte da vida real, os criadores da série decidiram identificá-la como uma mulher negra. “Muitos historiadores acreditam que a rainha Charlotte era de herança cultural mista”, disse o diretor Tom Verica à Netflix. “Queríamos levar isso em uma direção diferente do que os livros de história disseram que aconteceu – que foi basicamente enterrar isso e não lidar com esse assunto.”
Rei George de fato tinha uma doença mental
Quando George III inicialmente manteve Charlotte à distância logo depois do casamento para “proteger os segredos da Coroa”, que na verdade diziam respeito a uma condição não diagnosticada o fazia alternar períodos de sanidade e outros completamente insanos. Inicialmente considerado um “cerebelo inflamado”, Dr. Monro (Guy Henry) acredita que o George da série está “apenas sofrendo de uma desorganização dos nervos”, propondo um tratamento bizarro.
Na história real, acredita-se que George tenha tido uma condição médica causada por porfiria. No artigo de 1966 “A insanidade do rei George III: um caso clássico de porfiria”, a dupla de mãe e filho psiquiatras, Ida Macalpine e Richard Hunter escreveram que os registros da realeza mostravam que ele sofria de uma doença genética no sangue que pode causar alucinações, depressão e paranoia.
Depois de experimentar sua primeira crise em 1765 (quatro anos após seu casamento com Charlotte), George sofreu uma recaída final em 1810. No ano seguinte, seu filho mais velho, príncipe George IV, príncipe de Gales, tornou-se príncipe regente.
Charlotte e George tiveram 15 filhos
No que diz respeito à produção de herdeiros, Charlotte e George superaram o que era esperado. O casal teve 15 herdeiros (nove filhos e seis filhas). Porém, apenas 13 sobreviveram após o nascimento – uma situação comum, tendo em vista os índices de mortalidade infantil no século 18. Desses partos, 14 foram realizados no Palácio de Buckingham. Entre os filhos do casal, estão Carlota de Württemberg (1766 – 1828), Ernesto Augusto I, rei de Hanôver (1771 – 1851), Adolfo, Duque de Cambridge (1774 – 1850) e Augusto Frederico, Duque de Sussex (1773 – 1843).
Assim como na série, os irmãos reais tiveram dificuldade em produzir herdeiros. E quando os pais morreram, apenas um herdeiro legítimo – a filha de George IV, princesa Charlotte – havia nascido (embora houvesse vários filhos ilegítimos). Mas princesa Charlotte, neta da rainha, morreu no parto aos 21 anos. Sua prima, filha de príncipe Edward, acabou se tornando a monarca dominante: a famosa Rainha Vitoria, tataravó da Rainha Elizabeth II.
A rainha ganhou cãozinho para aplacar a solidão
Conhecido hoje como “cachorro de madame”, a raça Lulu da Pomerânia (também conhecido como Spitz alemão) era considerado “item de luxo” da nobreza graças à Charlotte. A rainha adorava a raça de cães, cujo nome faz referência à Pomerânia, região ao norte da Polônia e Alemanha. Quando Charlotte passou a viver no Palácio de Buckingham, trouxe consigo alguns filhotes da raça e chegou até a dar de presente para alguns amigos próximos.
Diferente da série, em que a rainha é presenteada pelo marido com um cão da raça para lhe fazer companhia. A princípio Charlotte não gosta do bicho por achá-lo pequeno demais e estranho. Mas acaba se apegando.