Revisão sistemática e meta-análise publicada em abril ressalta que os exercícios mente-corpo (pilates, ioga, tai chi, entre outros) trazem uma série de benefícios ao corpo de mulheres, principalmente na perimenopausa e menopausa.
Uma série de sintomas está associada à menopausa e, em alguns casos, ao período que a antecede. E, embora a terapia hormonal seja comumente usada para aliviar os sintomas da menopausa, abordagens adicionais podem incluir os exercícios mente-corpo, principalmente com o objetivo de melhorar os sintomas da menopausa e a saúde óssea. Mas será que realmente vale a pena apostar nesses exercícios? “Os exercícios mente-corpo integram o movimento corporal ao foco mental e controle da respiração. Dentre eles, estão o tai chi, ioga, pilates, qigong, baduanjin e redução do estresse baseada na atenção plena. Em uma revisão sistemática e meta-análise recente, um trabalho mostrou que o exercício mente-corpo influencia positivamente a densidade mineral óssea, a qualidade do sono, a ansiedade e a depressão entre mulheres na perimenopausa e na pós-menopausa”, explica o ginecologista Dr. Igor Padovesi, membro da North American Menopause Society (NAMS) e da International Menopause Society (IMS). O estudo já está disponível online e será publicado na edição de maio do periódico Menopause – The Journal of the Menopause Society.
A meta-análise usou quatro bases de dados eletrônicas – PubMed, Embase, Cochrane Central Register of Controlled Trials e Web of Science – que foram pesquisadas sistematicamente desde o início até julho de 2023. A pesquisa se concentrou exclusivamente em ensaios clínicos randomizados para examinar o impacto das intervenções de exercícios mente-corpo na perimenopausa e mulheres no pós-menopausa. Um total de 11 ensaios clínicos randomizados, compreendendo 1.005 participantes, foram incluídos na análise. “A meta-análise indicou que o exercício mente-corpo melhorou significativamente a densidade mineral óssea em mulheres na perimenopausa e pós-menopausa em comparação com grupos de controle. Além disso, foram observadas melhorias significativas na qualidade do sono, redução da ansiedade e humor depressivo. Os incômodos para as mulheres nesse período são realmente inúmeros e vão de dificuldade em adormecer até menos interesse em atividades sexuais”, destaca o médico ginecologista. “O exercício é de fundamental importância, mas não substitui a reposição hormonal”, acrescenta.
Com relação à massa óssea, um problema comum nas mulheres nesse período é a aceleração da reabsorção óssea, o que pode causar osteoporose. Os efeitos benéficos do exercício, segundo a meta-análise, devem-se ao estresse do músculo esquelético que regula a massa óssea. “O exercício regular e sistemático de sobrecarga melhora a função das células musculares esqueléticas, induzindo estresse nos ossos, modulando o metabolismo ósseo, aumentando o volume sanguíneo intraósseo, facilitando a troca de cálcio entre as células ósseas (osteoclastos e osteoblastos) juntamente com fatores de crescimento, estimulando a atividade de produção de matriz óssea”, diz o médico ginecologista.
Quando o assunto é o sono, há vários mecanismos de ação envolvidos, mas o estudo destacou a prática de ioga, que pode aumentar os níveis de melatonina, um hormônio essencial na regulação do sono, e as concentrações cerebrais de GABA (ácido gama-aminobutírico), um neurotransmissor inibitório que melhora os padrões de sono. “O exercício regular promove a saúde cerebral ao induzir fatores neurotróficos que oferecem neuronutrição e neuroproteção. Além disso, o exercício aumenta o gasto energético, a liberação de endorfinas e a temperatura corporal, beneficiando ainda mais o sono”, diz o Dr. Igor Padovesi.
Em transtornos emocionais, o exercício mente-corpo aumenta o foco e melhora o humor ao mesmo tempo em que modula o estresse, segundo o estudo. “Os médicos podem recomendar práticas mente-corpo como um tratamento não farmacológico adjuvante ao hormonal como uma forma eficaz para controlar os sintomas da menopausa. Além disso, esta abordagem oferece às mulheres na perimenopausa e na pós-menopausa mais opções de exercícios, em vez das práticas convencionais”, finaliza o Dr. Igor.
Fonte: Dr. Igor Padovesi: Médico Ginecologista, membro sênior da European Society of Aesthetic Gynecology (ESAG), da North American Menopause Society (NAMS), da International Menopause Society (IMS) e associado à Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), onde já fez parte da Diretoria de Comunicação Digital (2016-2019). É doutorando em Ginecologia pela UNIFESP, com projeto na área de cirurgias íntimas. Formado e pós-graduado pela USP, onde foi preceptor da Disciplina de Ginecologia. Ex-instrutor dos cursos de pós-graduação e outros cursos da área de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Albert Einstein e membro do corpo clínico do mesmo hospital. Criador dos projetos Menopausa ComCiência, SPMothers e fundador do Instituto de Cirurgia Íntima. Conquistou em 2024 o prêmio internacional com o 1º lugar no Congresso Mundial de Ginecologia Estética na Colômbia, com trabalhos científicos sobre ninfoplastias. Site: https://www.igorpadovesi.com.br/ | Instagram: @dr.igorpadovesi