Por que relacionamentos não duram? O que acontece com as relações amorosas da nova geração que simplesmente não conseguem manter o amor vivo em seus corações? Por que as pessoas estão falando “eu te amo” tão rapidamente? Por que vemos nossos parceiros como sendo substituíveis de maneira tão normal? Que rumo o amor está tomando num mundo inundado e frágil?
O amor sempre foi movido por um desejo, por uma vontade instintiva, potencialmente irracional e imperativa. Desde os gregos antigos, a conotação do amor sexual/”carnal” Eros era intrinsecamente ligada ao desejo de possuir o outro, ou seja, o amor como vontade desejante não é distante do desejo de consumir coisas (comida, objetos etc). Tanto é assim que, para a manutenção do Eros, é necessário estar aberto a “experiências diferentes”, não necessariamente de forma radical ou que te deixe desconfortável, mas se você só ama enquanto deseja, uma vez que realiza o desejo e não deseja mais, não ama mais. Então, para não cair no “monótono” e enjoativo, é necessário ter experiências diferentes dentro do consentimento da relação.
“O turbulento mundo líquido é tão apressado que inunda a lógica dos relacionamentos, fazendo com que sintamos a necessidade de tudo ser rápido: o primeiro ‘eu te amo’, o primeiro beijo, a primeira briga”
Mas a grande questão é que o amor é um laço que une profundamente as pessoas, para além do desejo sexual, com a amizade e a boa companhia que se deseja estar eternamente acompanhado. É uma relação que se desenvolve, passa por etapas necessárias para se consolidar, como; se apaixonar, se conhecer, se unir, enfrentar os primeiros problemas, desenvolver intimidade, proximidade, confiança e por aí vai. O turbulento mundo líquido é tão agitado e apressado que inunda a lógica dos relacionamentos, fazendo com que sintamos a necessidade de tudo ser rápido: o primeiro “eu te amo”, o primeiro beijo, a primeira briga. Processos que se desenvolvem naturalmente com o envolvimento romântico entre os indivíduos acabam sendo esquentados num micro-ondas e esfriam em menos de 5 minutos.
Não há lógica em esperar e amadurecer um laço, afinal, laços são superficiais em todas as instâncias do mundo líquido. Tudo necessariamente é rápido, pois a ansiedade da incerteza do futuro é o modus operandi da sociedade. Precisamos nos apaixonar logo e dizer “eu te amo” com dois dias de conversa porque semana que vem pode ter uma festa nova e…
As pessoas constroem e destroem laços numa velocidade quase que equivalente, para construir ainda demora, pois a conexão não é imediata, tem que ter resposta, um mínimo de feeling e curtidas nas fotos, mas para desfazer é apenas bloquear. O amor segue uma lógica de segurança e conforto de fácil substituição, ansiedade e impaciência para o desenvolvimento profundo do laço e, no final, a forma com que buscamos pares românticos se resume a uma extensão do ego.
As pessoas só estão se relacionando com critérios que nitidamente são uma procura por um ‘outro eu”. Tem que ouvir o mesmo tipo de música, curtir o mesmo gênero de filme, o mesmo estilo de roupa… A pessoa não quer acordar e ver o amor da sua vida, ela quer ver um espelho ao seu lado.
Desenvolver o amor leva tempo, dedicação e principalmente o desejo de querer o outro (e não só a si mesmo). Então, dê um tempo para o amor, não apresse ou pule etapas, viva tudo como deve ser. O amor apressado esfria rápido.