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Nana Baffour
Foto: Divulgação/Nilton Akira

Silenciosamente, Nana Baffour escreve o próximo capítulo de uma trajetória que entrelaça negócios com impacto social. O ganês de 49 anos, que lidera um império em setores como tecnologia, mídia e moda, se prepara para levantar um fundo de investimento multimilionário focado em grupos sub-representados no ecossistema de inovação latino-americano. Fundador de empresas como a Qintess, multinacional de serviços de tecnologia sediada em São Paulo, Baffour foi escolhido para receber um aporte âncora do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para o novo veículo. Segundo apurou a reportagem de PODER, a proposta do empresário enfrentou a competição de mais de 100 agentes da região.

O fundo, que deve ser lançado este ano, visa públicos como afroempreendedores e indígenas. Traçado em parceria com a gestora americana especializada em mercados emergentes Hawks Point Capital, o plano de Baffour apresentou um leque de potenciais oportunidades de investimento não só no Brasil, mas em países como Trinidad e Tobago, Panamá e Bolívia. “Será o primeiro fundo do tipo na região, que trará uma combinação única de capital global e experiência operacional, além de uma sensibilidade e compreensão do que significa ser ‘o outro’ no universo do empreendedorismo”, aponta o executivo.

A escolha reflete um alinhamento de valores entre o empresário e o BID, diz Baffour. “Além de capital, fundadores – em especial os que vêm de grupos minoritários – precisam de alguém que acredite no potencial deles e saiba como se constrói um negócio”, pontua. “Sou o cara que já se preocupou em como pagar funcionários, como atrair talentos sendo uma pequena empresa, e continuou executando. Fiz tudo isso sendo um homem negro, o que adiciona outras camadas à minha experiência.” Neste ano, Baffour também deve fazer sua primeira incursão no mundo da mídia, com um título licenciado que vai lançar em parceria com um grupo global do setor: “Será algo sem precedentes no Brasil, um veículo que celebrará a diversidade a partir das questões de branding e tecnologia”.

Nana Baffour
Foto: Divulgação/Nilton Akira

Filho mais velho de uma família de 12 irmãos, Baffour deixou Gana aos 20 anos, rumo aos Estados Unidos. Lá, estudou economia e arte, fez um MBA na Stern School of Business, da New York University, e trabalhou por anos no mercado de investimentos liderando processos de aquisição para gigantes do setor como Credit Suisse. No início dos anos 2000, em um escritório compartilhado em Manhattan, fundou a primeira de suas várias empresas de tecnologia.

Em 2011, Baffour vendeu suas operações no mercado americano e escolheu o Brasil como base para seus negócios. Com apoio de grandes fundos, como o francês Blue Like an Orange, comprou três empresas de tecnologia: a Cimcorp, Resource e CSC Brasil, que, juntas, formaram a Qintess, hoje com um efetivo de 3.500 pessoas. Outros negócios controlados pelo ganês incluem a Roost, empresa de edge computing. O empresário também atua no segmento de lifestyle com a holding NVH Studios, detentora da marca de calçados brasileira Zeferino e a francesa Twins for Peace. Com esta última, firmou recentemente uma colaboração com a fundação My Good, criada pela cantora Macy Gray, que apoia vítimas de violência policial.


“Nada do que faço é sobre mim, e sim sobre as pessoas envolvidas, o que podemos fazer juntos”

Nana Bafour

Avançando diversidade

Orgulhoso de sua origem africana, Baffour diz que a experiência nos Estados Unidos teve um efeito “transformador” na forma como vê o mundo, em aspectos como diversidade, conquistas e ambição. Por outro lado, identifica no Brasil um mix de culturas que ajuda a explicar seu entusiasmo pelo país, mesmo em tempos desafiadores. “Me sinto totalmente à vontade. Elementos da cultura africana, que não são celebrados tanto quanto deveriam, estão em toda parte”, diz. No entanto, ele constata que o Brasil está muito atrasado em agendas como o combate à desigualdade racial. Por isso, na Qintess fomenta ações nesse sentido, com inserção de jovens da periferia e outros grupos minoritários no setor de tecnologia, principalmente fora do eixo Rio-SP, por meio de treinamento, aceleração de negócios e investimento de capital semente.

 Ao avaliar esforços de outras companhias e coalizões, Baffour não acredita que o país está diante de um ponto de inflexão em relação ao racismo. “Não avançamos porque o mundo dos negócios sente que pode continuar fazendo o que faz, pois não tem sua receita impactada e não há uma forte demanda de consumidores por mudança”, explica. “Sempre que converso com CEOs, digo que eles não estão fazendo o suficiente [para endereçar o racismo estrutural]. O argumento é que isso leva tempo. A verdade é que deveriam fazer algo revolucionário, em vez de esperar que tudo aconteça de forma evolucionária.”

 Enquanto por aqui as corporações caminham a passos lentos rumo à igualdade racial, Baffour acelera seus múltiplos projetos centrados em diversidade, com o apoio de um poderoso networking global. “Nada do que faço é sobre mim, e sim sobre as pessoas envolvidas, o que podemos fazer juntos, os recursos que podemos trazer”, diz o executivo. “Quero ser lembrado como um homem africano que aproveitou todas as oportunidades apresentadas pelo mundo para fazer a diferença.”

Por Angélica Mari para a revista PODER, do grupo Glamurama.

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