“Sexo no cotidiano: atração, sedução, encontro e intimidade” é o título do novo livro da médica psiquiatra Carmita Abdo, referência em estudos da sexualidade. Lançado pela editora Contexto, a publicação explora o conceito de como o sexo saudável muda com o tempo: o que ontem era aberração, hoje pode ser extravagante. E em tempos de isolamento social causado pela Covid-19, o sexo virtual que já foi “condenado” se tornou uma prática comum: “Na pandemia, tivemos uma mudança drástica motivada pelo confinamento. Quem não tinha uma união estável se resguardou e o sexo passou a ser mais masturbatório e virtual, práticas que passaram a ser indicadas pela Organização Mundial da Saúde, o que surpreendeu a todos. A masturbação já foi considerada doença e agora é recomendada como forma de proteção contra o contágio pelo coronavírus”, explicou a médica em live com Joyce Pascowitch, nesta sexta-feira.
Segundo Carmita, o prazer online ganhou adeptos, ou melhor, adeptas: “As mulheres aderiram ao sexo virtual numa proporção que não tinha acontecido até então e isso foi demonstrado tanto na literatura como no consultório. Hoje o sexo virtual faz parte do cotidiano e não vai mudar mais porque é barato, não precisa sair de casa e a pessoa escolhe o que deseja”, enfatizou no papo.
A psiquiatra também revelou que a falta de desejo pelas mulheres é a maior queixa nas suas consultas, já que durante muito tempo era natural não ter prazer porque o sexo era “obrigatório”, apenas para satisfazer o prazer do outro. Mesmo com essas questões ainda latentes, ela contou que a relação das mulheres com o prazer evoluiu, mas nem todas tiveram formação, experiência, o que interfere no desejo, que não é do mesmo nível do parceiro. “Essa é uma problemática, os homens e mulheres têm diferenças de necessidade, frequência, intensidade e valorização. Elas querem sentir o mesmo tesão e estarem tão disponíveis como eles”, explica Carmita, que também é professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Aqui, o papo completo entre Joyce Pascowitch e Carmita Abdo.