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Autocritíca
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“Seu maior inimigo é vocês mesmo”. Quem nunca ouviu essa frase? A autocrítica está relacionada com a capacidade interna que uma pessoa tem de realizar uma crítica de si mesma e para si mesma. Ela tem origem na análise dos próprios atos, da maneira de agir, dos erros cometidos e também da possibilidade de realizar uma autocorreção. Mas, muitas vezes, a autocrítica acaba sendo a vilã, paralisando e criando medos irracionais. “Esse conteúdo que está dentro da nossa cabeça, a autocrítica, não é necessariamente boa ou ruim, que está no que fazemos com esse conteúdo”, explica a psicóloga Desirée Cassado. “Isso pode nos cegar, nos deixar incapazes de fazer algo que é importante na nossa vida e se tornar um problema, mas se o conteúdo nos empurra para o que é importante, isso é o lado bom”, diz Cassado.

A psicóloga formada pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e especialista em Terapia Comportamental pela Universidade de São Paulo (USP), explica que este é o mecanismo característico do processo de autoconhecimento. Isso porque é apenas conhecendo a si mesmo que se torna possível identificar pontos fortes, fracos e potencialidades de cada um. “É uma jornada para a vida toda, nós estamos o tempo todo nos conhecendo. Temos o mundo de dentro que precisamos conhecer e o mundo de fora que precisamos explorar através de nossas ações”, aponta.

Essa jornada sem fim, segundo a especialista, está diretamente ligada à importância de pertencimento que todos sentimos. Ela aponta que como seres gregários, nós só sobrevivemos evolutivamente porque dependemos uns dos outros. “Qualquer coisa que ameace a possibilidade de pertencer, nos gera insegurança, seja por nos vestirmos de um jeito diferente, por termos ideias diferentes… qualquer diferença que ameace nosso pertencimento vai gerar um tipo de insegurança”. Tendo isso em mente, a autocritica é um sistema para nos alertar e nos manter pertencentes.

Mas é na existência da cultura de exagero de autocrítica que mora o problema. Quando um indivíduo passa a exagerar nas críticas a si mesmo, ele pode estar sofrendo com baixa autoestima e, assim, a autocrítica deixa de ser saudável. Por isso, é necessário encontrar um equilíbrio nesse processo de autoavaliação, afinal, as críticas que não são consideradas construtivas não nos trazem qualquer benefício.

“Nós sempre vamos sentir que de alguma forma não pertencemos. Simplesmente pelo fato que existe entre cada um de nós uma barreira, cada um tem um mundo que é privado, como se estivesse debaixo da nossa pele. E essa barreira vai sempre nos criar a incerteza se pertencemos: será que estou sendo amado?, será que eles gostam de mim? Será que faço parte disso?”, explica Desirée, ressaltando que essa dúvida não é um problema, mas o que pode servir para nos aproximarmos das pessoas e construirmos pontes.

Mas, então, como encontrar o equilíbrio? “É preciso criar uma observação de si mesmo. Criar um eu que se observa”, ela analisa. “Vestimos a autocritica como ela é, como se fosse nossa identidade, e não nos questionamos. De onde veio esse pensamento? Quando isso surgiu? Por quê? Essa autocritica me ajuda ou me atrapalha? E como ela me ajuda ou como ela me atrapalha?”, conclui, relembrando que o que importa é fazer um balanço se estes pensamentos nos levam na direção do que é importante para nós, seja pessoal ou profissional.

E quando não há autocrítica?

Todo extremo é algo ruim, certo? Assim como a autocrítica em exagero pode nos prejudicar, sua ausência também é problema. “Imagine que a autocritica nasce do medo de como o outro me vê. Então eu estou usando de empatia para me ver através do olhar do outro. Quando não fazemos esse movimento, o olhar através do outro, se colocar no lugar do outro, pensar como o outro pensa, sentir como o outro sente, também estamos prejudicando nossa forma de nos relacionar”.

Autocrítica X relações tóxicas

A psicóloga explica que nossa visão de autocritica vem também das relações ao nosso redor. Mas quando as críticas que sofremos dos outros se tornam também nosso pensamento, incorporamos aquilo como verdade. “Isso é perigoso. A visão que tenho de mim mesmo é construída com muitas pessoas ao meu redor, então se eu tenho alguém próximo muito influente e tóxico, corro o risco de me ver apenas através dos olhos daquela pessoa, de forma tóxica”, ela alerta. Por isso, é muito importante ter vários pontos de referências de quem nós somos, referência que construímos das relações múltiplas, do pertencimento coletivo. “Todos passamos pela experiência de ter alguém difícil por perto, mas nós precisamos de pessoas que nos lembre do melhor de nós, das coisas boas sobre nós porque temos várias versões que nos fazem quem realmente somos”, lembra Desirée.  

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