Desde do início da pandemia da covid-19 temos acompanhado casos de militantes pró-liberdade – e negacionistas – que se manifestam contra o uso da máscara e contra as vacinas. Eles chegam a teorizar que o próprio vírus não existe, dizem que a doença é frescura, ou, ainda, que é algo desenvolvido estrategicamente por um país “rival” e com ideologia marxista para derrubar o mercado global e impor controle populacional. Com isso, o debate acerca da liberdade tem crescido muito e diversos conceitos muito deturpados entram em cena sob argumentos sem pé nem cabeça. Então, vamos pensar a liberdade, mas de forma responsável?
Veja, a liberdade é algo inerente ao ser humano. Todos nascemos livres e com consciência. Contudo, a liberdade não anda sozinha. Ela vem acompanhada de consequências, entre elas angustia e responsabilidade, elementos determinantes para reflexão a respeito do que fazer com essa tal liberdade.
Ser livre implica indissociavelmente ser responsável. É impossível exercer plena liberdade sem encarar suas consequências, ou seja, sem entender um princípio básico da natureza que é universal a tudo que existe: trata-se da famosa “lei da causa e efeito”, ou “toda ação tem uma reação”.
Quando uma atitude só diz respeito ao nosso umbigo, já é uma baita dor de cabeça lidar com consequências desagradáveis. Agora, quando temos um cenário que diz respeito não só ao meu umbigo, mas a todos ao meu redor, podendo colocar vidas em risco, é obvio que a responsabilidade é muito maior.
Não se vacinar não é só sobre você, é sobre todos nós. Não usar mascara não é sobre você, é sobre todos nós. É preciso entender que, ao ser negacionista, você está colocando não só a sua saúde – e, em último caso, a sua vida – em risco, mas também a de todos à sua volta, inclusive a daqueles a quem você ama. Você acha justo colocar a sua liberdade acima da do próximo? Colocar o seu negacionismo e crenças malucas acima da vida do próximo, que pode ser contaminado por você?
Que escolha a outra pessoa vai ter, se um paladino da liberdade, inconsequente e egoísta, coloca pessoas que não pediram por isso em risco também. Que liberdade essa outra pessoa vai ter? Pela falta de responsabilidade do negacionista, a pessoa livre e consciente acaba por sofrer as consequências da atitude do irresponsável que se acha livre.
Em suma, o que podemos entender sobre tudo isso é: não vivemos isolados, nem o mundo gira em torno do nosso umbigo. Prezar pela liberdade precisa incluir o respeito pela liberdade do próximo também e, mais importante, prezar pela saúde e pela segurança coletiva. Seja responsável, seja livre, mas vivo.