Desde os 11 anos de idade a influenciadora Kéren Paiva, hoje com 25, sofre com acne. A jovem já tentou esconder suas manchas e espinhas com quilos de maquiagem, apostou em tratamentos para alcançar a pele perfeita e até arriscou algumas receitas caseiras de skincare.
Tudo foi feito na tentativa de melhorar a autoestima e chegar próximo a um resultado do que ela via nas redes sociais, revistas e televisão. Todas essas tentativas frustradas fizeram com que Kéren acabasse desenvolvendo um novo olhar para si mesma e, desde 2020, a influenciadora aderiu ao movimento pele livre.
Ao GLMRM, ela conta que passou por “altos e baixos” com a sua pele e autoestima durante esses 14 anos. Desde a adolescência, convive com a acne e isso acabou aumentando sua timidez, o que dificultou a sua socialização na época da escola.
“Sempre fui uma pessoa tímida, mas a acne agravou muito mais esse meu lado. Eu me sentia feia, acordava mais cedo para passar maquiagem. Sempre ia pra escola toda maquiada. A pior fase foi no ensino médio porque a gente tenta se encaixar, né?”, relembra.
Cansada de ver perfis ditando regra sobre o que fazer ou não na pele, Kéren Paiva decidiu usar o Instagram como uma ferramenta para conscientizar sobre a acne da mulher adulta (que foi diagnosticada por dermatologistas) e acolher meninas que sofriam com a mesma condição.
Em pouco mais de dois anos, ela viu seus seguidores aumentarem e criou uma comunidade acolhedora que hoje conta com mais de 50 mil perfis. “Eu sabia que tinha pessoas que precisavam ouvir o que eu tinha pra falar, mas não imaginei que seria na proporção que se tornou”.
O que é o movimento pele livre?
A dermatologista Bianca Viscomi explica que o movimento pele livre tem como ideia central a autoaceitação, pois é um espaço onde “as imperfeições da pele não são problematizadas e nem algo que as pessoas devem esconder”.
“Nós, dermatologistas, sabemos que uma pele sem imperfeição nenhuma não existe. Na verdade, ela só existe nos filtros do Instagram, PhotoShop ou casos raríssimos”, afirma.
A médica reforça que é necessário entender o que, de fato, acontece com a pele e ir além da autoaceitação: “Precisamos entender o movimento pele livre como autoaceitação, mas não é possível normalizar e aceitar doenças que precisam ser diagnosticadas e tratadas por questão de saúde”.
Outro olhar para si mesma
Mesmo compartilhando sua rotina de cuidados com a pele e inovando no quesito maquiagem, Kéren não esconde o que realmente gosta: mostrar para as pessoas que não é preciso “sair de uma caixa para entrar em outra” e que ter acne não é o fim do mundo.
“É para entender que você tem liberdade com o seu corpo, autonomia na sua pele para usar e fazer o que quiser. Isso é condição de pele, ela não dita que você é mais ou menos que alguém”, diz.
Por mais que pregue sobre uma pele mais natural, a influenciadora sempre reforça o quão importante é fazer um acompanhamento médico – ainda mais se tratando da acne da mulher adulta, que é o seu caso.
A dermatologista Bianca Viscomi concorda: “Quando as influenciadoras mostram que têm acne, elas fazem com que outras meninas procurem ajuda para essa condição e isso é maravilhoso”.