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Attack on Titan
Divulgação/Funimation

Nada se cria, tudo se atualiza! Mesmo depois de dois mil anos, o que talvez seja o exemplo mais famoso da história da filosofia continua sendo atualizado e incorporado em nossa cultura em forma de entretenimento: O Mito da Caverna de Platão é atemporal. Obras como “Matrix”, “A Ilha” e até orientais como “Shingeki no Kyojin” (também conhecido como Attack on Titan) trazem como inspiração a alegoria dos gregos com um ar contemporâneo e contextos atuais. Nesta semana, iremos analisar os pontos que ligam a filosofia platônica ao entretenimento, para que possamos extrair, para além do gosto pessoal, lições que dizem respeito ao que vivemos (mesmo que dois mil anos depois).

Divulgação/Funimation

O Mito da Caverna de Platão está descrito no livro “A República”, um diálogo Socrático, uma história que narra uma passagem da vida de Sócrates interagindo com outros personagens, que tem como objetivo a busca de algum conceito essencial – no caso desse livro, “O Conceito de Justiça”.

O mito narra a seguinte história: Imagine que você, desde muito novo, está aprisionado numa caverna com correntes que prendem seus pés e braços. Ao seu lado, outras duas pessoas também estão aprisionadas e tudo que você consegue ver são sombras em uma parede causadas pela chama de uma tocha bem atrás de você. No interior da caverna você ainda ouve sussurros e barulhos que fazem com que você acredite que os sons são das sombras, tendo a impressão que o que você enxerga é a pura realidade. Você passa anos e anos apenas com aquelas figuras estranhas projetadas na parede com os sussurros montando seu senso de realidade, até que um dia você consegue se libertar das correntes e se surpreende. Seus ossos doem, mas você aos poucos começa a andar e procurar a saída da caverna. Ao sair da caverna você se depara com o sol brilhando e ardendo em seus olhos, cores e mais cores que você sequer sabia que existiam, o mundo é lindo, porém dói, aos poucos você vai se acostumando com a claridade e vai se deparando com coisas, formas e essências totalmente diferentes das que você tinha na caverna, você está maravilhado com o novo mundo perfeito.

Após um tempo desfrutando o mundo fora da caverna você se dá conta que ainda tem mais duas pessoas lá dentro, então você decide voltar para ajudar aquelas pessoas a se libertarem também e aproveitarem o mundo incrível fora da caverna. Você retorna à caverna em busca de libertar seus companheiros, porém, ao topar com eles, você é surpreendido com grosserias e insultos: eles não querem sair da caverna nem terem suas correntes quebradas, você tenta argumentar sobre o que viu fora da caverna, mas eles te atacam e, infelizmente, você morre tentando salvar outros que não queriam sair da caverna.

Há diversas interpretações acerca dessa alegoria, desde a clássica metafísica, segundo a qual a caverna é o mundo sensível mutável e ilusório, e o mundo fora da caverna seria o mundo perfeito, o mundo das ideias e essências; ainda há um viés social, que podemos interpretar como preconceito e alienação, mas o que eu gostaria de retratar é como o mito foi usado em um dos animes mais famosos da década, sendo muito popular tanto no Japão quanto em diversos outros países (incluindo Brasil! O Brasil ama Shingeki No Kyojin).

Divulgação/Funimation

Se você não conhece o anime, aqui vai um breve resumo: há muito tempo a humanidade se refugiou em assentamentos cercados por três grandes muralhas de mais de 50 metros da altura, chamadas Maria, Rose e Sina, que têm o papel de proteger o que restou da civilização do ataque de criaturas gigantescas devoradoras de humanos chamadas Titãs. O Anime gira em torno de Eren Yeager, um rapaz que tem o sonho de ir além das muralhas e explorar o mundo (ou o que sobrou dele), contudo os tempos de paz acabaram após um Titã colossal de mais de 60 metros invadir a primeira muralha e expor a humanidade a um perigo iminente. Sem spoiller.

Divulgação/Funimation

O Mito da Caverna foi muito bem explorado e adaptado em Shingeki No Kyojin, mantendo sua essência com adaptações do entretenimento contemporâneo: basta associarmos que os prisioneiros são os humanos que se refugiaram dentro das muralhas com medo; as Muralhas representam a caverna; os titãs seriam tanto as correntes que os aprisionam com medo, como a sombra que eles veem na parede; os humanos da nobreza que vivem entre os Marleys seriam os que projetam as sombras e causam os sussurros na parede para “configurar” a falsa realidade, e a história do fim da humanidade contada pela família real é a realidade percebida pelos que estão presos nas muralhas para desencorajá-los a sair dali.

Qualquer semelhança é mera coincidência? Acho que não!  (*Audino Vilão, filósofo, cursa História na universidade e é youtuber – no insta @audinovilao e no Youtube)

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