Novembro: Mês de Conscientização sobre zumbido, misofonia e hiperacusia e seus impactos na saúde mental

Os sons podem irritar? Entenda as condições auditivas ligadas a ruídos e sons e como elas afetam a qualidade de vida

Dra. Nathália Prudencio

Novembro é o mês de prevenção ao zumbido, misofonia e hiperacusia, condições ligadas à sensibilidade auditiva em que os pacientes desenvolvem uma redução da tolerância aos sons – às vezes até em volumes usualmente toleráveis. “A hiperacusia (dificuldade em tolerar sons por uma sensibilidade aumentada), a misofonia (reação negativa a sons e ruídos comuns), a fonofobia (fobia a sons e ruídos específicos) e o zumbido (percepção de um som sem que haja fonte externa) podem prejudicar a saúde mental e afastar esses pacientes até do convívio social com familiares”, explica a Dra. Nathália Prudencio, médica otorrinolaringologista e especialista em tontura e zumbido. Abaixo, a médica explica mais sobre as condições:

Hiperacusia – Segundo a Dra. Nathália, o termo se refere à sensibilidade aumentada a sons em volumes usualmente toleráveis. “O paciente se sente incomodado com sons de intensidade baixa ou moderada, que para a maioria das pessoas são considerados aceitáveis. Embora o nome possa confundir, essa condição diz respeito à tolerância do indivíduo ao volume do som e não a uma maior capacidade auditiva. Pelo contrário, a hiperacusia é frequentemente desencadeada por alguma perda ou lesão auditiva”, diz a médica. “A hiperacusia é um distúrbio da via auditiva que ocorre após alguma lesão ou agressão que essa via sofreu. É o que chamamos de ganho aumentado na via auditiva. Existem várias causas possíveis, como infecções, uso de determinados medicamentos e algumas patologias que podem causar perda de audição, como a Doença de Ménière, bem como a exposição prolongada a ruídos de alta intensidade e perda auditiva súbita, entre outras possibilidades”, explica a médica. “Dependendo do caso, o paciente pode se isolar, ficar mais recluso e não conversar sequer com familiares. O tratamento consiste na terapia sonora e no aconselhamento feito junto a um profissional capacitado, geralmente um fonoaudiólogo com experiência nessa área. A terapia sonora poderá ser realizada com sons do ambiente ou por meio do uso de aparelho de amplificação sonora, principalmente em pessoas que já apresentam algum grau de perda auditiva. O paciente será submetido a exposição sonora de uma maneira lenta e gradual com o objetivo de dessensibilizar a via auditiva”, comenta a Dra. Nathália.

Misofonia – Embora seja confundida com hiperacusia, a misofonia é a intolerância aumentada a sons específicos e, geralmente, repetitivos, como cliques de aparelhos, mastigação, digitação, entre outros. “Nesse quadro, porém, o paciente não apenas se incomoda, mas também apresenta reações emocionais negativas diante do som. Na hiperacusia, portanto, há uma sensibilidade à intensidade dos sons devido a um distúrbio na via auditiva, enquanto na misofonia há uma intolerância seletiva devido ao contexto ou ativação emocional que aquele som gera. Um paciente com misofonia pode se desconcentrar por causa do ruído sutil de um aparelho elétrico, mas não se importar com uma música alta ou o som de uma avenida movimentada, por exemplo”, esclarece a Dra. Nathália. Como o termo “miso” significa ódio, repulsa ou aversão, a médica explica que o paciente costuma apresentar irritação intensa ao som que lhe incomoda. “A reação negativa desproporcional não apenas compromete o foco do indivíduo, como pode desencadear outros sintomas, como taquicardia, sudorese e até pânico”, explica. Quanto às causas da misofonia, acredita-se que o distúrbio esteja intimamente associado a alterações no sistema nervoso central. “Fatores genéticos, histórico de experiências negativas e transtornos do humor já foram relacionados ao quadro”, diz a Dra. Nathália. “Também é uma condição que, quando muito grave, traz prejuízos sociais, como isolamento, já que os sons que funcionam como ‘gatilho’ são comuns”, acrescenta. “Na misofonia, dada a sua relação direta com a resposta emocional do paciente, é sempre indicado o acompanhamento terapêutico com psicólogo. A Terapia Cognitivo Comportamental é um dos métodos indicados, especialmente quando o surgimento do problema está ligado a algum acontecimento passado. Além disso, é importante o tratamento de comorbidades psiquiátricas como ansiedade e depressão”, sugere.

Fonofobia – A fonofobia é caracterizada pelo medo de se expor a determinados sons. Por conta desse transtorno, o paciente pode ter medo e crise de ansiedade associados a ruídos altos e repentinos. No geral, não há relação com outros problemas auditivos. Os pacientes podem sentir medo e muito desconforto ao ouvir certos sons, como buzinas, alarmes, sirenes, fogos de artifício e o barulho do trânsito. “Pessoas com fonofobia podem apresentar crises de ansiedade, taquicardia, sudorese, náuseas, tonturas e dor física inexplicável”, comenta a médica. O acompanhamento psicológico também é o mais indicado para o tratamento dessa condição.

Zumbido – Diferente da hiperacusia, misofonia e fonofobia, no zumbido não há uma fonte externa do som, mas esse sintoma pode acompanhar alguns desses problemas auditivos. “O zumbido crônico pode ser percebido como apito ou chiado nos ouvidos, mas vai muito além de um sintoma auditivo. Apenas um em cada dez pacientes apresenta o zumbido como um incômodo importante. Nessas pessoas, o sintoma pode ser um fator determinante para o surgimento ou agravamento de transtornos do humor, como a ansiedade e a depressão”, afirma. “O zumbido crônico também pode levar a impactos cognitivos, afetando funções como memória, atenção e capacidade de concentração.” Esses diagnósticos podem estar ligados à tentativa constante de ignorar o ruído auditivo, segundo a médica. A otoneurologista também ressalta que, para algumas pessoas, o ruído pode ser entendido como algo inofensivo e pouco relevante; enquanto para outras, pode ser um enorme tormento, mesmo quando suas características são muito semelhantes. “Hoje em dia, existem tratamentos para o zumbido e é fundamental compreender o seu quadro para que as medidas necessárias sejam tomadas e o sintoma deixe de ser uma preocupação em sua vida”, finaliza a médica.

FONTE: *DRA. NATHÁLIA PRUDENCIO: Médica otorrinolaringologista, especialista em tontura e zumbido. Fez especialização e mestrado em otoneurologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Com foco no diagnóstico e tratamento de distúrbios do equilíbrio e transtornos auditivos causadores de zumbido, a médica possui título de especialista em Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF). Graduada em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), fez residência Médica em Otorrinolaringologia na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). CRM-SP 203299 | Instagram: @dranathaliaprudencio

Esse texto foi produzido pela Holding Comunicações, assessoria de imprensa especializada em saúde, beleza e bem-estar com 30 anos de experiência no setor.

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